Assembleia sedia debate sobre a construção do trecho norte do Rodoanel

Desapropriações e impacto ambiental são os principais receios em relação à obra
14/04/2011 21:52

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Construção do trecho norte do Rodoanel em debate na Assembleia <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/04-2011/AudPublicaRODOANELMAU5072.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Celso Giglio e Enio Tatto<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/04-2011/AudPublicaUSARESTAcapa-GIGLIOagencia.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>  <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/04-2011/AudPublicaRODOANELMAU5079.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Na abertura de reunião pública realizada na tarde desta quinta-feira, 14/4, para debater a construção do trecho norte do Rodoanel, o 1º vice-presidente da Assembleia Legislativa, deputado Celso Giglio (PSDB), destacou a realização, durante a semana, de debates importantes para a população do Estado.

Ele lembrou que, no dia 12/4, houve uma audiência pública sobre o PLC 6/2005, que versa sobre a reorganização da Região Metropolitana da Grande São Paulo; e, no dia 13/4, com a presença do ministro da Educação, Fernando Haddad, foi discutido o projeto do novo Plano Nacional de Educação.

A reunião contou com a participação de associações de moradores de bairros, ONGs, movimentos populares, além de parlamentares estaduais e municipais. Também estavam representadas a Defensoria Pública e a OAB-SP (Subseção Santana).



Debates



Os problemas que advirão da construção do trecho norte do Rodoanel foram debatidos nesta quinta-feira, 14/4, em reunião pública coordenada pelo deputado Enio Tatto (PT) e aberta pelo 1º vice-presidente da Assembleia Legislativa, Celso Giglio (PSDB). Orçado em R$ 5,8 bilhões, o trecho norte irá se ligar ao trecho leste e seguirá sentido oeste, cortando o município de Guarulhos, passando pela avenida Inajar de Souza e terminando na avenida Raimundo Pereira de Magalhães.

"O Rodoanel é uma obra importante e que precisa ser bem discutida", disse Enio Tatto, que elogiou a grande participação popular na reunião. Ele destacou que a maioria dos presentes veio até a Assembleia em passeata desde a avenida Paulista.

A serra da Cantareira foi, em 1994, declarada Reserva de Biosfera pela Unesco, lembrou o professor da Universidade de Guarulhos, Antonio Manoel dos Santos Oliveira. Ele citou a formação na Assembleia Legislativa, em 2007, de uma Frente Parlamentar em sua defesa, da qual cobrou ação na questão do Rodoanel, assim como atuação junto ao governo federal, no sentido de suspender o financiamento da obra se a questão ambiental não for contemplada.

"A Reserva do Cinturão Verde de São Paulo (RBCV), que abrange a serra da Cantareira, já tem perdas ambientais e sua redução irá afetar ainda mais o clima da cidade, tornando-o mais seco, quente e aumentando as chuvas. O traçado do Rodoanel irá também afetar mananciais de fornecimento da água", disse. Ainda segundo o professor Oliveira, a obra, se feita por túneis, terá menor impacto ambiental.



Deputados



A preocupação com os variados impactos que o Rodoanel poderá causar, tanto social, por conta das desapropriações, como os ambientais, foram expressas pelos deputados Pedro Bigardi (PCdoB), Marco Aurélio de Souza e Isac Reis (ambos do PT). Luiz Moura, também do PT lembrou o passivo ambiental e social deixado na região da avenida Jacu-Pêssego, por onde passou o trecho leste do Rodoanel.

Luiz Claudio Marcolino (PT) apoiou a ideia de construção da obra via túnel, mas preocupou-se com o futuro da população que mora em cima deles. A ausência de representantes do governo estadual foi apontada por Gerson Bittencourt (PT) e Olimpio Gomes (PDT), que ainda disse que o traçado proposto "só privilegia as empreiteiras". Na mesma linha, José Zico Prado (PT) disse que "o governo e a Dersa escolheram o traçado, que passa por áreas mais pobres e mais baratas". O projeto, segundo Simão Pedro (PT), tem "traçado excludente e discriminatório, que causará problemas sociais e ambientais".

Adriano Diogo (PT) criticou a Dersa e alertou a população para que não negociem suas casas e continuem com a mobilização, que foi elogiada também por Ana Perugini, José Candido e Edinho Silva (todos do PT). Leci Brandão (PCdoB) defendeu a ideia de que o governo federal seja informado sobre os problemas apontados na obra.

Alencar Santana (PT) afirmou que o trecho norte irá terminar em avenida no sentido oeste, pois a ligação com a rodovia dos Bandeirantes ainda não está prevista. Ele lembrou que a rodovia Dom Pedro, que passa em Atibaia, poderia receber o tráfego de cargas. Todos os parlamentares presentes elogiaram a mobilização da população.



Mobilização popular



A preocupação com o traçado do trecho norte do Rodoanel foram expostas pelos diversos representantes de movimentos populares presentes na reunião. O estudo de impacto ambiental foi muito criticado, bem como o grande número de famílias a serem atingidas se adotado o traçado previsto. Outra preocupação foi a atuação da Dersa, que, segundo os manifestantes, deixou grandes passivos ambientais em outros trechos do Rodoanel.

Gastar mais de R$ 5 bilhões para privilegiar o tráfego de caminhões em detrimento da população e do meio ambiente, ignorando os impactos nos mananciais e na qualidade do ar foram pontos citados pelos representantes da população. "A obra passará até por cima de sítios arqueológicos", lembrou um manifestante. "Se é para melhorar o trânsito na capital, que se use esse dinheiro para a ampliação do Metrô até Guarulhos", sugeriu outro.

Ao final da reunião, Enio Tatto falou sobre o agendamento de uma reunião de representantes do movimento contra o traçado norte do Rodoanel junto ao Colégio de Líderes da Assembleia, pedindo para que seja marcada uma audiência com o governador e com o secretário de Logística e Transportes sobre o tema. Os movimentos populares informaram que no próximo dia 19/4 haverá manifestação no Palácio dos Bandeirantes e uma audiência pública no dia 27/4, na Câmara Municipal de São Paulo.

alesp