Arléo Washington nos coloca o problema da obra de arte como elemento social e político, portanto polêmico, desenvolvendo esse conceito através da relação entre estrutura da composição e a inserção de grafias avulsas e diversificadas.Caracterizado de uma importância de tipo antropológico, o artista confere ao seu trabalho o sentido de uma identificação. Trata-se, no fundo, de uma manifestação de caráter sócio política, quase um manifesto. Na sua poética, o papel do artista é definido por uma dimensão filosófica em relação a uma filosofia do pensamento.Seu discurso é livre, aberto e somente condicionado pelo sentimento. Idealizando espaços e movimentos dentro deles, Arléo Washington utiliza elementos e traços os mais variados de onde nascem vibrações continuamente diversas, que correspondem a uma excitação sensorial quanto psicológica. Para o artista, o gesto e a ação de pintar mantém uma expressividade intimista: a cor como transparência de luz e o traço como grafia de sensibilidade, encontram um sentido quase lírico. O seu trabalho se desenvolve sempre num horizonte existencial que encontra sua própria sociabilidade na qualidade da mensagem afetiva registrada sobre a tela. Em vez de seguir alguma idéia aristotélica sobre as essências do tema, como muitas vezes faz a arte abstrata, sua pintura abraça um vasto campo da vida quotidiana, real ou imaginaria e constitui uma ação humanizante de significado preciso. Fortemente motivado por um sentido de uma crítica política e de uma autocrítica do operar artístico, o pintor recupera um espaço narrativo singular.Na obra "Meninos do pelorinho", doada ao Museu de Arte do Parlamento de São Paulo, Arléo Washington se constitui também num operador lingüístico conceitual e propõe como papel do artista, a transformação do mundo e que pode emprestar uma continua e significativa combinação a um processo de mutação.O ArtistaWashington Arléo, pseudônimo artístico de Washington Luiz Reis Arléo, nasceu em Itubera, Bahia em 1954. Formou-se em Artes Plásticas na Universidade Federal da Bahia. Dentro de sua trajetória artística realizou com destaque exposição no Museu de Arte Moderna da Bahia em 1980 e mostras individuais em galerias de Salvador, Aracaju, Recife alem de diversas exposições coletivas no território nacional.Projetou e elaborou a cenografia para o filme "Orquídea Selvagem". com Mickey Rouke e Jackeline Bisset, filmado em Salvador e no Rio de Janeiro. Durante mais de 15 anos dedicou-se intensamente a carreira de cenógrafo. Atualmente é presidente da Associação dos Artistas Plásticos da Bahia, membro do Conselho do Carnaval da Bahia, do Conselho de Desenvolvimento Urbano de Salvador e diretor da Galeria Solar Ferrão do Ipac da capital baiana. Possui obras em coleções particulares na Europa e nos Estados Unidos, no acervo do Museu da Cidade de Salvador e no Museu de Arte do Parlamento de São Paulo. Há sete anos instalou no Pelourinho, centro histórico de Salvador, o seu atelier Galeria de Arte, sede de mostra permanente de sua obra.