Tenonderã, em guarani, significa "olhar para o futuro". E esse foi o nome escolhido para o encontro de jovens da etnia guarani mbya do Estado de São Paulo, que teve seu encerramento nesta sexta-feira, 26/2, na Assembleia Legislativa. O projeto de intercâmbio cultural aconteceu na aldeia Tenondé Porã, em Parelheiros, na capital, em maio de 2009, reunindo cerca de 200 jovens de 14 aldeias para discussões sobre meio-ambiente, cultura, educação, esporte e território. O Tenonderã resume a ideia e concepção do trabalho em torno do meio-ambiente a partir da realidade dos indígenas, focando uma reflexão sobre o que é o meio-ambiente. Os povos tupi-guarani, dos quais incluem o povo guarani mbya, são grandes conhecedores dos domínios da Mata Atlântica da região sul e sudeste do Brasil " hoje reduzida em torno de 7% " e responsáveis por grande parte da nominação da fauna, flora e geografia. Preocupados com a intensa devastação, que tem afetado seu modo tradicional de vida, jovens guarani mbya da aldeia Tenondé Porã, com o apoio do Instituto das Tradições Indígenas (Ideti), elaboraram o projeto. Compuseram a mesa da cerimônia o vereador e presidente nacional do PV, José Luiz Penna, o presidente do Conselho Estadual dos Povos Indígenas, Adolfo Timóteo, além do geógrafo e professor emérito da Universidade de São Paulo (USP), Azis Ab"Saber. Para o vereador, é necessário uma "consciência planetária" para lidar com a questão: "O mundo moderno não pode mais conviver com a intolerância, o crescimento da vivência humana se dá na consciência planetária", enfatizou. Ele aproveitou a cerimônia para expressar a sua felicidade com o a realização do evento: "É um momento que me enche de alegria, principalmente pela intenção deste grupo de criar uma associação aberta dos índios que vivem em São Paulo", explicou. Questão fundiária Já o presidente do Conselho Estadual dos Povos Indígenas, Agnaldo Timóteo, destacou a luta pela sobrevivência das tribos: "Até agora o povo indígena está lutando por um pedaço de terra, tentando garantir a sua própria sobrevivência e a manutenção de sua tradição cultural". Para ele, os artigos da Constituição que garantem os direitos dos povos indígenas não são respeitados. Azid Ab´ Saber, destacou a necessidade de uma maior compreensão dos valores sociológicos indígenas pelos ocidentais: "Os índios ficaram sob pressão. Seus valores culturais não podem ser fragmentados", explicou. Para ele, a história dos grupos indígenas deve sempre ser relembrada, já que essa herança cultural é essencial para a manutenção de seus valores: "Os valores sociológicos indígenas têm que ser mais bem compreendidos", ressaltou. Ao final da cerimônia, ocorreu a leitura da Carta Tenonderã, além da exibição de um documentário sobre o projeto. A carta apresenta propostas em áreas como meio-ambiente, educação, cultura e território, voltadas para as questões indígenas.