A visualização enigmática de Ernesto Piva: um mundo de imagens em metamorfose

Museu de Arte do Parlamento de São Paulo
04/12/2006 14:31

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Ernesto Piva <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/03-2008/M-ErnestoPiva.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Paulicéia: referência 889<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/03-2008/M-Ernesto Piva Paliceia.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Todas as ações artísticas de Ernesto Piva são determinadas por sua cultura, por sua natureza sensível e emotiva, por seus estados mentais perfeitamente lúcidos. Esses aspectos psicológicos conferem um desenho linear ao seu caráter e às suas produções, à sua reserva de homem.



Em sua obra, prevalece uma grande dignidade na concordância com os temas alegóricos ou universais, que resgatam a função ética do seu agir, descobrindo ainda aquela que pode ser considerada sua constante de base: uma pureza que o guia e o acompanha com empenho e perseverança.



A visualização que o artista nos propõe está próxima da enigmática. Sua alusão se refere, em realidade, ao enigma de um mundo de imagens confiadas a tecnológicas metamorfoses, que multiplicam as dimensões, destacam os valores gráficos e semânticos, ampliam a espessura da bidimensionalidade das matrizes cromáticas e produzem uma possível trama de mensagens, confiando-a ao comportamento da luz no ambiente.



Posteriormente, essa morfologia plástica se desenvolve por extrapolação e o relevo se destaca do plano, até transformar-se em emblemáticas imagens. As cores emitem notas matéricas no silêncio metafísico dessas límpidas "redes de significados".



Em suas obras, entre pinceladas e espatuladas de base longas e harmoniosas, e o traço forte da construção volumétrica ", se inserem pontos que possuem, muitas vezes, a dupla função de centro de equilíbrio e de sugestão para criar imagens.



Na obra Paulicéia: Referência 889, doada ao Museu de Arte do Parlamento de São Paulo, a composição cromática, as dinâmicas prospectivas, o jogo de claros e escuros, encontram nesse motivo comum o parâmetro e a plena fusão. Nela se manifesta, sobretudo, a ansiedade da dimensão humana que nas telas de Ernesto Piva está presente como uma exigência urgente e estimulante da maturidade artística.



O artista



Ernesto Piva nasceu em Loreto, província de Rovigo (Itália), em 1929. A partir de 1940, dedicou-se à arte, convivendo com importantes artistas italianos, como De Chirico, Bruno Cassinari, De Pisis e outros.



Radicou-se em São Paulo em 1953, onde iniciou sua carreira como ilustrador de cartazes para cinemas e jornais. Durante 35 anos permaneceu na área industrial, atuando mais de dez anos em arquitetura de interiores como designer de móveis e objetos.



Depois de 35 anos de ausência, retornou à Itália para repensar sua atitude frente à arte. Ao regressar ao Brasil, se desfez das suas indústrias e assumiu definitivamente a pintura como seu objetivo principal.

Participou de inúmeras exposições e instalou seu primeiro ateliê na rua Gabriel Monteiro da Silva. Por volta de 1995, transferiu seu ateliê para o Morumbi, onde criou o Centro Ítalo-Brasileiro de Arte, um espaço perfeito para expor sua obra, reunir artistas italianos e brasileiros e coordenar atividades de ensino da pintura.



Possui obras em acervos oficiais e particulares na Itália e no Brasil, inclusive no Museu de Arte do Parlamento de São Paulo.

alesp