Bananal, a terra do Ouro Verde

Estâncias Paulistas
23/07/2010 17:15

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Fazenda dos coqueiros<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/07-2010/bananal - FAZENDA DOS COQUEIROS.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

A ocupação do Vale do Paraíba data do final do século 17 e início do 18, na época do Brasil Colonial, quando o ouro extraído de Minas Gerais, e depois de Goiás e Mato Grosso, passava pela região em direção ao porto de Parati, de onde seguiria rumo à Europa. Ao longo do percurso, foram aparecendo povoados que serviam de pouso para viajantes, tropeiros comerciantes de gado do Rio Grande do Sul para abastecer a região. Para facilitar a comunicação com o porto do Rio de Janeiro foi criada uma estrada. E aqueles que participaram de sua construção foram aquinhoados com sesmarias. A estância de Bananal, a 273 quilômetros de São Paulo, foi destinada a João Barbosa Camargo e sua mulher. Em 1783, o casal erigiu uma capelinha tosca, em torno da qual cresceu um povoado.

No início do século XIX, chegou à região a cultura do café, chamado de "ouro verde": as terras férteis e o clima propício da região atraíram grandes investimentos. A emancipação político-administrativa de Bananal ocorreu em 10 de julho de 1.832.

O nome Bananal é tido como uma corruptela da palavra indígena "banani", que significa "sinuoso", termo indígena que designava o traçado em curvas do rio local. Outra versão relaciona-se com os numerosos bananais que havia na região.

Em 1836 o segundo maior produtor de café de São Paulo era Bananal, que concentrava boa parte dos fazendeiros mais ricos do vale. A princípio, os lucros obtidos com o café eram aplicados na compra de mais escravos e ampliação da lavoura. Pouco a pouco as sedes de fazenda foram transformadas em palacetes, decorados com móveis e obras de pintores europeus. Além disso, famílias que moravam em fazendas distantes tinham casas na cidade para ocasiões especiais e festas. Lá sobrados luxuosos eram erguidos. Bananal chegou a ter duas bandas de música, formadas por escravos, especializadas em óperas européias.

Essa mudança de hábitos foi influenciada pela presença da corte portuguesa no Rio de Janeiro e, mais tarde, pela criação do Império. O Brasil já não era mais colônia e a emergente e poderosa aristocracia rural passou a adotar o código de conduta, a maneira de morar, se vestir e se expressar da corte francesa, a mais influente da época.

Em Bananal, os "barões do café" formavam a elite do Império. Com seu dinheiro depositado nos bancos de Londres, chegaram a avalizar empréstimos feitos pelo Brasil para a Guerra do Paraguai. Financiaram a construção da Estrada de Ferro Ramal Bananalense e trouxeram uma estação ferroviária inteira da Bélgica.



Maior reserva de mata atlântica

Bananal chegou a ter sua própria moeda particular e secreta, cunhada nos porões de uma fazenda local. As moedas, parte integrante da história regional, surgiram como única solução para a crise das moedas divisionárias nacionais, cuja escassez prejudicava o atendimento ao público que afluia aos guichês das estações, e para as folhas de pagamento da Estrada de Ferro e fazendas. Circulavam livremente de Bananal a Barra Mansa e eram aceitas, ainda que com desconfiança, na praça do Rio de Janeiro.

Mas o período de prosperidade obtido com o ouro verde chegou ao fim, quando as terras começaram a dar sinais de exaustão e as lavouras cafeeiras começaram a ocupar o oeste paulista, cuja produção teve seu escoamento facilitado pela abertura da ferrovia Santos-Jundiaí. Também a abolição da escravatura, em 1888, enfraqueceu ainda mais a economia local, e as pastagens para criação de gado tomaram o lugar dos cafezais. Na década de 50, mais um golpe. A abertura da Via Dutra, rodovia ligando São Paulo ao Rio de Janeiro, praticamente desativou a estrada dos tropeiros. As cidades da região se tornaram "cidades mortas", como escreveu Monteiro Lobato, que presenciou a decadência da região.

Nos dias de hoje, com população estimada em 10.822 habitantes, Bananal atrai turistas não só para conhecer sua história de pompa e riqueza, cujos testemunhos são os belos sobrados da cidade e os casarões de suas fazendas, como também para desfrutar das belezas naturais da serra da Bocaina, onde fica a maior reserva brasileira de mata atlântica.



Atrações a visitar

Farmácia Popular, Antiga Farmácia Imperial.

Fundada em 1830 por um boticário francês, tendo chegado às mãos, depois de sucessivos proprietários, do farmacêutico Ernani Graça, pai do atual proprietário. Recebeu um prêmio da Fundação Roberto Marinho como a mais antiga farmácia ainda em funcionamento no Brasil.



Chafariz de ferro

Em 1879 foi inaugurado no Bananal um chafariz de ferro. Destinado ao atendimento da população que ainda não contava com o serviço de água encanada, o chafariz, hoje restaurado, tem forma de coluna e é ornado com elementos barrocos.



Estação ferroviária

A estrada dos Tropeiros era a única ligação entre Bananal e a região do Rio de Janeiro. Os ricos barões do café, para facilitar o escoamento de suas produções, bancaram a construção do ramal bananalense com recursos próprios. A estação, única na América Latina, foi criada na Bélgica e trazida para o Brasil em partes para serem montadas na cidade. Tem cerca de 400m², é toda feita de metal, placas de aço pré-fabricadas, almofadadas, duplas, parafusadas, com dois andares, assoalho de pinho de riga, sala de visitas e outras dependências. A estação, desativada em 1964, foi restaurada preservando-se sua característica arquitetônica.



Fazendas

Resgate é a fazenda mais rica fazenda do ciclo cafeeiro. Só pode ser visitada com agendamento prévio, com ingresso de R$ 10,00 (estudantes, R$ 7,50). Serviu de locação para novelas.

Independência, fazenda de 1822, tem um mobiliário da época e é a única fazenda que serve o chá das 5h. O ingresso é de 6,00 por pessoa.

Boa Vista, de 1840, pertenceu a um grande fazendeiro do ciclo cafeeiro. O ingresso é de R$ 6,00 por pessoa. Também foi locaç~~ao de novelas.

Fontes: PM e CÂMARA DE BANANAL; http://bananal.net.br/index.php/turismo/roteiro-turistico-rural

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