A escultura de Alayde: uma equilibrada tensão através da abstração das formas humanas

Emanuel von Lauenstein Massarani
01/06/2004 14:00

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Alayde<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/hist/Alayde.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Obra Família<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/hist/Alayde FAMILIA.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Ao centro da obra da escultora Alayde encontra-se o ser humano com suas alegrias, suas dores, seus sonhos. Mesmo permanecendo fiel a seus temas, a artista renova sua criatividade escultural e aproveita para formar novas dimensões. Ela se exprime reduzindo impressões e emoções pesquisadas de formas originais. Usando o polimento da patina de bronze sobre o alumínio, a escultora ressalta as formas e os volumes.

Na obra dessa escultora - recente na arte - existe um tipo de composição orgânica que se torna possível por meio da abstração das formas da figura humana. Preocupada pelo contorno dessas formas, sua característica é a deformação ondulada do volume, o arredondamento pleno é constituído de uma equilibrada tensão.

Com sensibilidade e delicada finesse, faz nascer uma epiderme em volta de suas esculturas, valorizando assim a própria liga de alumínio e bronze até recentemente pouco usada. Alayde surpreende o espectador pela amplitude do volume de suas peças e pela simplicidade das articulações que as tornam atraentes.

Da arte clássica, após um giro pela geografia etrusca, a artista emerge com a firme vontade de criar uma obra onde o ritmo dos plenos e dos vazios está inscrito numa linha de sensibilidade, sem cair em decorativismos banais. Seus conteúdos parecem se definir na analise da relação entre uns e outros: a obra "Família", doada ao Acervo Artístico da Assembléia Legislativa, evidencia a relação entre mãe, pai e filho e seu estreito entrelaçamento no seio da coletividade.

A Artista

Alayde, pseudônimo artístico de Alaides Puppin Ruschel, nasceu em Araguaia, no Espírito Santo, em 1931. Iniciou-se nas artes com a freira Irmã Letícia, formada em arte no Vaticano. Realizou estágios no atelier de Luiz Olinto, em Goiânia, e cursos avulsos de história da arte, desenho e criatividade com os artistas Norma Grimberg, Egas Francisco, Ennio Ângelo e Vera Pavanelli, todos no Estado de São Paulo.

Engenheira agrônoma de profissão, trabalhou sempre com argila. Suas pesquisas foram realizadas durante 38 anos na área de microbiologia do solo, portanto lidando com terra. Ao dedicar-se a arte passou a elaborar obras em terracota e finalmente transformando-as em esculturas em bronze, alumínio e resina.

Participou do 52º e 54º Salão Paulista de Belas Artes, onde recebeu menção honrosa e medalha de bronze; Salão de Arte Contemporânea de Roma, Itália, onde obteve I e IV prêmio. No Brasil, realizou exposições em São Paulo, Goiás, Espírito Santo e Rio de Janeiro e no exterior teve mostras em Portugal e na Itália, onde participou do prêmio "Primavera" em Roma e na Mostra "Itália-Brasile", em Palombara Sabina.

É autora do troféu Fundiarte, outorgado anualmente pela Associação Piracicabana de Artes Plásticas. Fundou o Espaço Arte 3 em Caraguatatuba, onde, na época do verão, organiza exposições de artistas jovens e de renome.

Entre as obras colocadas em espaços públicos destacam-se o Monumento ao Semeador, no Parque da Embrapa, em Goiânia, e dois painéis em terracota "Mãe e beija flor" e "Fundo do mar", no condomínio Solarium, em Caraguatatuba. Possui obras em coleções particulares e oficiais em Portugal, Itália, Austrália, Canadá, Estados Unidos e, no Brasil, nos Acervos do Museu Luis de Queiroz e na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo.

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