Rio Claro e o menor infrator

Opinião
13/11/2007 19:01

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Recentemente, o gerente da unidade local da Fundação Centro de Atendimento Sócio-Educativo ao Adolescente (CASA), João Geniselli, divulgou um balanço do primeiro ano de suas atividades em Rio Claro. Inaugurada pelo então governador Cláudio Lembo, em 30/9/2006, a entidade que substituiu a famigerada Fundação do Bem-estar do Menor (Febem) atendeu 336 menores infratores no período de um ano. Desse total, apenas nove voltaram a praticar atos infracionais, o que representa 2,7% dos adolescentes que por lá passaram.

Isso evidencia que, mais do que uma mudança de nome, o modelo de tratamento oferecido aos menores infratores pela CASA representa uma completa e radical quebra do cruel paradigma que marcou a trajetória da instituição que durante muito tempo recolheu os jovens que praticavam atos delituosos em nosso Estado. Segregados da comunidade, confinados em locais sem as mínimas condições de reeducá-los e geralmente longe de seus familiares e amigos, quase todos os meninos que entravam na Febem saíam de lá formados na escola do crime.

Jamais, na estrutura antiga, esses rapazes participariam de eventos como o que ocorreu há cerca de um mês, ocasião em que se realizaram as Olimpíadas da Fundação CASA, cuja abertura aconteceu no Ginásio do Ibirapuera.

Ao longo do ano passado, também foram promovidas, com apoio da Associação Beneficente Cultural Desportiva Bandeirantes, atividades nas quais os jovens puderam manter contatos com atletas de ponta do basquete brasileiro. Estou certo de que essas e outras ações são extremamente positivas para o processo de ressocialização daqueles meninos. Afinal de contas, podem ver de perto homens que um dia foram adolescentes como eles e que optaram pelo caminho do esporte, o que lhes deu a condição de hoje fazerem parte dos melhores times de bola ao cesto do Brasil. Não tenho dúvidas de que esses exemplos vitoriosos serão fundamentais para que, ao voltarem às ruas, aqueles garotos estejam aptos a se tornarem cidadãos úteis à sociedade.

Para que projetos desse tipo saiam do papel, no entanto, é preciso coragem, determinação e, acima de tudo, visão humanística por parte dos ocupantes de cargos públicos, dos integrantes das organizações não-governamentais e também dos formadores de opinião. Sabemos que é muito mais simples fecharmos os olhos ao problema do menor infrator, como, aliás, têm feito os administradores de importantes cidades vizinhas. Agem como se os adolescentes que resvalam para a delinqüência surgissem por geração espontânea, não sendo, portanto, resultado da explosiva combinação entre a desigualdade social e o processo de degradação da família.

Por isso, temos de aplaudir a atitude do prefeito Nevoeiro Júnior, da vice-prefeita e secretária de Ação Social, Candinha Demarchi, e da União de Amigos do Menor (UDAM), pela firmeza com que apoiaram a instalação em Rio Claro de uma das primeiras unidades da Fundação CASA. Dessa maneira, reafirmamos a nossa condição de cidade vanguardista e que está sempre disposta a combater o bom combate, mesmo que isso contrarie a vontade daqueles que apostam no carcomida prática política do "quanto pior melhor".

*Aldo Demarchi é deputado estadual pelo DEM.

alesp