Acervo Artístico

O vazio na obra de Francisco Niedzielski é modelado para dar um sentido ao seu desenvolvimento pleno
20/02/2003 17:47

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Emanuel von Lauenstein Massarani

A arte ocidental sempre teve o problema do espaço, ou melhor, o "horror vacui", o medo do vazio. As vanguardas se apossaram do problema e o debateram. Entretanto, suas realizações práticas - as obras - eram aquém ou além do porte filosófico do conceito. Lao Tzu - célebre pensador chinês - dizia que a realidade de uma sala não é o invólucro dos muros, mas o seu volume de vazio.

Em suas esculturas de estrutura esférica, Francisco Niedzielski enfrenta a problemática do vazio. O seu esforço consiste, efetivamente, em modelar o vazio para dar um sentido ao desenvolvimento do pleno. Nessa ordem de idéias, é o vazio que corrói o pleno, interrompe o seu desenvolvimento, precipita-o em cavernas, o faz retornar à tona, retomar e reestruturar o discurso das formas. Esse desenvolvimento é de uma lógica que é contemporaneamente barbara e friamente intelectual.

Com efeito, se pessoalmente, seguirmos com o dedo a estrutura em movimento, percebemos que a interrupção é somente aparente e que a linha continua além de onde a perdemos, pela aparente tensão do vazio.

A curva que perdemos não a podemos reencontrar se não tatearmos, como os cegos, usando aquele sentido do tato que a plástica tende a atrofiar.

O processo dialético da criatividade de Francisco Niedzielski é patente na obra Esfera, oferecida ao Acervo Artístico da Assembléia Legislativa. Nela se afirma uma unidade formal superior que irradia elementos do pensamento, que por sua vez tendem - por sua própria natureza - a superar a forma incessantemente.

Sua forma esplêndida se desenvolve com limpidez geométrica e deixa transparecer leves torções, mínimos vazados que se interrompem e retomam, sugerindo um lento "motu" de rotação, implacável e possante como o astro que domina a nossa existência.

O Artista

O escultor Francisco Niedzielski nasceu em Catanduva, no ano de 1953. Cursou Filosofia na Universidade São Paulo e é autodidata no campo das artes. Sua inspiração é baseada na geometria sagrada, conforme sua própria definição.

Participou de numerosas exposições coletivas e individuais, ressaltando-se: Galeria Eucatexpo, São Paulo (1977); Galeria de Arte do SESC, São Paulo (1978); "X-Tal" - Clube da Skultura Galeria de Arte, São Paulo (1979); Museu de Arte de São Paulo (1982); Galeria Babelidus, São Paulo (1982, 1983 e 1984); Espaço Cultural Humberto, São Paulo; Chapel Art Show (1983, 1984, 1985, 1992 e 1999); Galeria de Arte de Fortaleza, CE; Galeria Inter Design, São Paulo (1983); Clube Monte Líbano (1984); Centro de Convenções Rebouças, São Paulo (1988); Galeria Paulo Vasconcelos, São Paulo (1990); Secretaria Municipal da Cultura, São Paulo (1991); Galeria Roswitha Benkert, Zurich, Suíça; Skultura Galeria de Arte e B"Nai"B´rith, São Paulo (1993); Galeria de Arte Skultura, São Paulo (1995); Gaudi Galeria, Sorocaba (2000); Condomínio Champs Elysées - Santo André (2001); Casa da Cultura Judaica, São Paulo (2002).

Possui obras em importantes acervos particulares e oficiais, entre eles: Telefunken do Brasil; Indústria Eletrônicas Phillips; Hospital Albert Einstein; Birmann S/A; Enterprise Suíte Hotel; Brascan S/A; e Assembléia Legislativa do Estado.

alesp