João Américo é um mestre no desenho, um colorista de antiga escola. Sobre suas brancas telas corre seguro o seu pincel, do qual nasce uma pintura espontânea e genuína. A plenitude da cor - essencial numa paisagem e numa natureza-morta - é algo que impressiona o espectador. Suas obras emanam uma forte impressão de cor e de intimidade: com pinceladas quentes, cuidadas e elaboradas, retrata o todo com incrível verdade figurativa. Através desse amor pelo verdadeiro, entendido como expressão real das coisas que deseja representar, o pintor elabora sua arte com preciosas transparências e com tintas cuidadosamente dosadas, que resultam num indiscutível sentido harmônico.Resultado de sua capacidade de atenta observação frente à natureza, com a qual está em contínuo colóquio, da poesia que dele nasce e de uma técnica eficaz e sólida que lhe permite se exprimir o artista procura desenvolver um discurso plástico e pictórico. E isso longe de qualquer tentação de efeito, bem como de uma inclinação a conto literário. Tanto as paisagens quanto os casarios de João Américo são vistos poeticamente. Sem esquecer a sua beleza, cada detalhe considerado se transfigura. O olhar do artista sabe também ver por nós a beleza do que está desaparecendo e a esperança do que nascerá.Casario mineiro, obra doada ao Acervo Artístico do Palácio 9 de Julho, possui um cromatismo equilibrado e tem o perfume da primavera, pois João Américo se mantém fiel a si próprio e sabe olhar o mundo com poesia. O ArtistaJoão Américo, pseudônimo artístico de João Américo dos Santos, nasceu em Monte Santo, Minas Gerais, em 1954. O gosto pela arte foi despertando muito cedo e aos sete anos começou a desenhar. Nessa época, os gibis de faroeste o fascinavam, e, como não dispunha de dinheiro para freqüentar uma escola de arte, teve que aprender sozinho, copiando as figuras dessas revistas.Aos treze anos conheceu uma professora que dava aulas de desenho e pintura. Não conseguindo se adaptar ao seu método de ensino, resolveu abandonar as aulas. Nunca mais freqüentou uma escola de arte e decidiu aprender olhando, pesquisando e estudando sozinho.Durante certo tempo trabalhou em outro ramo de atividade, deixando o desenho e a pintura como uma atividade extra. No ano de 2000, voltou para a arte, para ganhar seu sustento. Desde então dá aulas de desenho e pintura em ateliês em São Bernardo e Santo André, passando para seus alunos tudo o que conseguiu aprender. Suas obras já foram expostas no Paço das Artes, na Câmara Municipal e na Associação dos Construtores de São Bernardo do Campo, bem como no Centro Cultural de Águas de Lindóia, numa exposição coletiva. Seus trabalhos encontram-se em coleções particulares e oficiais, notadamente no Palácio 9 de Julho, em São Paulo.