Movimento negro considera enfoque da mídia discriminatório contra Matilde Ribeiro


07/02/2008 17:54

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Rafael Pinto, deputado José Cândido e Sônia Leite<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/03-2008/coletiva j candido 378rob.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

O deputado José Cândido (PT), membro da Frente Parlamentar de Promoção da Igualdade Racial, e representantes da Coordenação Nacional de Entidades Negras (Conem) falaram com jornalistas nesta quinta-feira, 7/2, a respeito dos últimos acontecimentos que envolveram a Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) e culminaram com o pedido de exoneração da ministra Matilde Ribeiro.

Segundo Rafael Pinto, da Soweto, organização atuante em defesa dos direitos da população negra ligada à Conem, o tratamento dado pela mídia nacional ao episódio não é aceitável. "A queda foi efetivamente o linchamento político da ministra", afirmou. Para ele, houve uma distorção por parte da mídia quanto à atuação da ministra, com foco possivelmente voltado para a extinção da Seppir: "Setores conservadores reagem e colocam bloqueios às políticas de igualdade racial", comentou. Pinto lembrou a importância da secretaria, cuja criação foi amplamente discutida, inclusive em fóruns internacionais e a relevância da implantação de ações afirmativas de combate ao racismo, segundo ele, somente levadas a efeito com a Seppir.



Avanço contra o racismo

José Cândido também considera a Seppir um acerto do governo Lula, responsável por grandes avanços contra o racismo e a discriminação racial. O deputado falou que a preocupação da comunidade negra é com a conduta de parlamentares e da mídia diante dos fatos. De acordo com Cândido, as regras sobre o uso do cartão corporativo por ministros deveriam ser mais claras. Segundo ele, a utilização indevida dos cartões talvez tenha sido em razão da falta de um regulamento eficiente.

A exposição pela mídia dos ministros Orlando Silva, do Esporte, e Matilde Ribeiro foi exacerbada em relação a outros envolvidos nas denúncias de gastos indevidos com cartões de crédito corporativos, avaliaram, embora reconheçam que houve um erro por parte dos ministros e que esses têm de ser apurados. Todos defendem a instalação da CPI que quer averiguar o caso.

Sônia Leite, integrante do Movimento de Mulheres e membro da Conem, entende que a figura da ministra é emblemática e que seu papel político é muito importante. Embora reconheça seu equívoco em relação ao uso dos cartões, avalia que sua atuação foi responsável por avanços significativos nas políticas contra o racismo. Sônia Leite enxerga um grande peso político sobre gestores negros e uma cobrança exagerada sobre seus atos. Para ela, "a ação da mídia foi desrespeitosa" e denota uma das formas de perversão do racismo. "A tutela do negro interessa aos conservadores e o racismo é coletivo e está no imaginário do brasileiro, mas a sociedade está voltada por um país melhor em que a miséria não tenha mais cor, nem sexo. Não acreditamos no retrocesso", asseverou.

alesp