Colorista de instinto, Marie Hoyafuji pode parecer, nos limites, abstrata ou abstrato-expressionista enquanto transmissora de um estado de alma. Dessa situação pictórica, de quando em quando explode o conteúdo com certa prepotência. Como numa necessidade reprimida reaparece, então, a máscara alucinada, o grotesco triste e amargo, a figura feminina sensual e conturbada. A artista é um caso raro no panorama da atual pintura contemporânea. Seguindo um caminho próprio, permanece longe de qualquer corrente, de modismo e de grupos em voga nos últimos decênios. Embora brasileira de nascimento e filha de orientais, sente o fascínio inconsciente pelo neorrealismo alemão. Quais os seus termos de referência? Nesses momentos em que a inquieta humanidade, a ansiedade e as paixões afloram distintas do mais profundo do artista e em perfeita sintonia com sua sinfonia cromática, Marie recompõe todavia a complexa matéria. José Henrique Fabre Rolim, o crítico de arte que a apresenta, escreve: ¨Desenvolvendo um trabalho pictórico conturbado na essência, Marie Hoyafugi avança num expressionismo intensamente dramático, refletindo os questionamentos de uma sociedade competitiva e repressiva". A expressividade de sua pintura não se limita nos delineamentos básicos da composição, alcança a própria textura na sutileza dos contrastes cromáticos. A sua obra representa um desafio estético envolto nos enigmáticos confrontos de seres e formas que enaltecem a vitalidade do gesto. No quadro ¨Duas meninas¨, doado ao Museu de Arte do Parlamento de São Paulo, a pintura de Marie Hoyafuji reflete a ânsia do ser humano em captar a energia essencialmente mágica da emoção contida em cada pincelada. A artista Marie Hoyafuji nasceu em Araçatuba, filha de pais japoneses. Criança ainda transfere-se para São Paulo, onde em 1985 inicia um curso de pintura com a professora Neide Oppido. Formou-se em administração, marketing, propaganda e arquitetura de interiores. Estudou história da arte com o professor Paulo Machado em 1993, papel artesanal no Liceu de Artes e Ofícios e gravura com Maria Perez Sola. Frequentou o ateliê do pintor Thomaz Ianelli e fez parte de sua equipe de pesquisa em artes no período de 1991 a 1996. Participou de diversas exposições coletivas e individuais, destacando-se entre elas: ¨Pintando com Thomaz Ianelli¨, Espaço Cultural Monte Líbano; Salão de Artes de Santo André; 5º e 6º Salão de Artes de São Bernardo do Campo; Centro Permanente de Artes, Guarulhos (1995); 27º Salão de Artes Bunkyo (1996); Espaço Henfil de Artes, São Bernardo do Campo; 26º Salão de Artes Bunkyo (1997); 12º Edition New York - Dinamic Encounters - Projeto da Secretaria do Estado da Cultura do Rio de Janeiro (1999). Possui obras em diversas coleções particulares e no Museu de Arte do Parlamento de São Paulo.