A inquietação da nossa época traduzida através do "letrismo de Fernando Klabin


07/11/2007 12:38

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Fernando Klabin<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/03-2008/Fernando Klabin.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

A obra artística de Fernando Klabin é abstrata. Seu estilo se define pelo uso bem pessoal de signos repetidos em suas composições, baseadas na combinação, mais ou menos complexa, de suas estruturas. A exemplo de Giuseppe Capogrossi, vencedor da Bienal de Veneza de 1962, a evolução desse jovem artista deu-se gradualmente do fantástico ao abstracionismo.

A pesquisa artística de Fernando Klabin é a tentativa alcançada de representar um espaço interior, sutil e ordenado, como alternativa à violência, à tensão. Usa com extremo rigor formas aleatórias para representar energias essenciais. Não se trata da representação logística de um mundo ordenado, mas do ordenamento do caos através da ordem. Trata-se de uma escolha em direção aos nossos valores positivos.

Sem dúvida, o subconsciente do artista está próximo de filosofias orientais e, em particular, do Zen. Com efeito, essa filosofia tende a uma técnica e a formas de extrema simplicidade, bem como a um espírito de despoluição de eventuais implicações interiores. O ritmo de suas composições é pacato, o espaço deixado envolve a forma, aumentando seu valor referencial.

Sua obra trata da evocação de um espaço meditativo obtido por meio do método visível da nossa consciência, que pode nos transportar, por um instante, para longe do mundo de tensão no qual vivemos quotidianamente.

O "letrismo", que pouco sucesso teve no Brasil, teve seguidores na Europa e nos Estados Unidos, nos anos imediatos do após-guerra. Limitado às suas origens - o alfabeto latino - , se estendeu em 1950 a todos os métodos de anotação, a todos os alfabetos existentes ou inventados, até mesmo às pseudoletras.

Ao apostar no equilíbrio artístico, Fernando Klabin adotou o "letrismo" - bom escritor que é - e encontrou instintivamente duas opções: a de valorizar o vazio ou multiplicar de signos plenamente sua obra. Uma e outra traduzem a inquietação da nossa época.

No tríptico Sem Título, doado ao Museu de Arte do Parlamento de São Paulo, o toque marcado e contornado evoca a passagem do desenho à escritura do traço contínuo dos signos espalhados. A evolução se completa e se move no sistema adotado. Nessa colagem, de extremo bom gosto, encontramos essa mesma escritura, pela qual o artista organiza seu conhecimento e sua compreensão do mundo.



O artista

Artista, escritor, lingüista, tradutor e teatrólogo, Fernando Klabin nasceu em São Paulo em 1972, onde iniciou seus estudos no Colégio Dante Aleghieri. Cursou Letras e Línguas Anglo-Germânicas na Universidade de São Paulo e, posteriormente, nas Universidades de Munique, Alemanha e de Salzburgo, Áustria. Formou-se em Ciências Políticas pela Universidade de Bucareste, Romênia.

No campo das artes, estudou música e piano com as concertistas Liza Kechichian e Vera Del Nero Gomes, em São Paulo, e durante três anos (1990-1993) freqüentou assiduamente o atelier da artista plástica Bárbara Schubert Spanoudis.

Desde 1997, ocupa as funções de adido cultural, junto à Embaixada do Brasil na Romênia, tendo participado ainda, por designação do Itamarati, como membro de diversas delegações brasileiras em conferências bilaterais e internacionais.

Em 1991, participou da Exposição de Colagens no III Salão da Academia Internacional de Arte Moderna de Roma e, em 1992, da exposição de colagens no Centro Cultural Cásper Líbero, São Paulo. Suas obras constam de significativas coleções particulares no Brasil e no exterior, e no acervo da Fundação Cásper Líbero e no Museu de Arte do Parlamento de São Paulo.

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