Palestra sobre Humanização do Mundo encerra a Semana Orlando Villas Bôas


27/04/2007 21:29

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Professor Eduardo de Almeida Navarro encerra a Semana Orlando Villas Bôas<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/03-2008/eduardo de almeida navarro09.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Com a palestra "Os Índios e Seu Papel na Humanização do Mundo", o professor de Tupi e de Literatura Colonial Brasileira Eduardo de Almeida Navarro encerrou a Semana Orlando Villas Bôas na última sexta-feira, 27/4, na Assembléia Legislativa.

Navarro falou da necessidade de o homem civilizado tentar compreender o índio " essa parte da humanidade dita primitiva " e a vida natural e despojada que leva, contrapondo-a àquela em que predominam as leis do mercado. O professor chamou a atenção para a disparidade das forças envolvidas e do efeito destruidor da cultura do agronegócio e do garimpo sobre a cultura indígena, que acelera sua decadência.

O professor falou ainda da dificuldade de orientar os jovens com valores humanísticos e que respeitem o modo de vida dos índios, porque transmitir uma maneira humanística é praticamente retirar o jovem do mercado, e educá-los para o mercado é retirar deles os valores éticos e morais. Citou a frase de Orlando Villas Bôas sobre valores: "Se nós estamos apenas atrás de bens materiais, não temos nada a aprender com os índios. Mas se estamos interessados em vida comunitária, podemos aprender muito", em que fica bem claro que a sociedade indígena não tem preocupações materiais.

Navarro citou o mito do bom selvagem, de Rousseau, segundo o qual "o homem nasce bom e a sociedade o corrompe", e defendeu que o homem em seu estado natural é essencialmente feliz: "Os excessos do mundo capitalista, nos países que têm tudo pronto, tudo velho, como o Canadá, a Suécia e os Estados Unidos, aumentam a solidão do ser humano. A civilização entristece o animal humano", afirmou o professor.

O professou lembrou ainda de Max Weber, que disse: "O homem matou Deus e colocou a ciência em seu lugar. E a ciência não dá sentido à vida. Com isso, sofreu um processo de desencantamento". Navarro criticou a crescente racionalização da vida e disse que, nesse contexto, nós temos muito a aprender com os índios. Segundo ele, o mundo indígena é um mundo unitário, em que todos partilham o saber. Antigamente o saber ocidental também era unitário e universalista. A especialização acabou com essa maneira de lidar com o conhecimento.

Navarro finalizou afirmando que os índios têm muito a oferecer com a sabedoria do justo, da valorização dessa sabedoria, da vida em comunidade e da alegria das sociedades que podem ser transformadas. Mas adverte que, em vez de aprendermos esse encantamento, nós é que os estamos desencantando.

O evento foi promovido pelo Instituto do Legislativo Paulista e após a fala do professor Navarro, o cacique cafuzo Robson Miguel cantou o hino nacional em Guarani.

alesp