Os ingredientes de Sônia Menna Barreto na releitura do cotidiano: bom humor e sátira

Museu de Arte do Parlamento de São Paulo
09/06/2009 09:55

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Sônia Menna Barreto<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/06-2009/SoniaMenaBarreto.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> <i>Film Festival</i><a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/06-2009/SoniaBarretoFilmFestival.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Seria por demais simplista considerar a consagrada pintora Sônia Menna Barreto tão somente uma narradora. Embora se interesse pelos detalhes decorativos " um costume, um chapéu, um tapete, um lápis ", ela é, sobretudo, uma pintora comunicativa, uma artista que faz do que podemos ver, isto é, a imagem, o centro de suas pesquisas.

Tanto pelas cores exuberantes, quanto pela clareza de seus detalhes, tão importantes na apreciação de sua arte, suas obras são influenciadas pelo rigor geométrico e pela perspectiva. Elas lhe possibilitam inserir suas cenas num espaço racional e surreal, com uma luminosidade apropriada que lhe permite definir e articular nesse mesmo espaço as massas e os volumes.

Mesmo vivendo numa época de profundos conflitos ideológicos, Sônia Menna Barreto, com profundo sentido de humor, sente e traduz em suas obras, numa reeleitura sui generis, as esperanças, as aspirações, as lutas do povo com o qual divide as dificuldades e os sofrimentos.

O fato de uma boa parte de suas obras ser de representação teatral, com uma cenografia envolvente, nada retira do seu valor, nem nos autoriza a pôr em discussão os seus sentimentos, para não falar do grande valor documental de que se revestem pela sua oportuna atualidade.

Em Sônia Menna Barreto, a elaboração do pensamento, da experiência pessoal e visual cede o passo a uma aproximação emotiva, a uma aceitação espontânea da vida e das coisas, a uma transfiguração do mundo, consoante a íntima natureza da artista.

Reconhecendo o caráter revolucionário dos conhecimentos adquiridos dos pintores flamengos, de Duhrer, de Leonardo da Vinci, entre outros, desfruta ao máximo as novas possibilidades que se oferecem à pintura. Entretanto, em vez de se perder nos meandros das teorias científicas da época desses artistas, consegue conservar e transmitir intacta uma surpreendente vivacidade.

Embora sejamos avessos a enquadrar sua pintura em alguma classe de "ismo", devemos creditar a Sônia Menna Barreto um estilo próprio e, por que não, batizá-lo de "mennabarretismo", iniciador de uma nova escola.

Na obra "Film Festival", gravura digital doada ao Museu de Arte do Parlamento de São Paulo, Sônia Menna Barreto comprova a atração que sua pintura exerce sobre nós, pelo seu realismo, a sua atitude aberta e progressista, o seu conceito do homem e da arte, devidos essencialmente ao fato de que também nós vivemos numa época de fermentações, também nós temos uma missão: dar aos homens de nosso tempo novas formas, novos conteúdos e novos valores.



A artista

Sônia Menna Barreto, pseudônimo artístico de Sônia Regina Gomes Menna Barreto de Barros Falcão, nasceu em São Paulo em 1950. Começou a desenhar em 1960 e, a partir do ano seguinte, participou de um curso de artes plásticas, que frequentou até 1962. Aos 16 anos de idade, foi aluna do curso de pintura de Waldemar da Costa. De 1974 a 1980, lecionou inglês e paralelamente participou de diversos salões de artes, onde obteve várias premiações.

Em 1980, frequentou o ateliê do artista Luiz Portinari, irmão de Cândido Portinari, no centro de artes que leva o nome do grande pintor. Durante esse período, conheceu a vida artística, os movimentos, ouviu muitas histórias contadas por Portinari, que convivera com grandes pintores, escritores e poetas da época. Depois do contato com os trabalhos de Max Ernst, De Chirico, Magritte e Paul Delvaux, a obra de Sônia tomou a direção do surrealismo. Essa fase foi decisiva para sua carreira, passando a desenvolver seu lado intimista e criativo e solucionando os problemas técnicos e temáticos por si própria, sem o acompanhamento de professores.

Em 1989 realizou sua primeira mostra individual em São Paulo. Em 1991, influenciada por sua participação na mostra de gravuras realizada em Nova York, iniciou-se na produção de serigrafias, lançadas em 1995 numa exposição itinerante que percorreu várias cidades brasileiras. A partir de 1999 começou a editar suas próprias gravuras digitais. Em 2002, a obra "Leonard Cheshire" foi entregue numa cerimônia no Palácio de Buckingham e pela primeira vez uma obra brasileira passou a integrar a Royal Collection, pertencente à Família Real Britânica, uma das mais importantes coleções de arte do mundo.

Possui obras em diversas coleções particulares e no Museu de Arte do Parlamento de São Paulo.

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