A visualização enigmática de Ernesto Piva: um mundo de imagens em metamorfose

Emanuel von Lauenstein Massarani
24/06/2004 14:00

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Ernesto Piva<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/hist/Ernesto Piva.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Obra Paulicéia<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/hist/Ernesto Piva Paliceia.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Todas as ações artísticas de Ernesto Piva são determinadas por sua cultura, por sua natureza sensível e emotiva, por seus estados mentais perfeitamente lúcidos. Esses aspectos psicológicos conferem um desenho linear ao seu caráter e às suas produções, à sua reserva de homem.

Em sua obra prevalece uma grande dignidade na concordância com os temas alegóricos ou universais, que resgatam a função ética do seu agir, descobrindo, ainda, aquela que pode ser considerada sua constante de base: uma pureza que o guia e o acompanha com empenho e perseverança.

A visualização que o artista nos propõe está próxima à enigmática. A sua alusão se refere, em realidade, ao enigma de um mundo de imagens confiadas a tecnológicas metamorfoses, que multiplicam as dimensões, destacam os valores gráficos e semânticos, ampliam a espessura da bidimensionalidade das matrizes cromáticas e produzem uma possível trama de mensagens, confiando-a ao comportamento da luz no ambiente.

Posteriormente, essa morfologia plástica se desenvolve por extrapolação e o relevo se destaca do plano até transformar-se em emblemáticas imagens. As cores emitem notas matéricas no silêncio metafísico dessas límpidas "redes de significados".

Em suas obras - entre pinceladas e espatuladas de base - longas e harmoniosas e o traço forte da construção volumétrica, se inserem pontos que possuem, muitas vezes, a dupla função de centro de equilíbrio e de sugestão para criar imagens.

Na obra "Paulicéia: referência 889" doada ao Acervo Artístico do Palácio 9 de Julho, a composição cromática, as dinâmicas prospectivas, o jogo dos claros e escuros, encontram nesse motivo comum o parâmetro e a plena fusão. Nela se manifesta, sobretudo a ansiedade da dimensão humana que nas telas de Ernesto Piva está presente como uma exigência urgente e estimulante da maturidade artística.

O Artista

Ernesto Piva nasceu em Loreo, província de Rovigo (Itália), em 1929. A partir de 1940, dedica-se à arte, freqüentando e convivendo com importantes artistas italianos como De Chirico, Bruno Cassinari, De Pisis, entre outros.

Está radicado desde 1953em São Paulo, onde iniciou sua carreira como ilustrador de cartazes para cinema e jornais. Durante 35 anos dedicou - se, na área industrial, atuando 10 anos em arquitetura de interiores como designer de móveis e objetos.

Depois de 35 anos de ausência retornou à Itália para repensar sua atitude frente à arte. Ao regressar ao Brasil, se desfez das suas indústrias e assumiu a pintura definitivamente como seu objetivo principal.

Participou de inúmeras exposições e instalou seu primeiro atelier à rua Gabriel Monteiro da Silva. Por volta de 1995 transferiu seu atelier para o Morumbi, onde criou o Centro Ítalo-Brasileiro de Arte, um espaço perfeito para expor sua obra, reunir artistas italianos e brasileiros e coordenar atividades de ensino da pintura.

Possui obras em acervos oficiais e particulares, na Itália e no Brasil, notadamente na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo.

alesp