"Toda obra é uma pergunta que exige uma resposta" - dizia Balzac. Uma arte feliz como a de Jerci Maccari é mais difícil comentar que uma arte voluntariamente dramática. Sob uma aparente facilidade, resultante da utilização de raros dons e do conhecimento experimentado de um sólido "metier", a primeira qualidade do artista é sua profunda devoção à natureza e sua humildade frente à perfeita beleza da luz.Equilibrada também é a estrutura de sua composição. Suas paisagens se caracterizam por um colorido claro e delicado, com uma profundidade espacial e uma luminosidade surpreendente. Seu ambiente de predileção corresponde às suas origens de homem do campo; desde o semear à colheita, passando pelo arado e pela poda; sem esquecer da insinuante imagem daquele que planta, daquele que corta a lenha, para aquecer o seu lar.Lucrécia D"Alessio Ferrara escreve com muita propriedade sobre a obra desse pintor: "Lembranças do cotidiano construído pelo trabalho com a terra marcada pelo tempo de preparar o solo, de semear ou plantar, pelo tempo de esperar, almejar e sonhar, o tempo de colher o café, a uva, a fruta, o cereal. Nesse espaço marcado pelo tempo do trabalho surgem e se desenvolvem as personagens familiares, figuras ancestrais que povoaram a imaginação da criança e permitiram se acendesse o imaginário do artista. O cerne da pintura se faz com técnica e materiais pesquisados com argúcia, mas, sobretudo, com atenção e ousadia para transformar o cotidiano em matéria poética".Se Maccari tem na alma a paisagem e os frutos da terra, como na pintura "Colheita no Cafezal", doada ao Acervo Artístico do Palácio 9 de Julho, não há dúvida que, em torno desse tema, o artista desenvolve com grande efeito a sua obra: uma visão que sugere " inspirada nas lembranças de criança e a tenacidade de pintor " um diálogo com a realidade e o despertar de um Brasil pujante graças à sua agricultura. O ArtistaJerci Maccari nasceu em Urussanga, Santa Catarina, em 1949. Aos 4 anos, mudou-se para Francisco Beltrão (Paraná), onde passou sua infância. Com 12 anos de idade e à procura de uma educação almejada, mas impossível dentro dos horizontes familiares, sai de sua cidade e vai para o seminário de Ibicaré, em seguida para os seminários de Pirassununga e de Valinhos, onde permaneceu até 1972.Participou de inúmeras exposições coletivas, ressaltando-se entre elas: Fiap " Festival Internacional de Artes Plásticas em Pequeno Formato, Porto Galeria de Arte, Coimbra e Lousã, Portugal (1992 e 1993); "Arte Brasil 93", Departamento de Cultura, Desporto e Turismo " Câmara Municipal de Coimbra, Portugal; "Arte Luso Brasileira" " Galeão Galeria de Arte, Paredes, Portugal (1993); "Encontro Naif " Pintura Brasileira" " Espaço Cultural Barrock´o, Cascais, Portugal (1994); "Arte Brasil " Quinzena Brasileira" " Espaço Cultural do Altis Park Hotel, Lisboa, Portugal (1995); "Artes Plásticas Nalusofonia" " Palácio Dom Manuel, Évora, Portugal (1996); Brasilian Art. Vasp Art Gallery, California, Estados Unidos.De suas exposições individuais, destacam-se: Galeria Coreto, Conservatório Musical Carlos Gomes " Campinas (1972); Centro Cultural Brasil-Estados Unidos, Campinas (1981); Centro de Convivência Cultural de Campinas (1985); Galeria de Arte do IAC PUCCAMP, Campinas (1987); Galeria Cultural de Campinas, Delegacia Regional da Cultura do Estado, Campinas (1988); Casa de Arte Brasileira, Campinas (1989); Centro Cultural " Prefeitura Municipal de Pedreira; Secretaria Municipal de Cultura de Botucatu (1990); Espaço Cultural Banco do Brasil, Valinhos (1991); "Reflexões Visuais", Pódium Eventos; Centro Cultural de Valinhos (1994) e Espaço Cultural Professor Júnior, Sorocaba (1994) e Espaço Cultural Banco do Brasil, Sorocaba (1995); Galeria Filetti, Santos (1997); "E a Primavera Chegou", Parque Fernando Costa, SP (1999), Espaço Cultural do Conselho Regional de Contabilidade e Espaço Cultural V Centenário, Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo (2002).Possui obras em coleções particulares no exterior e no Brasil e em acervos oficiais como o do Palácio 9 de Julho.