"Independência ou Morte": o brado em São Paulo ainda vibra no coração dos brasileiros

7 de Setembro de 1822
04/09/2008 17:41

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Independência ou Morte<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/09-2008/M GRITO.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Sarcofago do Imperador <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/09-2008/M SarcofagodoImperador.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Dom Pedro <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/09-2008/M Quadro D Pedro I.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Dom Pedro ao piano <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/09-2008/M pedropiano.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

O Vale do Paraíba foi a única região no Brasil a participar diretamente dos acontecimentos que culminaram com a separação do Reino do Brasil do Reino de Portugal, no dia 7 de setembro de 1822, na histórica colina do Ipiranga, em São Paulo. Naquela tarde, os vale-paraibanos que acompanhavam o príncipe regente foram testemunhas oculares dos atos do fundador do Império do Brasil.

Foi no dia 14 de agosto de 1822 que partiu o príncipe D. Pedro I do Rio de Janeiro com uma pequena comitiva montada em mulas e integrada por seu secretário Luiz Saldanha da Gama, mais tarde Marquês de Taubaté, pelo tenente Francisco Gomes da Silva (Chalaça), pelo major Francisco de Castro Canto e Mello, ajudante-de-ordens e cronista da viagem, e pelos criados do paço, João de Carvalho Raposo e João Carlota, em direção à Real Fazenda de Santa Cruz, onde pernoitaram.

Após várias paradas para pouso ao longo do caminho percorrido no Vale do Paraíba, Dom Pedro seguiu para a capital da província, onde foi recebido em 25 de agosto, pelo bispo, por autoridades da câmara municipal e grande multidão.

Dom Pedro tratou logo de reorganizar o governo de São Paulo, ordenando que Francisco Inácio de Souza Queiroz e o intendente de Santos, Miguel José de Souza Pinto, implicados nos acontecimentos de 23 de maio, seguissem para o Rio de Janeiro. Nomeou então, como seu oficial de gabinete, Joaquim Floriano de Toledo. O príncipe permaneceu alguns dias em São Paulo recebendo a hospedagem que lhe haviam preparado o brigadeiro Manoel Rodrigues Jordão e o coronel Antonio da Silva Prado.

Restabelecida sua autoridade e apaziguados os ânimos na capital da província, partiu Dom Pedro e sua comitiva no dia 5 de setembro para a cidade de Santos, com a finalidade de fiscalizar as obras nas fortalezas e visitar familiares de José Bonifácio de Andrada e Silva.

Ao entardecer do dia 7 de setembro de 1822, os mensageiros enviados pela princesa Leopoldina e por José Bonifácio encontraram a comitiva do príncipe às margens do riacho do Ipiranga e, um pouco mais distante, o príncipe regente em companhia do padre Belchior Pinheiro de Oliveira, do tenente Francisco Gomes da Silva (Chalaça), e dos criados do paço, João Carlota e João de Carvalho Rapozo. Ali entregaram as missivas, nas quais, em termos realistas incentivavam o príncipe a separar o Reino do Brasil do Reino de Portugal.

O príncipe, diante de sua guarda, disse então: "Amigos, as Cortes portuguesas querem escravizar-nos e perseguem-nos. De hoje em diante nossas relações estão quebradas. Nenhum laço nos une mais!." E, arrancando do chapéu o laço azul e branco, decretado pelas Cortes, como símbolo da nação portuguesa, atirou-o ao chão, dizendo: "Laço fora, soldados! Viva a independência e a liberdade do Brasil!".

O príncipe desembainhou a espada, no que foi acompanhado pelos militares; os paisanos tiraram os chapéus. E Dom Pedro disse: "Pelo meu sangue, pela minha honra, juro fazer a liberdade do Brasil. Brasileiros, a nossa divisa de hoje em diante será o dístico Independência ou Morte e as nossas cores verde e amarelo, em substituição às das Cortes".



Proclamação



No dia 8 de setembro, Dom Pedro lança a seguinte proclamação:

"Honrados paulistanos! O amor, que eu consagro ao Brasil em geral, e à vossa província em particular, por ser aquela, que perante mim, e o mundo inteiro, fez conhecer, primeira que todas, o sistema maquiavélico, desorganizador e faccioso das Cortes de Lisboa, me obrigou a vir entre vós fazer consolidar a fraternal união e tranqüilidade, que vacilava, e era ameaçada por desorganizadores, que em breve conhecereis, fechada que seja a devassa a que mandei proceder. Quando eu, mais que contente, estava junto de vós, chegam notícias que de Lisboa os traidores da Nação, os infames deputados, pretendem atacar o Brasil, e tirar-lhe do seu seio o defensor: Cumpre-me como tal tomar todas as medidas que minha imaginação me sugerir; e para que estas sejam tomadas com aquela madureza que em tais crises se requer.

Sou obrigado para servir ao meu ídolo, o Brasil, a separar-me de vós (o que muito sinto), indo para o Rio ouvir meus conselheiros, e providenciar sobre negócios de tão alta monta. Eu vos asseguro que coisa nenhuma me poderia ser mais sensível do que o golpe que minha alma sofre, separando-me de meus amigos paulistanos, a quem o Brasil e eu devemos os bens que gozamos e esperamos gozar de uma Constituição liberal e judiciosa.

Agora, paulistanos, só vos resta conservardes união entre vós; não só por ser esse o dever dos bons brasileiros, mas também porque a nossa pátria está ameaçada de sofrer uma guerra, que não só nos há de ser feita pelas tropas que de Portugal foram mandadas, mas igualmente pelos seus servis partidistas, e vis emissários, que entre nós existem, atraiçoando-nos.

Quando as autoridades vos não administrarem aquela Justiça imparcial que delas deve ser inseparável, representai-me, que eu providenciarei. A divisa do Brasil deve ser Independência ou Morte. Sabei que, quando trato da causa pública, não tenho amigos, e válidos, em ocasião alguma. Existem tranqüilos: acautelai-vos dos facciosos a ocasião com o Vosso Defensor Perpétuo".

Paço de S. Paulo, em 8 de setembro de 1822, "Príncipe Regente".



O perfil do príncipe regente



Nascido no Paço Real de Queluz em 1798, Dom Pedro foi o quarto filho do rei de Portugal Dom João VI e de dona Carlota Joaquina. Pedro de Alcântara Francisco Antônio João Carlos Xavier de Paula Miguel Rafael Joaquim José Gonzaga Pascoal Cipriano Serafim de Bragança e Bourbon, tornou-se príncipe herdeiro em 1801. Com a mudança da Corte portuguesa para o Brasil em 1808, passou sua juventude em terras brasileiras, tendo se tornado príncipe regente em 1821, com o retorno de seu pai a Portugal.

São notórios seus pendores musicais, sua paixão pela música, como compositor e como intérprete, tendo deixado numerosas peças, hinos, composições sacras e a abertura de uma ópera. Fomentou a música no Rio de Janeiro e compôs o primeiro hino nacional brasileiro, o Hino da Independência.

Dom Pedro morreu aos 36 anos de idade, em 1834, no mesmo leito que o viu nascer, no Palácio de Queluz, em Lisboa.



Algumas obras sobre a Independência do Brasil que podem ser encontradas nas livrarias.



D Pedro I " Luta pela liberdade no Brasil e em Portugal 1798-1

Macaulay, Neill

Editora Record



Descobrimento e Independência do Brasil

Mendes, Miguel

Editora Globo



7 de setembro de 1822 " A Independência do Brasil

Oliveira, Cecília Helena de Salles

Editora Nacional



A Independência do Brasil

Pereira, André

Editora Ao Livro Técnico



Brasil Império

Monteiro, Hamilton M.

Editora Ática



O Império do Brasil

Neves, Lúcia Maria Bastos Pereira

Editora Nova Fronteira



História do Brasil Colônia e Império

CDs

Editora Áudio



A Firmação do Capitalismo e o Brasil Império

Carmo, Sônia Irene Silva do

Editora Atual



História do Brasil Reino e do Brasil Império

Moraes, Alexandre José de Mello

Itatiaia Editora



Viagem Fantástica ao Brasil de 1800 " O Império

Barbosa, Ely

Paulus Editora



Brasil Colônia e Império

Flores, Moacyr

EST



O Brasil como Império Independente

Schafer, Gerog Anton Von

UFSM

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