Há décadas, o esporte brasileiro parece ser vítima de um desinteresse generalizado. Nunca chegamos a uma política de Estado para o esporte e nosso país ainda está engatinhando nesse assunto. Infelizmente, algumas pessoas insistem em criticar o governo estadual e esquecem que apenas a União poderia mudar essa situação desfavorável. Cuba é um bom exemplo disso. Por causa de sua atuação no esporte, a nação tornou-se uma das maiores potências esportivas do mundo. O país pode ser criticado pela falta de liberdade e por sua política pouco igualitária, e com razão. Mas não há como discutir: para Cuba, o esporte é uma questão de Estado. A política deles favorece os esportes com programas inseridos desde o ensino infantil em todo o Estado. Até 1958, Cuba tinha 15 mil esportistas, hoje, são 23 mil participantes em programas públicos para atletas de alto rendimento. Por causa da triste situação do esporte em nosso país, em 2008, fiz uma indicação ao governo do Estado pedindo providências para que fosse criado projeto de lei que regulamentasse um programa de valorização de jovens que se destacam em alguma modalidade esportiva, no âmbito das escolas públicas e privadas de nosso Estado. A Constituição Federal, em seu artigo 217, delibera sobre o dever de fomentar práticas desportivas, formais e não formais, como direito de cada um. O programa teria o objetivo de criar algum incentivo concreto para o progresso desportivo a exemplo da experiência bem sucedida de outros países. Em 2009, recebemos a resposta do governador, que chegou em forma de um projeto de lei. A proposição institui o programa Bolsa Talento Esportivo, destinado aos praticantes do desporto escolar e de rendimento em modalidades olímpicas e paraolímpicas, individuais e coletivas. A proposta consiste na concessão de apoio financeiro aos atletas de vários níveis. O projeto responde a um clamor, não apenas da comunidade esportiva, mas de todos aqueles que valorizam o esporte nacional. O governo paulista mostrou, mais uma vez, plena sintonia com o Legislativo e com a população de nosso Estado, principalmente os jovens, que têm muita competência para representar nosso país em alguma modalidade esportiva. Incentivar esses jovens não é apenas dar recurso financeiro, mas sim recompensá-los com bolsas de estudos e encaminhá-los para organizações que atuam em sua modalidade. A atuação do Brasil nas Olimpíadas de Pequim demonstrou a ausência de uma política esportiva institucionalizada e de programas esportivos educacionais em âmbito federal. Nossa delegação foi a maior de toda a história brasileira, mas mesmo assim o resultado deixou a desejar, não por causa de falta de esforço, mas porque esses atletas não tiveram a motivação necessária. Para alguns, a resposta do governo de São Paulo ainda é pouco. Mas se outros governantes seguirem esse exemplo, dentro de pouco tempo nossa nação também poderá dizer que o esporte é uma questão de Estado. Começar é o primeiro passo, e já começamos. Parabenizo nosso governador por essa iniciativa, mas acima disso, desejo que, na próxima competição internacional, nosso país possa ser conhecido também como uma superpotência esportiva. *Gilmaci Santos é deputado estadual pelo PRB e presidente estadual do partido, participa das comissões de Defesa dos Direitos do Consumidor e de Economia e Planejamento.