Palestra conta a história do poeta Solano Trindade


22/05/2009 20:08

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Raquel Trindade, Zinho Trindade, Wesley Jesus e Manuel Trindade<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/05-2009/maracatummy (4).jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>  <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/05-2009/maracatummy (9).jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Pouco antes do lançamento do Concurso de Redação Camélia da Liberdade 2009, com o tema: 100 anos de Solano Trindade " o poeta do povo, a Assembleia Legislativa recebeu, nesta sexta-feira, 22/5, Raquel Trindade, filha de Solano, além da professora Regina dos Santos e da estudiosa Maria do Carmo. Durante a palestra foi discutida a Lei Federal 10.639/2003, que institui o ensino da história e cultura afro-brasileira e africana nas escolas públicas e particulares de todo o território nacional. Ao término do evento, todos os presentes foram convidados a dançar ao som do Maracatu, estilo musical preferido de Solano Trindade.

Raquel falou sobre o modo como seu pai via a vida e defendia a cultura negra. "Foi um grande pai. Todas as crianças da minha época apanhavam muito e ele já falava nos direitos das crianças", diz, lembrando o dia em que sua vizinha fora reclamar de seu comportamento para Solano que, na intenção de demonstrar disciplina, batia com o cinto na parede, enquanto Raquel gritava e chorava, revelando-se uma ótima atriz. Ela conta que, na ocasião, a vizinha sentiu-se culpada e até lhe preparou um delicioso bolo.

Assim era Francisco Solano Trindade: negro e comunista, que vivia de pinturas e poesias durante a década de 1940. "Seria covardia termos dinheiro, pois meu pai nos deixou uma cultura tão vasta, que, se fôssemos ricos, ninguém nos aguentaria", brinca Raquel.

A professora Regina dos Santos falou sobre a Lei Federal 10.639/2003 que, de acordo com ela, se realmente aplicada, tornará o sonho de Solano realidade, resgatando a auto-estima da população negra e sua cultura, ao incluir a historia do povo negro no currículo escolar de todas as instituições de ensino primário, fundamental e médio do país. "É um novo parâmetro para a educação no Brasil. Temos que reivindicar o cumprimento dessa lei", afirma Regina, que explica que a lei foi assinada em janeiro de 2003 e regulamentada pelo parecer nº 003/2004, do Conselho Nacional de Educação, que dá sustentação à sua aplicação.



Concurso Camélia da Liberdade



De acordo com Regina dos Santos, a utilização do centenário de Solano Trindade como tema de um concurso de redação para jovens estudantes resgata a memória do negro no Brasil. "Negro só é citado nesse país quando se fala de futebol ou carnaval, mas temos uma produção cultural incomensurável", diz, ressaltando que a África possui mais de 100 países e milhares de povos. "Precisamos ter conhecimento dessas histórias e culturas", continua a professora, afirmando que a história oficial brasileira "encobriu a história dos negros" e que "cabe a nós descobri-la". "O concurso é uma forma de popularizar o conhecimento da produção negra", finaliza.

O lançamento do concurso foi oficializado nesta sexta-feira, 22/5, no Hall Monumental da Assembleia. Realizado há três anos pelo Centro de Articulação de Populações Marginalizadas (Ceap), com patrocínio da Petrobras, o concurso de redação Camélia da Liberdade, que este ano tem como tema o centenário de Solano Trindade, é direcionado para alunos das escolas de ensino médio das redes pública e particular dos Estados do Rio de Janeiro e São Paulo. O edital do concurso pode ser encontrado no site www.portalceap.org.



Solano Trindade, o poeta do povo



Nascido no Recife no ano de 1908, Francisco Solano Trindade foi poeta, pintor, folclorista, ator, teatrólogo e cineasta. Escreveu poemas famosos como Tem gente com fome e Mulher Barriguda, musicados e imortalizados anos depois pela banda Secos e Molhados, na voz de Ney Matogrosso.

Solano ajudou a criar o teatro popular brasileiro. Mudou-se para o Rio de Janeiro em meados da década de 1940, durante o Estado Novo, sob o governo de Getúlio Vargas. Viveu no Rio até o ano de sua morte, em 1974, aos 66 anos. Foi responsável, também, pela explosão cultural e artística da cidade de Embu das Artes, no Estado de São Paulo.

alesp