Americana, a "Princesa Tecelã"


18/08/2008 17:56

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Estação ferroviária restaurada <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/08-2008/americana est ferroviaria.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Americana<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/08-2008/americana 1.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Os primeiros registros de Americana datam do século XVIII e definem a cidade como uma sesmaria adquirida da coroa portuguesa. No final do mesmo século, americanos compraram terras da sesmaria original e estabeleceram-se onde hoje é o centro da cidade.

Nos Estados Unidos, antes mesmo do fim da guerra civil, em 1865, já se falava em emigrar para o Brasil, mas muito pouco se sabia sobre nosso país. Após o fim da guerra, houve tal reavivamento da questão que foram formadas várias companhias de emigração. Representantes foram mandados para o Brasil para verificar terras, clima e as facilidades oferecidas pelo imperador.

Antes da guerra, os Estados americanos do sul eram os maiores exportadores de algodão do mundo, abastecendo teares da Inglaterra e da França. O imperador Dom Pedro II viu a oportunidade de o Brasil entrar nesse mercado e incentivou a vinda de plantadores de algodão dos Estados sulistas americanos para o Brasil.

No final da guerra, os confederados, habitantes do sul dos Estados Unidos, ao serem derrotados, se encontraram em difícil situação. Com sua economia completamente arrasada, foram perseguidos e discriminados. Alguns dos sulistas tiveram suas terras confiscadas, outros venderam propriedades, juntaram seus pertences e vieram para o Brasil, terra onde não havia guerras, humilhações ou confisco de bens. Além disso, contariam com incentivos do imperador para fixação na terra.

Não há histórico exato dos confederados que aqui se instalaram, mas as estimativas variam entre 4 mil a 20 mil confederados, parte deles se fixando na área do município de Americana. Inúmeras propriedades agrícolas foram fundadas pelos norte-americanos que cultivavam e beneficiavam o algodão. Eles estabeleceram um intenso comércio, notadamente a partir de 1875, com a instalação da Estação de Santa Barbara pela Companhia Paulista de Estrada de Ferro. Devido à presença constante desses imigrantes, o povoado que foi sendo formado nas imediações da Estação passou a ser conhecido como Vila dos Americanos, ou Vila Americana, e deu origem à atual cidade de Americana.

A educação das crianças era uma das prioridades para as famílias americanas, que constituíam escolas nas propriedades e contratavam professores vindos dos EUA. Os métodos de ensino desenvolvido pelos professores americanos revelaram-se tão eficientes que foram posteriormente adotados pelo ensino oficial brasileiro.

Os cultos religiosos eram celebrados nas propriedades por pastores que se deslocavam entre os vários núcleos de imigração americana. Em 1895 foi fundada a primeira igreja presbiteriana no povoado da Estação.

No decorrer dos anos, povos de outras origens, passaram a contribuir com sua presença para a consolidação da cidade, como alemães, árabes, portugueses e outros.

Os alemães trouxeram consigo toda a concepção de urbanização européia, que imprimiram às edificações das fábricas, residências patronais, hotel, escola, cooperativa e moradias dos operários, fixando-se no bairro de Carioba. Ao lado da importante atividade têxtil, que atraía ao local a mão-de-obra dos imigrantes estabelecidos na região, oferecia também inúmeras possibilidades de educação e lazer em meio a uma intensa participação cultural. A Fábrica de Tecidos Carioba é considerada como berço da industrialização de Americana.

A população atual é predominantemente italiana, em virtude dos colonos dessa origem que se fixaram na terra a partir do século XIX.



Princesa Tecelã



Sob o ponto de vista da economia, Americana é hoje um importante centro de investimento nacional e internacional. É uma das 19 cidades que integram a Região Metropolitana de Campinas, a nona maior do Brasil, responsável por 2,7% do produto interno bruto nacional, aproximadamente R$ 58 bilhões ao ano. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), uma medida comparativa de riqueza, alfabetização, educação, esperança média de vida, natalidade e outros fatores, classifica a cidade como sendo a 19º colocada no Estado de São Paulo, e a 59º do Brasil. Apresenta ainda a menor taxa de mortalidade infantil do Estado de São Paulo e a menor taxa de homicídios da região metropolitana que integra. Com mão-de-obra qualificada em diversos setores, o município destaca-se como um dos principais pólos fabricantes de tecidos planos de fibras artificiais e sintéticas da América Latina.

Na época da ditadura varguista, por volta de 1930, Villa Americana, como era chamada então, viveu uma fase de profundo crescimento na indústria têxtil, vindo então a ser denominada Princesa Tecelã. Seguindo essa vocação, destaca-se, atualmente, como um dos principais pólos fabricantes de tecidos da América Latina, sendo a 72ª cidade mais rica do Brasil e a 4ª mais rica da Região Metropolitana de Campinas, que vem se consolidando em importante posição econômica nos níveis estadual e nacional.

Comporta um parque industrial moderno, diversificado e integrado por segmentos de natureza complementar. Possui estrutura agrícola e agroindustrial bastante significativa e desempenha atividades terciárias de expressiva especialização.

Bastante diversificado, seu setor terciário apresenta-se como um fenômeno em constante crescimento, movimentando boa parte da economia.



Infraestrutura



Sua população atinge pouco mais de 200 mil habitantes, mas já apresenta sinais da rotina de cidades grandes, como o trânsito pesado. A cidade conta com zoneamento urbano que favorece a locomoção entre os diferentes pontos da cidade, facilitando acesso a bairros e zonas industriais.

Não existem favelas. Aproximadamente 95% de suas ruas contam com asfalto, rede de água e esgoto e 100% das residências têm iluminação pública. A coleta de lixo atende 98% da cidade.



Cultura e turismo



No aspecto cultural, o município dispõe de biblioteca com razoável acervo, teatros, museus e espaços culturais que guardam vestígios de sua fundação.

A Casa de Cultura, moradia de um dos primeiros habitantes, que, de origem alemã, transportou para a localidade toda a concepção de urbanização baseada em estilo europeu, é hoje de propriedade do poder público.

No museu histórico, um prédio do século XVIII, uma das mais antigas construções de toda região, construído em taipa de pilão, com estrutura e fundações em madeira de lei, encontra-se um acervo diversificado, formado por fotografias, mapas, objetos históricos, máquinas, mobiliário e outros objetos que contribuem para contar um pouco da história da consolidação da cidade, do povo que a colonizou e de seus períodos históricos. O prédio é tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat) desde 1982.

Outra curiosidade é a Estação Cultural. Com o fim do transporte ferroviário de passageiros, o local foi entrando num processo de degradação, sendo reinaugurada em 2004. Abriga projetos da Secretaria de Cultura e Turismo da cidade, como o Raízes e o Arte na Praça. No espaço estão instalados a Casa do Artesão, cineclube, salas de exposições e balcão de informações turísticas. Num exemplo a ser seguido, a reforma foi uma parceria entre a prefeitura e o Projeto de Revitalização da Área Central de Americana.

O Arquivo Histórico Municipal fica em Carioba e guarda documentos oficiais. Os documentos contam mais de 125 anos de história.

A cidade dispõe também de uma orquestra, criada em 1987 e mantida pela prefeitura municipal, que se tornou Sinfônica em 1997, constituída por 44 músicos profissionais. Um dos programas da orquestra, o "Encontro com a Sinfônica", proporciona a crianças e jovens a oportunidade de conhecer o funcionamento de uma orquestra, seus instrumentos musicais e repertório.

Um dos aspectos turísticos da cidade é o zoológico. Conta com um programa de educação ambiental que se fundamenta em estabelecer a sobrevivência das espécies animais e vegetais como responsabilidade das pessoas.



Antiga estação Santa Bárbara



Capela do Campo, de origem americana



Igreja fundada pelos imigrantes italianos



Centro urbano de Americana

alesp