Opinião - Raves: o risco continua


01/04/2011 18:54

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No ano passado, critiquei em muitos momentos as chamadas festas raves, eventos com música eletrônica que geralmente são regados a bebidas e muitas drogas. Também destaquei uma nova modalidade do evento, tema de uma reportagem especial exibida no ano passado pelo programa Fantástico, da TV Globo, uma festa que teria também brinquedos radicais. O problema é que a mistura de música eletrônica, bebida à vontade, maconha, cocaína, ecstasy e, agora, brinquedos radicais elevam os batimentos cardíacos e tornam a "brincadeira" ainda mais perigosa.

As festas ao ar livre que ocorrem no interior já foram sinônimo de pessoas dançando com roupas que brilham no escuro ao lado de currais e pastos, e isso por dias sem parar. Na década de 90, o estilo saiu da Europa e virou moda em países como o Brasil. Mas hoje, as raves como as de décadas atrás saíram de moda por conta da forte fiscalização da Polícia Militar e mesmo das prefeituras. Essas festas alcançaram uma popularidade muito grande, reunindo muitas pessoas nesses locais, o que tornou ainda mais difícil qualquer tipo de fiscalização. Hoje, o chamado "psy trance" reúne várias "tribos" nas baladas eletrônicas, e não se resume mais a uma festa apenas de "clubbers".

Esse tipo de evento tem enchido o bolso do empresariado e colocado em situação de risco muitos jovens. No sábado, 2/4, ocorre um festival eletrônico "open air" (ao ar livre) na Fazenda Maeda, em Itu, cerca de 70 quilômetros de São Paulo. No ano passado, o local foi cenário do SWU Music & Arts Festival, que apresentou grandes nomes da música mundial, reunindo mais de 150 mil pessoas durante seus três dias de duração. O evento uniu também especialistas, pensadores, políticos, empresários e representantes de entidades não governamentais para discutir com o público alguns dos principais temas da sustentabilidade no século 21.

Hoje, as raves têm mudado sua roupagem, mas continuam unindo milhares de pessoas em um mesmo espaço, e onde há grande aglomeração de jovens "curtindo" quase sempre ocorrem cenas como as que vimos nas grandes festas ao ar livre que ocorreram no ano passado no interior paulista. Os programas de TV mostraram jovens quase que em coma alcoólico, caídos e tremendo no chão ou mesmo com overdose por causa da mistura de vários tipos de drogas ilícitas. Só que dentre esses jovens estão também alguns menores de idade. E os pais, será que sabem onde seus filhos estão?

Em 2007, eu apresentei aqui na Assembleia o Projeto de Lei 1.346, que proíbe a realização de festas por mais de dez horas ininterruptas, mas enquanto esse PL não é aprovado encaminhei nesta semana à Secretaria de Segurança Pública um ofício pedindo uma fiscalização intensa na festa do dia 2/4, mobilizando, inclusive, o ativo da Política Militar do Estado. Essa seria uma maneira de evitar o uso de entorpecentes e a venda de bebidas alcoólicas aos menores. É importante evitar os excessos e fazer valer a legislação penal.

Festas como essas têm levado jovens a uma espécie de "curtição" sem limites. Os eventos preocupam principalmente os pais que temem que os seus filhos não voltem, só que eles nem sempre sabem onde seus filhos estão. Infelizmente, entorpecentes como o ectasy e o LSD circulam livremente e complementam o momento de euforia que a música provoca. Só que essa mistura pode ser fatal. Espero que sejam tomadas providências para que tragédias não se repitam.



*Gilmaci Santos é deputado estadual pelo PRB, presidente estadual do partido e líder da bancada na Assembleia.

alesp