A Assembleia Legislativa homenageou na última sexta-feira, 20/8, a comunidade dos maçons em São Paulo. Sob a presidência de Aldo Demarchi, 2º secretário da mesa diretora do Legislativo paulista, a solenidade teve a presença dos três grãos-mestres maçônicos de São Paulo, de deputados e de jovens da Ordem DeMolay. Depois da execução do Hino Nacional Brasileiro e do Hino da Maçonaria, o deputado Antonio Salim Curiati (PP) discursou em homenagem aos maçons, descrevendo sua admiração pela sociedade e seu orgulho por fazer parte dela, e lembrou haver sido aprovada pela Assembleia paulista lei que institui a semana da Maçonaria, para que se celebre a grandiosidade do povo maçônico, "construtor da sociedade, que tem participado de momentos importantes da história". Também o deputado Olimpio Gomes (PDT) mencionou os compromissos assumidos pela maçonaria com a ética e com a melhora da sociedade, especialmente com a boa aplicação dos recursos públicos, atos que podem ajudar a resgatar a moralidade, mormente no meio político. A Lei da Ficha Limpa, um grande avanço da sociedade, teve, segundo Olimpio, um grande empenho da organização maçônica para sua aprovação e aplicação. João Gabriel, que preside a Ordem DeMolay, homenageou os "tios", como são chamados os maçons pelos jovens, pedindo seu apoio para a causa da Ordem e expansão desse segmento vinculado à Maçonaria: "A Ordem DeMolay é uma escola de líderes, desde políticos até profissionais", disse. Em seguida, jovens da ordem apresentaram a Cerimônia do Abraço, em que prestam homenagem a seus pais e demonstram sua gratidão pela orientação para uma vida digna e produtiva. O grão-mestre do Grande Oriente de São Paulo, Benedito Marques Ballonki Filho, disse que a maçonaria, com seus princípios de ética, dignidade e moralidade, sempre esteve ao lado das emancipações cívicas no Brasil. Nove presidentes brasileiros são maçons. Em crítica à corrupção e à falta de compromisso social da classe política, citou a carta Maçonaria unida por São Paulo, documento de orientação para a atuação da comunidade no Estado. Francisco Gomes da Silva, grão-mestre da Grande Loja Maçônica do Estado de São Paulo, afirmou que haverá esperança "enquanto houver homens e mulheres comprometidos com a dignidade, a decência e a solidariedade humana". Ele também se referiu às decisões dos congressos maçônicos, em 2009, em favor do projeto, hoje lei, da ficha limpa, e em 2010, em defesa da liberdade de imprensa. Jurandir Alves de Vasconcelos, Grão Mestre do Grande Oriente Paulista, destacou projetos do Instituto Paulista dos Engenheiros e Arquitetos Maçons (Iteama) para contribuir com projetos de construção de moradias populares e destacou as ações positivas da Maçonaria. "A verdadeira felicidade social consiste na harmonia e no uso pacífico das satisfações de cada indivíduo", disse. A seguir, os três grãos-mestres foram homenageados com a entrega de diplomas, assim como maçons cujo trabalho, em suas áreas respectivas, contribuíram com a sociedade e engrandeceram a Maçonaria. Por fim, Aldo Demarchi invocou o passado glorioso da Maçonaria na promoção de conquistas sociais e da democracia e na luta por um mundo fraterno e digno. Avaliou que, se antigamente os maçons foram heróis revolucionários, hoje, para atingir seus objetivos, é preciso buscar novos caminhos de atuação. Demarchi lembrou o tom dos discursos dos que precederam, todos apontando para a busca da restauração da moralidade política e social, tendo a Lei da Ficha Limpa " projeto de iniciativa popular que teve grande apoio da comunidade maçônica para ser aprovado " como um exemplo de ações legais que podem conduzir a essa finalidade. A Maçonaria A francomaçonaria, ou simplesmente maçonaria, é uma sociedade de caráter universal cujos membros cultivam valores humanísticos e o aperfeiçoamento intelectual baseados nos princípios da liberdade, igualdade e fraternidade. É uma sociedade que admite homens livres sem distinção de raça, religião, ideário político ou posição social, e estruturam-se e reúnem-se em células autônomas, as lojas. Existem, no mundo, aproximadamente 5,5 milhões de integrantes espalhados pelos 5 continentes. No Brasil há aproximadamente 150 mil maçons regulares (2,7 %) e 4.700 Lojas. O nome maçonaria provém do francês "maçonnerie", que significa construção. O termo maçom também provém do francês e quer dizer pedreiro. A origem da maçonaria remonta à antiguidade, na parte ritualística, e à Idade Média, se considerarmos as suas origens operativas, como a associação de cortadores de pedras que tinham como ofício a arte de construção de castelos, muralhas etc. A maçonaria universal, regular ou tradicional, professa independentemente do credo religioso de seus membros, trabalha na sua loja sob a invocação do Grande Arquitecto do Universo - denominação dada à força superior da criação -, sobre os livros sagrados, o esquadro e o compasso. A necessária presença de mais do que um livro sagrado no altar de juramento reflete espírito tolerante da maçonaria universal e regular. Com esta abordagem, não se faz referência a uma ou outra religião ou crença, permitindo que maçons muçulmanos, católicos, budistas, espíritas, judeus e outros, por exemplo, se reúnam numa mesma loja maçônica, congregando irmãos de diversas crenças, sem invadir ou questionar seus conteúdos. A maçonaria teve influência decisiva em grandes acontecimentos mundiais, tais como a Revolução Francesa, a Independência dos Estados Unidos e, no Brasil, a Independência e a Inconfidência Mineira, além da denominada Revolução Farroupilha, no extremo sul do país. Ali, legou os símbolos maçônicos na bandeira do Rio Grande do Sul. Vários outros Estados da Federação possuem símbolos maçônicos nas suas bandeiras, como Minas Gerais, por exemplo. A divulgação das ideias iluministas, dos direitos do homem e da ideia de um governo republicano inspirou a maçonaria no Brasil, em particular depois da Revolução Francesa. Iluminismo e maçonaria Iluministas se filiaram às Lojas Maçônicas como um lugar seguro e intelectualmente livre e neutro, apropriado para a discussão de suas ideias, principalmente no século 18, quando os ideais libertários ainda sofriam sérias restrições dos governos absolutistas na Europa continental. O lema iluminista "Liberdade, Igualdade, Fraternidade" exprime as aspirações teóricas da sociedade maçônica que, se atingidas, levariam a um alto grau de aperfeiçoamento de toda a humanidade. Entre outros, são nomes ilustres desse pensamento o filósofo Immanuel Kant; os pensadores e ativistas Voltaire, Diderot e Montesquieu; o Marquês de Pombal, secretário do reino de Portugal; os articuladores da independência Joaquim Gonçalves Ledo e José Bonifácio de Andrada e Silva, primeiro Grão Mestre do Grande Oriente do Brasil; Dom Pedro I, imperador do Brasil; Marechal Deodoro da Fonseca, chefe do primeiro governo republicano do Brasil; Duque de Caxias, patrono do Exército Brasileiro. A Ordem De Molay A Ordem DeMolay é uma ordem de princípios filosóficos, fraternais e iniciáticos, patrocinada pela Maçonaria para jovens do sexo masculino com idade compreendida entre os 12 e os 21 anos. Foi fundada nos Estados Unidos em 1919 pelo maçom Frank Sherman Land. A ordem é inspirada na história de Jacques De Molay, 23º e último grão-mestre da Ordem dos Templários, morto na fogueira em 1314, por acusações de heresia contra a Igreja Católica. As acusações, feitas pelo rei Felipe IV de França, foram aceitas pelo papa Clemente V, que extinguiu a Ordem dos Templários. Com isso, os bens dos templários foram confiscados pela coroa francesa. Hoje existem cerca de 2 milhões de membros da Ordem De Molay em todo o mundo e mais de 100 mil no Brasil, distribuídos em mais de setecentos capítulos. O DeMolay que completa 21 anos de idade, é denominado sênior DeMolay e passa a acompanhar os trabalhos da ordem através da Associação DeMolay Alumni. Em São Paulo, o Dia do DeMolay, criado pela Lei Estadual 12.905, é comemorado no dia 18 de março de cada ano, data da morte de Jacques De Molay. A Lei Federal 12.208 instituiu o dia 18 de março como o Dia Nacional do DeMolay.