A capacidade de criar imagens mediante o uso de pequeninas manchas cromáticas é prerrogativa de uma sensibilidade artística pouco comum. Mitsutaka Kogure, paralelamente às límpidas paisagens em aquarela, obteve também na pintura a óleo brilhantes efeitos atmosféricos. Com espontaneidade, experimentou ambos os meios expressivos.Cada etapa estilística percorrida pelo artista representa sempre uma fonte e um pretexto para o conhecimento, além do aprofundamento de uma pesquisa com a qual inseriu, no contexto artístico em que viveu, um discurso verdadeiramente pessoal.De um sentimento de liberdade que emerge do fundo cinza da existência cotidiana, a cor contida em suas tonalidades forma plasticamente os temas símbolos que, movidos por certo tachismo, despertam em nós forças sadias de há muito deixadas no fundo da alma.Por amor e escolha, o artista realizou através da pintura uma verdadeira viagem naturalística. Cada obra a óleo ou aquarela constitui a síntese de expressões e sentimentos em que a cor possui uma musicalidade particular, que vai além do significado de estímulos visuais.Inspirado pelos valores ambientais e climáticos do nosso hinterland, adotou um tonalismo, tendo a atmosfera como único denominador comum. Seguindo a fórmula dos impressionistas, utilizou na pintura meias tintas, luzes e tremores das formas que se transformam numa luminosidade envolvente.A aquarela Paisagem mineira, doada ao Acervo Artístico do Parlamento paulista, é testemunho da espontaneidade com que Mitsutaka Kogure observa e interpreta os diversos lugares da natureza e que se tornou um fato livre e de harmonioso instinto emotivo. O Artista Mitsutaka Kogure nasceu em 1938, em Gunma, Japão, e morreu em São Paulo, em 2002. Veio para o Brasil em 1960, fixando residência na capital paulista, onde instalou o seu próprio ateliê. Sua primeira exposição, intitulada Hakugitsu, foi realizada no Museu de Arte de Tóquio, no ano de 1955, seguindo-se sua participação no 2º Salão Shinseiki, naquele mesmo museu, em 1957. Participou, ainda, das seguintes exposições: Salão Seibi (1960 e 1968); Aliança Cultural Brasil-Japão, Museu de Arte de São Paulo (1961); VII Bienal de São Paulo (1963); Salão Esso, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (1965); Salão de Abril, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (1966); Galeria Azulão, São Paulo (1968); Aliança Francesa de Santos e Galeria Fujigo Cetan, Japão (1972, 1973 e 1976); Galeria Orientaru Nakamura, Nagóia, Japão (1976); Exposição de Belas Artes Brasil-Japão (1977); "Imigração 70", Centro Campestre do Sesc (1978); Gunma Kenmem Kaikan Maebasi, Japão (1981); Mostra do Museu de Arte de São Paulo no Japão (1982); "Panorama 83", Museu Central de Tóquio, Japão (1983); Galeria Paulista, São Paulo, e Takasaki Suzuran Depato, Japão (1984 e 1985); Outa Simin Kaikan, Gunma, Japão (1987); Artistas Nikkeys dos Estados Unidos e do Brasil, São Paulo, e 40° Aniversário de Fundação do Jornal Paulista (1987). Entre seus prêmios destacam-se: Prêmio Prubbu, Salão Icen Bigitsu, Museu de Arte de Tóquio (1955); Prêmio Doryoku-sho, Salão Icen Bigitsu, Museu de Arte de Tóquio (1958); Medalha de Prata, Salão Seibi, São Paulo (1963); Prêmio Doryoku e Holbein, 14º Salão Icen Bigitsu I. N. Museu de Arte de Tóquio, e Medalha de Ouro, Salão Seibi, São Paulo (1964); Prêmio Singin, 15º Salão Icen Bigitsu, Museu de Arte de Tóquio (1965); Prêmio Cultura, 16º Salão Icen Bigitsu, Museu de Arte Tóquio (1966); Prêmio Singin, 17° Salão Icen Bigitsu, Museu de Arte de Tóquio (1967); Prêmio 20° Aniversário, Salão Icen Bigitsu, Museu de Arte de Tóquio (1970); Medalha de Ouro, Salão Bunkyo, "150 Anos de Independência do Brasil" (1972); Grand Prix e Aoikoguesha, 23° Salão Icen Bigitsu, Museu de Arte de Tóquio (1973); Prêmio Yomiuri, Salão de Gunma, Museu de Arte Moderna, Gunma (1976).Quando da visita ao Brasil da princesa Sayaka, do Japão (1995), e de membros da família imperial japonesa (1997), foram doadas obras especialmente encomendadas ao artista.