MULHER E TRABALHO NO SÉCULO XXI


14/03/2005 16:57

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"Não paro o dia inteiro. A casa está de ponta cabeça e quase não vejo as crianças!"

Essa frase que já pronunciamos milhares de vezes, carrega o sentimento de culpa de inúmeras mães trabalhadoras por esse mundo afora. Para nós, curtir a maternidade, manter o lar e exercer uma profissão ao mesmo tempo, nessa tripla jornada maluca é um verdadeiro exercício de malabarismo.

De fato, desde a década de 60, vem crescendo rapidamente o número de mulheres trabalhadoras. Já temos hoje, duas trabalhadoras para cada três homens nessa condição.

Os motivos diversos, vão desde os demográficos, queda da natalidade e aumento da população feminina em idade laboral, passa pelos econômicos, famílias precisando de maior massa salarial para sustentar o consumo, até os motivos sociais, onde aumenta cada vez mais o número de mulheres que se auto sustentam, ou que viraram chefes de família por separação ou divórcio.

Cabe citar também os avanços da educação para o sexo feminino nas últimas décadas e o fim das restrições legais do exercício de algumas profissões (polícia, magistratura, diplomacia, forças armadas), antes restritas aos homens.

Hoje a mulher deve ser a melhor profissional, com o reconhecimento, o salário e as exigências profissionais de um homem; deve ser mãe, com todo carinho e responsabilidade, mas sem culpa; e dar tempo a si mesma, para cuidar-se, manter-se atualizada, cultivar seu espírito e suas amizades. E como uma malabarista, cumpre essa empreitada doida, ela sozinha, apesar de tudo e de todos.

Porém, a vida não é um circo. No desafio de combinar família e trabalho, a mulher não deveria ser um personagem solitário. E nem o homem.

A mulher não entrou no mercado de trabalho por capricho. Sua contribuição e importância histórica nesse feito são indispensáveis para o desenvolvimento de toda a sociedade moderna. Portanto, os governos, as empresas, as leis e todas as entidades deveriam favorecer sua inserção digna no mercado de trabalho.

A composição familiar também não é um reduto exclusivo da mulher. A família, os filhos são a base de uma sociedade perene. Aos executivos que renegam suas funcionárias quando grávidas, cabe perguntar, quem vai pagar suas pensões e aposentadorias quando encerrarem sua vida ativa.

Assim, equilibrar família e trabalho não é um problema das mulheres - é um problema de todos. Somos todos responsáveis em criar e manter as estruturas necessárias para que pais e mães possam dedicar o tempo justo ao trabalho e mais o precioso tempo à família.

Em nosso imenso Brasil, com 52% de mulheres, há muita justiça por fazer, e nenhuma delas deveria ser obrigada a ser artista de circo para tocar a vida.

Não se trata de montar uma cruzada feminista, mas de algo muito mais profundo - de criar, desejar, construir e desfrutar de uma nova cultura da família, que transformará a mulher, o homem e os filhos. A semente dessa nova cultura é o reconhecimento das diferenças na igualdade de oportunidades ao trabalho da mulher.

*Deputada Estadual de São Paulo (PSDB)

alesp