CPI ouve presidente da Federação dos Empregados Rurais Assalariados


24/11/2010 20:25

Compartilhar:

Roberto Massafera, Ed Thomas e Simão Pedro<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/11-2010/CPISegurancaalimentarMAU02.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Élio Neves e Bruno Covas<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/11-2010/CPISegurancaalimentarMAU01.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Élio Neves<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/11-2010/CPISegurancaalimentarElioNevesMAU.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

A Comissão Parlamentar de Inquérito que investiga as ameaças à segurança alimentar no Estado de São Paulo reuniu-se nesta quarta-feira, 24/11, no plenário José Bonifácio, para ouvir o trabalhador rural e sindicalista, presidente da Federação dos Empregados Rurais Assalariados do Estado de São Paulo (Feraesp), Élio Neves, que falou sobre o uso de agrotóxicos e suas consequências para os trabalhadores rurais e para a qualidade dos alimentos. De acordo com Neves, o controle do uso de agrotóxicos na agroindústria é algo urgente, já que afeta não só a saúde do trabalhador, mas também a saúde da população das cidades próximas às lavouras, e o meio ambiente. Isso pode ainda implicar a implantação cada vez maior da monocultura no Estado, prejudicando a diversificação na produção de alimentos.

O sindicalista citou alguns exemplos do que vem ocorrendo em decorrência do uso indiscriminado desses produtos tóxicos. "Na citricultura, os trabalhadores são pulverizados com uma substância, que ninguém sabe o que é, antes de entrarem nos pomares. Isso é um exemplo de que há muita preocupação com as doenças das plantações, mas pouca com as doenças que os trabalhadores possam vir a contrair. Com relação à cana-de-açúcar, em função das exigências de mercado, a produção é programada. Para maturar a cana mais rapidamente, são lançados agrotóxicos de aviões, o que contamina todos os moradores da região e outras plantações. Tudo é feito sem controle e sem informação à sociedade. As lavouras do tomate e do pimentão também utilizam carga agrotóxica extremamente alta".

De acordo com Neves, órgãos de regulamentação subordinados à Secretaria da Agricultura do Estado, hoje estão ociosos, mas já contribuíram muito para a pujança de São Paulo e deveriam ser recuperados. As pesquisas das universidades públicas estaduais também precisam ser restabelecidas. "Ou o poder público investe em centros de pesquisas ou o setor privado leva nossos pesquisadores para uma carreira de lucro. Deveríamos desprezar um pouco a questão do lucro a qualquer preço, que implica em malefícios, e nos preocupar mais com as questões sociais", destacou o trabalhador rural. Ele sugeriu que a Assembleia Legislativa abra espaço para uma discussão sobre o problema, que envolva todas as secretarias relacionadas " agricultura, saúde, transporte, meio ambiente etc ", já que a questão envolve vários setores públicos. "Coloco nos ombros dos parlamentares a função de fiscalizar o Executivo, para que este não se omita em relação ao controle da saúde pública". Élio também comentou o problema da necessidade de um zoneamento agroecológico, que trataria de um controle da área das plantações, restringindo, por exemplo, a plantação da cana-de-açúcar a determinadas áreas, já que, segundo ele, diversificação de produtos é fundamental para a saúde do solo, dos produtores familiares e do meio ambiente. "O interesse público tem de estar acima do interesse econômico", reafirmou Neves.

alesp