Museu expõe acervo do móvel brasileiro


22/09/2008 17:10

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Cadeira Thonet - Doação: Cláudio Basile<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/09-2008/imgAcervoAmpliacaoXIX4.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Carrinho de chá Nômade - Design: Claudia Moreira Salles (1956)<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/09-2008/imgAcervoAmpliacaoXX8.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

O estilo neoclássico do solar, construído nos anos 40, ia na contramão da vanguarda arquitetônica moderna, que ganhava projeção no Brasil. Mas a partir de 1972 a mansão localizada nos Jardins (em São Paulo), que reproduz as linhas do Palácio Imperial de Petrópolis, assumiu papel inovador, ao passar a abrigar o Museu da Casa Brasileira (MCB), o único do Brasil destinado a mobiliário, ao design e à arquitetura.

Vinculado à Secretaria de Estado da Cultura, o MCB foi criado em 1970, com o nome de Museu do Mobiliário Artístico e Histórico Brasileiro. O nome atual foi dado em 1971, por sugestão de Sérgio Buarque de Holanda, um ano antes de a instituição transferir-se dos Campos Elíseos para a mansão erguida entre 1942 e 1945, para abrigar a residência do ex-prefeito Fábio da Silva Prado e sua esposa Renata Crespi Prado.

No acervo do Museu da Casa Brasileira estão presentes exemplares de mobiliário que datam desde o século 17 até o final do século 20. Há também objetos, como utensílios em cobre vindos do ateliê do pintor Pedro Alexandrino (que viveu em São Paulo no século 19). Entre as obras recentes integradas ao acervo da instituição estão a poltrona Mole (1957), de Sérgio Rodrigues; as cadeiras Paulistano (1957), de Paulo Mendes da Rocha; Girafa (1987), de Lina Bo Bardi, Marcelo Ferraz e Marcelo Suzuki; e o Bar Z"10-8 (1950), de José Zanine Caldas.

A coleção de peças utilitárias e objetos de arte reunida por Fábio e Renata Prado também faz parte do acervo do museu. Antes disperso em locais privados, o conjunto foi incorporado ao MCB em 1996. Brecheret e Portinari são alguns dos artistas com obras incluídas na coleção, que, segundo o site do museu, "resgata um momento da história paulistana, mostrando o perfil da elite da sociedade nos anos 40 e 50".

Ainda de acordo com texto da assessoria de comunicação do MCB, desde o início do ano passado, a área expositiva do acervo está reformada, com elaboração de nova museografia e restauro de 53 peças. Inaugurada em maio de 2007, a mostra permanente Coleção Museu da Casa Brasileira "procura valorizar cada peça, permitir melhor acesso ao público e possibilitar várias abordagens a partir de verbos como servir, sentar, descansar, dormir, guardar e rezar".

O museu abre espaço também para mostras temporárias ligadas ao design e à arquitetura. Até 14/9, por exemplo, está aberta a exposição fotográfica A Casa Xinguana, que apresenta moradias dos povos indígenas que habitam o Parque Nacional do Xingu. A instituição promove também, desde 1996, o Prêmio Design Museu da Casa Brasileira, um dos mais importantes do setor. Palestras, cursos e apresentações musicais complementam a lista de atividades culturais do museu.

Também faz parte do acervo do MCB o Fichário de Equipamentos, Usos e Costumes da Casa Brasileira, feito sob a coordenação do historiador Ernani Silva Bruno, o primeiro diretor da instituição. Trata-se de um abrangente levantamento sobre os usos e costumes da casa brasileira desde o século 16. As quase 29 mil fichas, disponíveis em formato digital no site www.mcb.sp.gov.br, englobam 24 temas (alimentação, costumes domésticos e mobiliário, entre outros) e foram recolhidas na década de 70 em relatos de viajantes, literatura ficcional, inventários e testamentos de famílias.

Desde junho de 2007, o Museu da Casa Brasileira é dirigido pelos arquitetos Miriam Lerner (diretora geral) e Giancarlo Latorraca (diretor técnico).



O solar



A residência Fábio Prado foi construída a partir de projeto do arquiteto paraense Wladimir Alves de Souza. A pedido de Renata, ele reproduziu as linhas do Palácio Imperial de Petrópolis, projeto dos discípulos de Grandjean de Montigny. Inspirou-se também nas vilas italianas de Palladio.

O edifício é constituído por um bloco central com dois pavimentos e duas alas laterais. Na construção, empregou-se alvenaria de tijolos rebocados, piso de arenito proveniente de Minas Gerais e mármore português. Na decoração, foram utilizados materiais importados, como o mármore do piso e os mosaicos italianos que revestem banheiros. A obra foi concluída em 1945.

Inicialmente, o solar estava implantado em uma das extremidades de um jardim com aproximadamente 15 mil m², reduzido ao longo do tempo por uma série de desapropriações e alterações urbanísticas. Mesmo assim, o atual jardim chama a atenção em região densamente construída. Em seus 6,6 mil m², há uma clareira central gramada, ladeada por mais de duas centenas de árvores, e uma trilha para caminhadas.

Os Prado ocuparam a residência por 18 anos, transformando-a num local de grandes recepções. Com a morte de Fábio Prado em 1963, sem herdeiros, Renata deixou a casa e em 1968 transferiu sua posse à Fundação Padre Anchieta. Esta, por sua vez, cedeu o prédio em comodato à Secretaria da Cultura em novembro de 1970.

O Museu da Casa Brasileira fica na avenida Brigadeiro Faria Lima, 2.705, próximo das avenidas Europa e Cidade Jardim. Entre suas facilidades, conta ainda com um restaurante com vista para o jardim.



Sites consultados: www.mcb.sp.gov.br e www.wikipedia.org.br

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