Comissão de Segurança discute violência nos estádios


02/04/2008 20:29

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Paulo Castilho, promotor de Justiça<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/04-2008/COM SEG PUBL PauloSergioCastilho-PromJust+VicenteCandido mmy.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Marco Aurélio Klein<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/04-2008/COM SEG PUBL MarcoAurelioKlein-FedPauFutebol (6)MMY.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

O coordenador executivo da Federação Paulista de Futebol (FPF) e membro da Comissão Paz no Esporte, Marco Aurélio Klein, e o promotor de Justiça Paulo Castilho defenderam nesta quarta-feira, 2/4, na Comissão de Segurança Pública (CSP), a necessidade de melhor entrosamento entre poder público, clubes e estádios para o enfrentamento da situação de violência nos jogos de futebol.

Os dois convidados manifestaram a expectativa de que a comissão, ao tomar a iniciativa de debater o assunto, seja protagonista na construção de uma agenda de entendimentos entre os diversos segmentos envolvidos.

Paulo Castilho considerou que São Paulo precisa de medidas urgentes que coíbam a violência, sob pena de ser prejudicado no momento em que o país se apresenta como candidato a sediar um campeonato mundial de futebol. Ele destacou a necessidade de revisão da legislação, de uma vara judiciária específica e de entendimentos com o comando da PM para aprimorar o trabalho policial. Além disso, considerou a urgência de um diálogo com a Secretaria de Esportes, tendo em vista a implantação de um projeto piloto em São Paulo que permita o cadastramento dos associados às torcidas e a construção de um banco de dados com gestão das informações para a prevenção da violência. Segundo o promotor, o Ministério do Esporte tem verba disponível para o projeto, faltando apenas que o governo do Estado se disponha a estabelecer um convênio nesse sentido.



Quebrar paradigmas



Ao apresentar uma síntese do relatório final da Comissão Nacional de Prevenção da Violência para a Segurança dos Espetáculos Esportivos, criada pelo governo federal em 2004 e conhecida como Comissão Paz no Esporte, Klein afirmou que para coibir atos de violência e abrir oportunidades para o esporte é preciso quebrar paradigmas. Como exemplo, disse que, em 30 mil pessoas presentes num estádio, 300 envolvem-se em violência, e "aí não se trata de torcedores, são vândalos que têm a seu favor a impunidade".

Klein lembrou que o caos vivido nos estádios da Inglaterra até os anos 70 só foi superado com um trabalho de longo prazo, que conjugou tolerância zero em relação a qualquer crime ou ilegalidade nas atividades ligadas ao esporte e um competente trabalho de organização e segurança, com a criação de unidades de inteligência do futebol dentro da polícia e gerentes de segurança nos clubes.

No entender de Klein, sociólogo que há 20 anos estuda o problema da violência nos esportes, a segurança nas partidas de futebol - um evento privado - é responsabilidade dos organizadores e que as torcidas organizadas são mais efeito do que causa. Ele acusou, ainda, a falta de cumprimento das leis já existentes, a falta de infra-estrutura nos estádios, no monitoramento de informações e na qualificação em recursos humanos, inclusive dos policiais.



Debates e agenda



Abertos os debates, o presidente da comissão, Conte Lopes (PTB) falou das dificuldades do trabalho da PM na segurança das partidas de futebol, lamentou que em muitas situações os policiais acabam apenas "entrando na briga" e considerou preocupante o fato de que, em 23 assassinatos ocorridos na capital em situações ligadas ao futebol, apenas uma pessoa foi presa.

Destacando a importância das propostas apresentadas pelos convidados, Antonio Carlos (PSDB) propôs que a comissão seja "a porta de entrada para o aperfeiçoamento da legislação afeta ao esporte no Estado de São Paulo". Já o deputado João Barbosa (DEM) ressaltou a inabilidade de alguns setores da imprensa que acabam dando publicidade excessiva aos atos de vandalismo e notoriedade aos envolvidos.

A proposta de debater o assunto surgiu durante visita que membros da comissão fizeram à FPF, a convite do presidente da entidade, Marco Polo Del Nero. O deputado Vicente Cândido (PT) também acompanhou a visita e a reunião desta quarta, e propôs que sejam convidados para reuniões próximas o comandante da Polícia Militar, o secretário estadual e o ministro do Esporte.

alesp