Frente da reforma agrária discute, entre outros temas, PL que regulariza terras no Pontal


20/02/2008 20:22

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Reunião da Frente da reforma agrária<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/03-2008/Reforma Agraria-Ze_1487.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Com a coordenação de Simão Pedro e a presença de José Cândido e Zico Prado, todos da bancada do PT, aconteceu nesta quarta-feira, 20/2, reunião que abordou temas variados analisados por representantes dos principais movimentos pela reforma agrária.

As principais críticas foram dirigidas ao PL 578/2007, que regulariza terras devolutas acima de 500 hectares. Contra ele falou Zico Prado, denunciando que o governo do Estado não tem nenhum interesse na agricultura, principalmente na agricultura familiar: "O governo tem de dizer quais regiões do Estado estão reservadas para a agricultura familiar, porque o interesse do governo é exclusivamente a cana. Há pouco o governo anunciou medidas de incentivo à produção do leite, mas esse incentivo foi exclusivamente para a indústria. O produtor recebeu em média R$ 0,40 por litro, menos que o preço de um copo de água", lamentou Zico Prado, e acusou Serra de estar transformando o Estado de São Paulo num canavial.

Outro orador, Hélio Neves, disse que Serra está na contramão dos interesses da população no que diz respeito à terra e sua ocupação, pois enquanto promove o despejo das pessoas que ocupam o local e tiram de lá o seu sustento, há mais de 12 anos, distribui para os usineiros licenças ambientais em tempo recorde. Hélio Neves denunciou que há usinas que perfuraram poços de mil metros e retiram água do Aqüífero Guarani para lavagem de cana, sem que isso sofra qualquer fiscalização da secretaria do Meio Ambiente. "As terras devolutas devem ir para o povo e não para o latifúndio", finalizou.

Carnaval vermelho

José Rainha, líder do MST, falou sobre o "carnaval vermelho" e atribuiu as invasões que ocorreram no período do carnaval à necessidade. "Enquanto houver trabalhador passando fome, vai haver carnaval vermelho, páscoa vermelha, independência vermelha, natal vermelho, porque o sem-terra não invade segundo a vontade do José Rainha, mas pela necessidade". Rainha falou ainda sobre as críticas que dom José Maria, da pastoral de Presidente Prudente, sofreu de setores da imprensa quando declarou que o sem-terra está certo ao invadir uma área pública. Rainha emprestou toda a solidariedade dos sem-terra ao prelado e repudiou os setores que atacaram dom José, como a UDR e parte da imprensa.

A reunião serviu ainda para tentar identificar os meios de impedir que o PL 578/2007 seja aprovado na Assembléia o que, segundo Zico Prado, não pode depender apenas dos deputados da bancada do PT, mas precisa contar também com a adesão dos movimentos organizados e a participação popular. Durante a reunião, Simão Pedro leu ofício do deputado Raul Marcelo, do PSOL, desculpando-se por não poder participar da reunião, mas oferecendo total solidariedade às causas dos movimentos pela reforma agrária.

Compuseram a mesa de trabalhos, além dos citados, o padre Jurandir, da Pastoral da Terra, Eduardo Morais, da Federação dos Assentados e Produtores do Oeste Paulista, Lino Macedo, do Movimento dos Agricultores Sem-Terra, e Sabrina Diniz, da Associação Brasileira da Reforma Agrária.

alesp