Sólon Borges dos Reis: uma vida dedicada à educação


13/09/2006 19:35

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Sólon Borges dos Reis, professor e ex-deputado, deixou um legado em prol da educação no Estado de São Paulo.<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/03-2008/Solon 2903-rob.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Sólon Borges dos Reis, professor e ex-deputado, deixou um legado em prol da educação no Estado de São Paulo. Formado em pedagogia pela Universidade de São Paulo (SP), fez cursos em outras áreas, como sociologia e política, e teve seu trabalho voltado ao aprimoramento da qualidade do ensino em São Paulo.

Falecido no último dia 9/9, Sólon Borges manteve em sua trajetória profissional e política a continuidade de um trabalho iniciado em 1947, quando assumiu a presidência da União Paulista de Educação. Seus serviços prestados à educação no Estado de São Paulo lhe renderam cinco mandatos de deputado estadual. Ele permaneceu na Assembléia Legislativa por 20 anos, de 1959 a 1979.

Como deputado estadual, foi autor de 329 projetos que se transformaram em leis. Delas, 281 estão diretamente ligadas à educação: 253 denominando escolas, 28 sobre temas específicos da área e 10 tratando da criação de novas escolas. As demais 48 leis abordam temas gerais: 29 são de declaração de utilidade pública e uma delas dispõe sobre o controle da potabilidade da água por meio da obrigatoriedade da análise física, química e bacteriológica.

Sólon publicou 19 livros e recebeu prêmios pela atuação como escritor e jornalista. Nos últimos anos, o educador dedicou-se ao Instituto de Estudos Educacionais Sud Mennucci (Ineste), cujo objetivo é proporcionar maior qualificação cultural e pedagógica aos professores e às escolas. Diariamente, o professor cumpria sua jornada de trabalho no Ineste e se orgulhava de falar das atividades que desenvolvia. Em entrevista concedida em outubro de 2004 à Revista do Acervo, da Assembléia Legislativa, ele declarou: "Mantemos abertas ao público, gratuitamente, biblioteca e hemeroteca com quase 17 mil volumes especializados em ensino e magistério. Além dos títulos registrados, classificados e catalogados no Ineste, os interessados têm acesso ao setor de biografias e da história de São Paulo e dos 645 municípios paulistas."

Sólon alimentava alguns sonhos, como o de divulgar a Constituição Federal a todos os cidadãos brasileiros. "Partindo do princípio de que só se pode estimar e apreciar aquilo que se conhece, conhecer é necessário", ele sentenciou.

Saiba mais sobre a história do educador e ex-deputado.

Deputado Sólon Borges dos Reis

Sólon Borges dos Reis era natural de Casa Branca, no Estado de São Paulo, tendo nascido em 27/6/1917 filho de Júlio Borges dos Reis e de Flávia Pezzuto Borges.

Sua família transferiu-se para Campinas, onde fez o curso primário. Posteriormente cursou a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo, onde bacharelou-se em pedagogia. Freqüentou ainda, na mesma faculdade e na Escola de Sociologia e Política, diversos outros cursos intensivos e de férias.

Terminados os estudos, tornou-se professor sucessivamente do ensino primário, secundário, normal e superior, em estabelecimentos de ensino de Campinas, Casa Branca, São Carlos, Araçatuba, Jaboticabal, Mogi das Cruzes, Santos e São Paulo. Foi diretor de escola de ensino primário, secundário e normal.

Em 1947, fundou e foi presidente da União Paulista de Educação e trabalhou como cronista parlamentar dos Diários Associados na Constituinte paulista. Em 1948, foi cronista parlamentar na Assembléia Legislativa. Ainda em 1948, tornou-se assistente geral do ensino, exercendo essa função até 1950, quando diplomou-se em direito pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

Em 1954 tornou-se chefe do ensino secundário e normal e, no ano seguinte, diretor geral do Departamento de Educação de São Paulo, permanecendo nessa função até 1957. Nesse mesmo ano, representando o magistério, presidiu o V Congresso Americano de Educadores, realizado em Montevidéu, no Uruguai, sendo eleito vice-presidente da respectiva confederação. Lecionou administração escolar na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Santos, atual Universidade Católica, em 1957 e 1958. Ainda em 1957, assumiu a presidência do Centro do Professorado Paulista (CPP).

Nas eleições de 1958, concorreu pelo Partido Democrata Cristão (PDC) a um mandato de deputado na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, para a 4ª legislatura (1959-1963), tendo sido eleito com 8.025 votos. Assumiu o cargo em 12/3/1959. Tornou-se líder de seu partido na Assembléia. Integrou durante quase toda sua vida parlamentar a Comissão de Educação e Cultura (posteriormente Comissão de Educação), como membro efetivo.

Ainda em 1959, presidiu o Encontro de Parlamentares de Todos os Continentes, realizado em Viena, na Áustria. A partir de 1961, participou de diversos congressos internacionais, a convite da Confederação Mundial de Organizações do Professorado.

A convite do governador Carvalho Pinto, assumiu o cargo de secretário de Estado da Educação em 1962. Nesse mesmo ano, concorreu mais uma vez a um mandato de deputado estadual pelo PDC, agora para a 5ª legislatura (1963-1967), tendo sido eleito com 19.116 votos. Exerceu a liderança do PDC de 1963 até sua extinção pelo Ato Institucional nº 2 (AI-2), em 1965.

No pleito 1966, candidatou-se e foi eleito deputado estadual pela terceira vez, agora pelo recém-fundado partido da Aliança Renovadora Nacional (Arena), tendo obtido 20.959 votos.

Em 1970, concorreu a mais um mandato de deputado estadual, ainda pela Arena, tendo sido eleito pela quarta vez, com 30.571 votos. Em 1974, elegeu-se deputado estadual pela quinta vez, com 48.304 votos.

Em novembro de 1978, tentou ser eleito deputado federal, mas obteve apenas uma suplência. Em 14/3/1979, encerrou seu mandato de deputado estadual na Assembléia.

Nas eleições de 1982, candidatou-se mais uma vez à Câmara dos Deputados, pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), tendo ficado como segundo suplente, mas a partir de 1985 assumiu o cargo por afastamento do titular.

Em 1986, foi eleito deputado federal constituinte, ainda pelo PTB. Foi um dos 28 parlamentares que deram forma final ao texto da nova Constituição do Brasil, promulgada em 5/10/1988.

Em outubro de 1992, foi eleito vice-prefeito da cidade de São Paulo, na chapa encabeçada por Paulo Maluf. Ao assumir a prefeitura da capital em 1º/1/1993, Maluf nomeou Sólon Borges dos Reis para o cargo de secretário municipal de Educação, cargo que exerceu de 1993 a 1996. Sólon foi também prefeito interino de São Paulo em duas oportunidades: de 27/10 a 21/11/1993 e de 14/4 a 8/5/1995, durante viagens ao exterior de Paulo Maluf.

Terminado o governo municipal, não mais concorreu a cargo eletivo, passando a se dedicar à presidência da Academia Paulista de Educação e da Ordem dos Velhos Jornalistas do Estado de São Paulo, além de ser diretor da Academia Paulista de Letras, da qual era um dos acadêmicos. Sólon Borges dos Reis é autor de várias obras publicadas sobre motivos literários e assuntos de educação e ensino. Realizou várias viagens ao exterior no interesse da educação brasileira. Em 1997, após 40 anos, deixou o cargo de presidente do Centro do Professorado Paulista (CPP).

Sólon Borges dos Reis era viúvo de Adiléa Cunha Borges dos Reis, com quem teve uma filha, Raquel, casada com Alfredo Casaro Filho, pais de Renato Casaro, ambos servidores da Assembléia.

O corpo do deputado Sólon Borges dos Reis foi velado no Hall Monumental da Assembléia Legislativa e sepultado no Cemitério do Morumbi, na capital, na tarde do último sábado, dia 9/9.



Texto de Antônio Sérgio Ribeiro, advogado, pesquisador e funcionário da Secretaria Geral Parlamentar da Assembléia Legislativa

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