Obrigado, PT!

Opinião
28/09/2005 19:57

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Milton Flávio<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/03-2008/MiltonFlavio7.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Ninguém ainda sabe ao certo de que tamanho o PT e Lula sairão da crise em que meteram o país. Uma coisa é certa: salvo engano medonho, eles sairão bem menores do que entraram. O que será ótimo para o fortalecimento das instituições, excelente para o amadurecimento político de largas parcelas do eleitorado e para o desenvolvimento do Brasil.

Quanto menor for o PT, melhor para a democracia. Porque o seu encolhimento será fruto da desilusão na crença, por muita gente ainda nutrida, de que a soma de despreparo cultivado ao longo de mais de duas décadas com messianismo de garrafão poderia resultar em alguma coisa que prestasse. Tal convicção só poderia embalar corações e mentes dos simplórios e os interesses nada ingênuos daquela turma que acredita que os fins justificam plenamente os meios, especialmente se ambos (fins e meios) lhes trouxerem vantagens pessoais.

Aqui, estamos diante de um paradoxo. Ao promoverem as lambanças de que nos dão conta as investigações em curso " e que contribuem para o achincalhamento do Parlamento ", o PT e seu governo, ainda que involuntariamente, estão contribuindo para o amadurecimento de nossa democracia. Não que fosse este o objetivo de ambos. Ao contrário. Para eles, a democracia é um detalhe, um obstáculo a ser superado. Neste ponto, são didáticos como o foi Fernando Collor de Mello, que, a exemplo do atual presidente, se imaginava salvador da pátria. É certo que devemos defender e fazer sempre o contrário do que um e outros pregam e fazem. O que eles nos oferecem é uma espécie de didatismo às avessas.

A contribuição a que me referi no parágrafo acima está dada pelas ilusões que se encerram. E a primeira delas é a de que possa haver qualquer agrupamento político que detenha, por assim dizer, o monopólio do que quer que seja, muito menos ainda da ética. Duvido de que uma parte expressiva dos eleitores de Lula e do PT, nas eleições de 2002, volte a lhes dar crédito, a levar a sério suas falações inconseqüentes. Isso se voltar a lhes dar um dia. Os reis absolutos da ética ficaram nus " alguns, segundo o noticiário, com um Cohiba entre os dedos e ladeados por recepcionistas da senhora "Córner".

A segunda ilusão que Lula e o petismo estão a sepultar é a de que o despreparo intelectual e a falta de vocação para o trabalho possam ser substituídos, com vantagens, pela retórica oca somada à tal da vontade política. Deu no que deu. Onde estão, afinal, os projetos redentores que a propaganda mentirosa de Duda Mendonça alardeava? Se eles existissem " e jamais existiram " seriam igualmente inúteis. Porque o presidente não tem paciência para aprender nada que exija algum esforço intelectual. Logo, também não saberia o que fazer com eles.

Por fim, após o dilúvio petista, acredito que crescerá ainda mais a demanda da sociedade pela verdade, pela apresentação por parte dos candidatos de uma plataforma que tenha pé e cabeça, que tenha chances de ser aplicada, que não seja uma triste farsa.

Devemos ser gratos ao petismo. E fazer sempre o contrário do que ele prega.

Milton Flávio* é professor de Urologia da Faculdade de Medicina da Unesp, em Botucatu, deputado estadual pelo PSDB e vice-líder do governo na Assembléia Legislativa de São Paulo

miltonflavio@al.sp.gov.br

www.miltonflavio.org

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