Crime contra quem não fez nada

OPINIÃO - Afanasio Jazadji
17/09/2003 15:23

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Em Itu, o garçom Valdiney Sabino da Silva esteve preso durante 16 dias como suspeito do assassinato do empresário José Nelson Schincariol, dono da Cervejaria Schincariol, ocorrido em 18 de agosto. Os verdadeiros criminosos foram presos e, assim, ficou configurado mais um caso de despreparo e injustiça envolvendo vários setores da comunidade. Um dia depois do crime, o garçom foi detido. O álibi apresentado por ele não foi considerado pela polícia: a mãe do rapaz, Lourdes Marques da Silva, jurava que o filho estava em casa na hora do crime. O fato de Valdiney já ter uma passagem pela polícia, pesou na acusação policial. Sem mandado judicial, policiais do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), invadiram a casa da mãe do garçom em busca da arma do crime. Reviraram gavetas e armários, quebraram objetos, mas não encontraram nada. Apesar disso, foi pedida a decretação de prisão temporária de Valdiney ao juiz José Azevedo Minhoto, da 2ª Vara de Itu, que atendeu à solicitação policial.

Na verdade, ninguém presenciara as condições em que o crime ocorreu e Valdery chegou a apanhar para confessar o "crime". Em 1.º de setembro, uma quadrilha foi detida e confessou o assassinato de Schincariol. Mesmo assim, o garçom não foi imediatamente libertado. Ao sair da cadeia, ele disse que pretende ir à Justiça em busca de indenização. O poder público tem mesmo de pagar por essa trapalhada.

Afanasio Jazadji é radialista, advogado e deputado estadual pelo PFL

alesp