Cidades calmas? São apenas "ilhas"

Opinião
21/12/2005 14:16

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Deputado Afanasio Jazadji<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/03-2008/afanasio.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Uma pesquisa recente mostra que, entre os 645 municípios do Estado de São Paulo, existe uma cidade com maravilhosos índices de segurança: é Balbinos, onde jamais foi registrado um só caso de homicídio doloso desde sua fundação, há 52 anos. Não vá o leitor pensar que se trata de uma piada, como o caso da Velhinha de Taubaté, personagem que ainda acreditava no governo e que acabou sendo "morta" pelo seu criador, o escritor Luís Fernando Veríssimo.

Balbinos existe, sim: fica a 420 quilômetros de São Paulo e a poucos quilômetros de um Rio Tietê de trecho limpo, na região de Bauru, Marília e Pirajuí. Não é uma cidade grande ou média. Nem mesmo pequena: é minúscula, com seus 1.350 habitantes, população menor do que o número de moradores do Copan, edifício situado na Avenida Ipiranga, no centro de São Paulo.

A constatação do tamanho de Balbinos não significa uma ofensa aos moradores desse lugar, certamente invejados pela maioria dos que passam por problemas de falta de segurança em municípios da região da Capital, do Interior e do Litoral do Estado. Certamente, vive-se mais e melhor, na pequena Balbinos. Infelizmente, porém, essa vida tranqüila representa uma condição de simples "ilha" no meio de um mar de medo no Estado, tão intensa tem sido a criminalidade no território paulista. Trata-se de uma "Ilha da Fantasia".

Se Balbinos não tem assassinatos, seqüestros e mesmo roubos, cabe discutir: até que ponto é possível seguir seu estilo em cidades maiores?

O problema básico dos grandes centros urbanos diz respeito à dificuldade para administrar os municípios e estabelecer uma valiosa parceria entre prefeituras, Estado e União. Seria muito mais interessante se o populoso Estado de São Paulo, com seus 40 milhões de habitantes, fosse constituído de 40 mil Balbinos, 40 mil pequenas células, cada uma com sua administração e com seu sistema de segurança.

Os moradores de núcleos menores sabem "quem é quem", as autoridades podem exercer melhor o poder e as polícias passam a controlar informações com facilidade. Basta acrescentar a esse panorama um pouco de formação familiar, boas escolas, ética na política, e o resultado só pode ser positivo. Autoridade? Claro, autoridade não pode faltar: contra os moradores sob o risco de cair em tentação e cometer crimes, nada como o aceno do perigo de irem para a cadeia.

Na mesma região de Balbinos, há o município de Álvaro de Carvalho, que conta com penitenciária. Em agosto, o ladrão Marco Antônio Alves, que cumpria pena de 9 anos de prisão, saiu daquela cadeia, indultado para passar o Dia dos Pais com a família. A exemplo de outros detentos que recebem tal tipo absurdo de benefício durante o ano, Marco Antônio preferiu fugir. Ele não voltou à cadeia e tratou de cometer outros crimes. Em 13 de dezembro, foi preso de novo: estava tentando vender um quadro de Cândido Portinari roubado por ele e por dois cúmplices em São Paulo. As "ilhas" têm em volta um mar de criminalidade.

alesp