Alberto Goldman: 40 anos de vida pública


06/04/2010 20:30

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O engenheiro civil Alberto Goldman iniciou sua carreira política como militante do movimento estudantil; filiou- se ao então clandestino PCB; foi eleito deputado estadual por duas vezes e deputado federal por seis vezes. Foi ministro dos Transportes no governo Itamar Franco. Participou da campanha pelas Diretas Já e foi o responsável pelo fim do monopólio estatal do petróleo. Leia a seguir a história do governador:

Alberto Goldman nasceu em São Paulo, em 12 de outubro de 1937. Filho de Wolf Goldman e Dora Goldman. Fez o curso primário no Ginásio Stafford e o secundário no Colégio Bandeirantes, ambos na capital. Graduou-se engenheiro civil pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), em 1960.

Ainda estudante, Goldman filiou-se ao Partido Comunista Brasileiro (PCB), na época clandestino. Fez parte do Comitê Nacional do partido por diversos períodos. Foi diretor do grêmio da Poli e, entre 1958 e 1960, diretor da União Estadual dos Estudantes (UEE). Não chegou a concluir o curso de pós-graduação em Ciências Sociais e Políticas iniciado na Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo.

Em 1969, já trabalhando como engenheiro civil no setor privado, filiou-se ao Movimento Democrático Brasileiro (MDB), partido de oposição ao regime militar instaurado no Brasil com o golpe de 1964, que abrigava militantes de partidos da esquerda, incluindo o PCB.



Deputado estadual por dois mandatos



Concorreu às eleições de 15 de novembro de 1970, pelo MDB a uma vaga na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, sendo eleito com 17.226 votos, para a legislatura de 1971-1975, em uma bancada oposicionista de apenas 15 deputados contra 52 da ARENA, então partido governista.

Alberto Goldman foi vice-líder do então MDB entre 1971-1973, e em 1974. Integrou a comissão de Finanças de 1971 a 1973, sendo relator da Comissão Parlamentar de Inquérito sobre as universidades paulistas, em 1974.

Foi reeleito para o período de 1975-1979, com 74.731 votos, nas eleições de 15 de novembro de 1974 " o segundo mais votado entre todos os candidatos que concorreram a uma cadeira de deputado estadual.

Em 1973, Goldman foi escolhido entre seus pares para a liderança do MDB na Assembleia, exercendo a função entre 1973-1975.

Presidiu a CPI sobre a invasão da PUC pela Polícia Militar, em 1979. Com o fim do bipartidarismo, em novembro de 1979 e a consequente reformulação partidária, Goldman filiou-se ao Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB).



Deputado federal por seis vezes



Em 15 de novembro de 1978, foi eleito deputado federal com 101.863 votos, para a legislatura de 1979-1983, integrando a Comissão de Minas e Energia, em 1979. Foi reeleito deputado federal, pelo PMDB, em 15 de novembro de 1982, com 106.844 mil votos, participou das Comissões de Economia, Indústria e Comércio, exercendo a função de segundo-vice-presidente no período de 1980-1981, e vice-presidente na de Finanças. Foi secretário-geral do diretório regional de seu partido entre 1980-1985. No ano de 1984, fez parte da delegação oficial da Câmara Federal que visitou a União Soviética.

Em 25 de abril de 1984 votou a favor da emenda Dante de Oliveira, que propunha o restabelecimento das eleições diretas para presidente da República em novembro daquele ano. Mas faltaram 22 votos para que a emenda fosse aprovada. No colégio eleitoral, reunido em 15 de janeiro de 1985, Alberto Goldman votou no candidato de oposição Tancredo Neves, eleito novo presidente da República pela Aliança Democrática, uma união do PMDB com a dissidência do Partido Democrático Social (PDS), abrigada na frente liberal. Tancredo, por doença, não tomou posse, vindo a falecer em 21 de abril de 1985. O vice Jose Sarney vinha exercendo interinamente a presidência desde 15 de março daquele ano.

Em agosto de 1985, Goldman deixou o PMDB filiando-se ao PCB, cuja liderança exerceu até 1987. Nas eleições de 15 de novembro de 1986, apoiou o candidato do PMDB ao cargo de governador de São Paulo Orestes Quércia, que saiu vitorioso. Candidato à reeleição pelo PCB, Goldman não logrou êxito.

Com a posse de Quércia no governo em março de 1987, Alberto Goldman foi convidado a ocupar o cargo de Secretário Especial de Coordenação de Programas de Governo. Em agosto do mesmo ano decidiu retornar ao PMDB, e no ano seguinte deixou a Secretaria, passando a presidir a Comissão de Reforma Administrativa do Estado de São Paulo, sendo também, secretário da Administração do Governo estadual, entre 1988-1990.

Nas eleições de 3 de outubro de 1990, foi eleito pelo PMDB ao mandato de deputado federal, com 37.856 mil votos. Entre 1991 a 1992, presidiu a Comissão Especial sobre o projeto de lei a respeito da propriedade industrial; foi titular da Comissão Especial sobre o sistema previdenciário; e suplente da Comissão de Constituição e Justiça e de Redação, e da Comissão Especial de crimes de responsabilidade do presidente da república. Nesta última, dedicou-se a investigar a situação do então presidente Fernando Collor de Mello, suspeito do crime de responsabilidade em razão do envolvimento do ex-tesoureiro de sua campanha, Paulo César Farias, na montagem de um esquema de corrupção dentro do Governo Federal.



Ministro dos Transportes



Com o afastamento de Collor e a posse de Itamar Franco como presidente da República, Alberto Goldman foi nomeado ministro dos Transportes. Nesse cargo apoiou a aprovação no Congresso Nacional da Lei de Modernização dos Portos, e apresentou ao presidente Itamar a minuta para a participação da iniciativa privada no transporte interestadual e extinção do sistema de concessões vigente, a fim de quebrar os monopólios exercidos por poucas empresas. Em 20 de dezembro de 1993, deixou a pasta e retornou a Câmara Federal. Ainda nessa legislatura votou contra o fim do voto obrigatório e a favor da criação do Fundo Social de Emergência (FSE).

Candidatou-se novamente a deputado federal em 3 de outubro de 1994, sendo eleito com 61.244 mil votos, pelo PMDB. Na Câmara dos Deputados presidiu a Comissão Especial de análise do monopólio do petróleo, que regulamentaria a quebra do monopólio estatal da Petrobrás. No exercício do cargo, solicitou três pareceres jurídicos, aos ministérios da Justiça e de Minas e Energia, e à própria Câmara justificando a aprovação da Emenda Constitucional que quebrou o monopólio estatal. Ainda em 1994, foi relator adjunto da Revisão Constitucional, encarregado de elaborar as propostas de ordem econômica.

Em 1995 seu nome foi lançado por para a presidência do PMDB, contra a candidatura do deputado Paes de Andrade, que acabou vencendo por apenas um voto. Concorreu na chapa de José Aristodemo Pinotti, como candidato a vice-prefeito de São Paulo, no pleito que elegeu Celso Pitta como prefeito municipal da Capital paulista. Em 1996, participou da Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público. Em setembro de 1997, deixou o PMDB filiando-se ao Partido da Social Democracia Brasileira - PSDB.

Novamente eleito deputado federal em 4 de outubro de 1998, agora pelo PSDB, obteve 70.472 votos para a legislatura de 1999-2003, sendo vice-presidente do Diretório Nacional do seu partido nesse período. Na Câmara Federal presidiu a Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização, em 2000.

Reeleito mais uma vez em 6 de outubro de 2002, pelo PSDB, com 165.349 votos, exerceu seu mandato para o período de 2003-2006. Foi vice-líder da bancada na Câmara dos Deputados entre 2003-2004.



Vice-governador



Fez parte da chapa majoritária ao Governo de São Paulo, encabeçada por José Serra, que concorreu às eleições realizadas em dois turnos, em 1º de outubro e 29 de outubro de 2006. Tomaram posse em 1º de janeiro de 2007, sendo o vice-governador Goldman nomeado também para exercer o cargo de secretário de Estado do Desenvolvimento.

Com a desincompatibilização de José Serra para concorrer à presidência da República, Alberto Goldman assumiu o governo do Estado de São Paulo.

Alberto Goldman é casado em segundas núpcias com Deuzeni Trisoglio com quem teve dois filhos. Do primeiro casamento teve três filhos.

É autor dos livros: Caminhos de luta: peripécias de um político na democracia relativa - São Paulo - Núcleo de Divulgação Editorial, 1978; e de Nos tempos da Perestroika - São Paulo - Editora Três, 1990.



*Antônio Sérgio Ribeiro, é advogado e pesquisador. Diretor do Departamento de Documentação e Informação da Assembleia Legislativa de São Paulo.

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