Parlamentares, representates do Procon e da sociedade civil debateram em audiência pública, nesta terça-feira, 7/4, questões que envolvem o problema da nutrição. O evento foi promovido pelo deputado João Barbosa (DEM), autor de projeto de lei que dispõe sobre produtos alimentícios manufaturados e comercializados no Estado de São Paulo. O projeto cria um mecanismo de tarjas coloridas em vermelho, amarelo e verde para classificar no rótulo as características de composição do produto que se relacionem com a saúde do consumidor. A escolha das cores funcionaria como um "semáforo nutricional", facilitando a compreensão do consumidor na leitura dos dados contidos no rótulo, de forma que ele não precise ler todas as especificações. Esta ideia foi originada na Inglaterra e adotada, com algumas modificações, na Espanha, segundo Barbosa. Durante a abertura do evento houve um minuto de silêncio para que se fizesse uma reflexão sobre o fato de que no país morre a cada três segundos uma pessoa que não teve acesso à saúde pública. O deputado João Barbosa (DEM) abriu a audiência pública que comemorou o Dia Mundial da Saúde dizendo que o objetivo do debate sobre questões nutricionais era "levar informação para pessoas das mais longínquas regiões da cidade que são privadas de conhecimento". Ele fez uma breve análise de questões de saúde pública, das consequências de falta de saneamento básico e da falta de equipamento público que possibilite um atendimento eficaz à população. Roberto Augusto Castellanos Pfeiffer, diretor executivo da Fundação Procon, enumerou algumas funções do órgão relacionadas à saúde, como as questões que envolvem planos de assistência médica e odontológica e aquelas que se relacionam com alimentos que, através de informações enganosas em seus rótulos, fazem-se passar por terapêuticos. Castellanos crê que a proposta do deputado é importante por criar um mecanismo que revele se a composição do alimento industrializado é ou não saudável. Ele também incentivou a população a procurar o Procon sempre que seus direitos forem lesados. Após ter apresentado os problemas que mais afetam o idoso na alimentação e mostrar o quanto é importante uma alimentação saudável para que o indivíduo possa manter uma reserva funcional que assegure melhor recuperação de questões de saúde, o geriatra Francisco José Franco Godoi afirmou que o projeto de lei "deve auxiliar na escolha do alimento adequado ao idoso e facilitar o acesso à informação". Maurizio Cerino, ginecologista, considerou que a boa alimentação faz parte de um conjunto de medidas preventivas a doenças, principalmente ao longo da vida das mulheres que sofrem mais frequentemente por questões hormonais e suas consequências. Nessa perspectiva, a iniciativa do deputado "é importante por facilitar a identificação e a adoção de uma alimentação diferenciada". Afirmando que a desnutrição "é uma realidade que não se pode negar em bolsões sofredores no Brasil", Ana Cristina Rupp, médica especializada em transplantes, destacou a relevância da alimentação não só para os pacientes, mas também para os cirurgiões, que passam longos períodos de trabalho junto à mesa de cirurgia. O projeto de deputado, para ela, é significativo, entre outras coisas, para a reeducação alimentar, pois "é importante saber quais são os nutrientes que compõem um alimento". "A classificação dos alimentos por tarjas indicativas coloridas já conhecidas auxilia na escolha correta da alimentação, pois a maioria da população não entende os rótulos atuais", foi a afirmação de Adriano Cerino. Já a nutricionista Flora Lys Spolidoro vê o projeto com cautela, pois é da opinião que a reeducação alimentar é objeto de estudos complexos e que a "classificação por cores dos alimentos industrializados dificulta até a adequação da dieta para as diversas faixas etárias". Ela concluiu que "a ideia é ótima, fantástica, mas para ser efetiva deve incluir uma solução mais cuidadosa na sua aplicação para que não prejudique a escolha dos nutrientes". A indústria alimentícia foi representada no ato por Luiz Ruopllo, delegado do Sindleite e das indústrias de produtos lácteos junto à Fiesp. Ele também acha que, embora a iniciativa do deputado seja interessante, "devemos ter a humildade de reconhecer que o assunto exige uma reflexão mais cuidadosa, antes de tarjar um produto alimentício". Estiveram presentes ainda o deputado Gilmaci Santos (PRB), representantes da Associação Paulista de Medicina, de comunidades do Jaçanã, do Tucuruvi, da Vila Brazilândia, da Vila Galvão, de São José dos Campos e do Centro de Referência da Saúde da Mulher " Hospital Pérola Byington.