A monumentalidade na obra de Horácio Kleinman: um diálogo entre o observador e a escultura

Emanuel von Lauenstein Massarani
28/05/2004 14:00

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Diálogo, obra doada ao Acervo Artístico do Parlamento Paulista pelo Sindicato da Indústria de Mineração de Pedra Britada no Est. de S. Paulo (Sindipedras)<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/hist/Horacio Kleinman Dialogo.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Horácio Kleinman <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/hist/Horacio Kleinman.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Acervo Artístico

As estruturas escultóricas de Horácio Kleinman constituem o prolongamento das idéias dos antigos cubistas; ele explora o problema do volume reduzido ao extremo e aquele da linha no espaço. Subindo a partir da base, as direções dos diferentes planos são harmonizadas com um sentido intuitivo e infalível da proporção.

Esse escultor adota um estilo semifigurativo, livre e distendido. Resultado de idéias fantasmagóricas, onde em realidade nada é deixado ao azar, sua fantasia quase inesgotável estende seu talento à produção de invenções barrocas. Cada curva, cada sinuosidade se resolve no movimento seguinte.

Embora arquiteto de formação, portanto de concentração e de constituição rígidas, Horácio Kleinman é autor de uma obra com um ritmo forte e ao mesmo tempo harmonioso, com um sentido animado na diversidade de seus planos.

Horácio Kleinman dá grande importância ao papel da luz na escultura. A base de seu poder criador é a profundidade emotivamente sentida, uma assimilação mística e devota do espaço, em que a luz e a tonalidade da matéria exercem importante papel.

Concordo plenamente com o crítico Jacob Klintowitz quando afirma que "o movimento perpétuo na escultura de Horácio Kleinman cria uma concentração em si mesmo. Fecha a visualidade a referências externas e elimina, de muitas maneiras, a idéia da dimensão. Qual o tamanho real destas esculturas? Elas têm, evidentemente, o tamanho de sua constituição material. Esta á a regra do mundo terreno da terceira dimensão. Mas no caso da arte estamos lidando com a projeção e materialização da imaginação e do desejo. E, neste caso, podemos projetar a escultura de Kleinman para a dimensão que nos interessa. Isso se deve às proporções de sua escultura que sugerem, permitem e convidam à monumentalidade".

A partir da figuração de elementos praticamente humanos - que são a base da vida -, o escultor dá forma a uma sabedoria comum. Suas obras irradiam uma grande energia, misteriosa e sóbria. Em Diálogo, obra doada ao Acervo Artístico do Parlamento Paulista pelo Sindicato da Indústria de Mineração de Pedra Britada no Estado de São Paulo (Sindipedras), Horácio Kleinman consegue criar uma verdadeira união entre o figurativo e o simbólico.

O Artista

Horácio Kleinman nasceu em Buenos Aires, Argentina, em 1943. Aos 15 anos, iniciou seus estudos de desenho e pintura no ateliê de Oscar Capistro, onde permaneceu até 1971. Nos dois anos seguintes, complementou seus estudos com cursos de escultura com Peter Grippe, em Waltham, Massachusetts, nos Estados Unidos.

Paralelamente, dedicou-se a cursos de formação no Colégio Nacional de Buenos Aires, cursos de história da arte na Universidade de Brandeis e de arquitetura na Universidade de Colúmbia e na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo na Universidade Nacional de Buenos Aires.

Na época em que estudou nos Estados Unidos, expôs na Brattle Gallery e no Salão Anual de Escultura de Brandeis University, em Boston, onde recebeu o primeiro prêmio. De volta a Buenos Aires, trabalhou principalmente em murais, nos quais pôde dedicar-se à pesquisa de novos materiais, novas técnicas e de uma linguagem acessível ao grande público.

Durante esse período de seis anos, são de destacar os murais em cerâmica e gesso-cimento em edifícios do centro da capital portenha. Seu último trabalho público ocorreu em 1969, iniciando-se aí o recolhimento do artista, durante o qual se dedica à profissão de arquiteto e, paralelamente, à escultura.

A exposição realizada no Museu de Arte de São Paulo, em 1980, rompeu esse período de isolamento. A partir de então, o artista realizou algumas mostras individuais e coletivas: Galeria Arte Aplicada, SP (1981 e 1984); Galeria Wildenstein, Buenos Aires (1981); "100 Anos de Escultura Brasileira", Masp, SP, e "Panorama da Escultura", Museu de Arte Moderna (MAM) de São Paulo. O escritor e crítico de arte Jacob Klintowitz publicou, em 1998, um livro sobre o escultor, intitulado Horácio Kleinman: o homem no labirinto.

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