Sem metáforas esotéricas, Valério Dias abre a emoção sobre a beleza das coisas

Acervo Artístico
12/02/2003 18:29

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O artista plástico Valério Dias, autor de Flamboyant em Flor<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/hist/Valerio Dias.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Emanuel von Lauenstein Massarani

O difícil na arte é a diversidade de aspectos e mesmo de papéis próprios à imagem. Com efeito, no passado, uma longa tradição, transformada em exigência, obrigava-a a não se afastar dos aspectos do mundo visível e de sua reprodução. Qualquer que fosse a margem de distância que se tolerava, a imagem era então levada a seu papel figurativo. Assumindo como objetivo chegar ao ápice do realismo óptico, o impressionismo no fim do século XIX abriu involuntariamente o caminho ao arbitrário de um sistema, alcançando-se assim a ruptura através do verismo.

Desde então, as escolas modernas, liberadas do constrangimento naturalista, conquistaram todas as permissividades coroadas pela aparição da arte abstrata. Cada um dos níveis sucessivos aos quais a imagem pode se situar foi pensada. A arte não mais se deu como missão a criação de imagens. Ali também podemos encontrar todas as graduações que levam a imagem de seu nascedouro, ainda quase na retina, à sua conclusão, dotando-a de uma significação representativa, evocadora ou simbólica.

O domínio de toda criação é o desconhecido, esse mesmo domínio infinito das áreas de visão ainda inexploradas através do tempo e do espaço. Dentro dessa ordem de idéias, Valério Dias, intimamente ligado à natureza e ao meio ambiente, dedica essa fase pictórica à árvore na paisagem brasileira, uma visão que sugere um diálogo com a realidade. Sob o impulso de uma comunicação direta, o artista transmite em sua obra sensações, momentos emotivos e uma íntima necessidade de exprimir o que sente sua criatividade artística.

Típico de sua formação de arquiteto, a presença do traço é uma constante. A estrutura de sua composição é perfeitamente equilibrada. Suas árvores floridas na paisagem recebem um tratamento cromático com uma luminosidade marcante e uma profundidade espacial bem definidos. Em sua obra Flamboyant em Flor, doada ao Acervo Artístico da Assembléia Legislativa, Valério Dias se revela um ser humano com espírito feliz e radiante de fé e abre a emoção sobre a beleza das coisas, sem metáforas esotéricas ou pretensiosas.

A pintura de Valério Dias não é intelectualizada. Bem ao contrário. Ela tem o pudor do seu charme e de suas seduções. Em vez de impor uma mensagem, convida à interrogação sobre o sentido das imagens e traços. Longe de ser pintura de efeito, ela cria um clima de contínua surpresa. O artista assume o seu espaço sem enclausurar suas imagens na rigidez de uma arquitetura, mas abrindo ao máximo o leque dos itinerários propostos.

O Artista

Valério Dias é paulista de Ribeirão Preto, cidade onde nasceu em 1961, onde vive e onde teve sua formação desde o curso primário até o universitário.

Arquiteto, freqüentou cursos de museologia; de linguagem arquitetônica, com Marcelo Tramontano; de restauro no Instituto de Recuperação do Patrimônio Histórico no Estado de São Paulo; e de fotografia, com Toni Miyasaka. Participou de diversas Semanas de Arquitetura e do 2º Congresso Cidades do Futuro em São Paulo.

Sua entrada no campo artístico teve início em 1982 na Mostra de Artes Plásticas de Ribeirão Preto, na Sala Alberto França (1984), no Saguão do Teatro Municipal e em Araraquara na Biblioteca Mário de Andrade (1985). Sua primeira apresentação em São Paulo foi em 1986, no Espaço Cultural Chap Chap.

Já expôs seus trabalhos em inúmeras cidades brasileiras e suas obras podem ser apreciadas em coleções particulares da França, Espanha, Itália, Estados Unidos, Japão, Portugal, México, Dinamarca, Holanda e no Acervo Artístico do Palácio 9 de Julho.

Valério Dias comemora, neste ano, 20 anos de carreira artística, tempo em que abordou os temas mais variados, desde abstratos com expressão gestual, passando pela sensualidade dos nus, pelo requinte de desenhos formais, até a suavidade das flores em suas aquarelas e a expressividade da natureza em seus acrílicos sobre tela.

alesp