Solenidade homenageia religiões de matriz africana


13/08/2010 20:00

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Representantes das religiões afro prestigiam evento na Alesp<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/08-2010/MAC 05.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>  <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/08-2010/MAC 14.JPG' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Deputado José Candido (ao centro) durante solenidade<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/08-2010/MAC 18.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Ato solene  aproveitou o Dia dos Pais, acontecido no último domingo, para homenagear pais de santo de religiões de matriz africana<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/08-2010/MAC 19.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Por iniciativa do deputado José Candido (PT), foi realizado nesta quinta-feira, 12/8, no auditório Franco Montoro, ato solene que aproveitou o Dia dos Pais, acontecido no último domingo, para homenagear pais de santo e religiosos pertencentes a religiões de matriz africana.

A solenidade, em sua 4ª edição, é realizada pela parceria do Portal do Candomblé (www.portaldocandomble.pro.br) com o deputado José Candido, que falou de sua satisfação, como parlamentar e negro, em apoiar a iniciativa. "Eventos como esse aumentam a autoestima de uma religiosidade bastante discriminada".

O deputado fez um breve histórico do surgimento dessa solenidade, que já faz parte do calendário da Assembleia Legislativa, lembrando que foi procurado por Eduardo Brasil em 2009 e se sensibilizou com a ideia de homenagear as mães de santo que, na visão de Eduardo, são mães duas vezes: dos filhos biológicos e dos filhos de santo. "Muitas delas nunca receberam homenagem nem dos filhos biológicos", lamentou o idealizador do evento.



Sem discriminação



Como a comunidade de religiosos abraçou a homenagem, logo ela se estendeu para os pais. "A gente aproveita para comemorar e reivindicar das autoridades o mesmo tratamento que dispensam às demais religiões", disse o deputado, e continuou: "Na primeira edição do evento, quando terminou a atividade e os presentes fizeram uma roda de tambor, uma das mães de santo, emocionada, falou que nunca antes eles, os religiosos, tiveram a oportunidade de sequer entrar no prédio portando atabaques, quanto mais de tocar e comemorar, como aconteceu na ocasião".

José Cândido lembrou o caráter ecumênico da Casa e comentou que assim como evangélicos, católicos e demais religiões têm espaço para suas comemorações, o mesmo deve acontecer com as religiões de matriz africana. "O Palácio 9 de Julho é um prédio público, e público significa para todos. Nós, os negros, viemos para cá (para o Brasil) e fomos proibidos de exercer nossa religião, obrigados a adotar uma que não era a nossa e a trocar o nome dos nossos santos. Já era hora de conseguirmos nosso espaço também neste Parlamento", declarou.

Eduardo Brasil, ao abrir o evento, contou que idealizou o site na defesa das religiões de matriz africana e para lutar contra a intolerância religiosa. "A nossa ideia básica é de que nenhum Deus é melhor do que outro. São todos iguais, e as maneiras de cultuá-los devem ser respeitadas". A ideia de homenagear as mães de santo e, em seguida, os pais de santo, veio de sua percepção de que muitos desses sacerdotes, com 30, 40, 50 anos de sacerdócio, nunca haviam sido homenageados por seu trabalho. Ao conversar com o deputado, consegui essa parceria que fez nascer, pela primeira vez na história, uma homenagem às religiões de matriz africana na Casa. "O povo negro, pobre e simples, está sendo homenageado por aquilo que ele é, por acreditar na sua fé".

Participaram do evento, além de José Candido e Eduardo Brasil, Maria Aparecida de Laia, do Conselho de Ensino Religioso do Estado de São Paulo (Coner); pai Milton Akyè; Roseli Oliveira, da Secretaria Estadual da Justiça e Defesa da Cidadania; mãe Roseli de Iansã; e mãe Angélica de Oyá.



A religiosidade que veio da África



Religiões de matriz africana são aquelas cuja essência teológica e filosófica são oriundas das tradicionais religiões vivenciadas no continente africano, e podem ser divididas em dois tipos: as tradicionais africanas e as afro-americanas.

As religiões tradicionais africanas são aquelas praticadas no continente, geralmente em zona rural e atualmente mais ligada às famílias. Cerca de 29% da população africana praticam as religiões tradicionais, 35% praticam o cristianismo e outros 35%, o islamismo. Cerca de 1% praticam outras religiões, incluindo o hinduísmo.

As religiões afro-americanas estão divididas em dois grandes grupos: o primeiro é composto pelas religiões afrocaribenhas e o segundo é formado pelas afrobrasileiras.

No grupo das afrocaribenhas, temos o vodu, nome da religião afro no Haiti. Muito sincrética, é uma mistura de elementos da religião dos povos jeje " do antigo Daomé, hoje República do Benin, que cultuavam os vodun, divindades muito semelhantes aos orixás do povo vizinho, os iorubás " com a religião indígena das ilhas. Em Cuba, a religião de raiz africana é denominada Santería, e ali o sincretismo se deu com o catolicismo. Cultuam os orixás dos iorubás, que chamam de lucumi (nome antigo destes), sendo muito parecido com o candomblé. Também é chamado de Regla Del Ocha, ou simplesmente Regla. Seus praticantes são os santeros.

Entre as afrobrasileiras, o Tambor de Mina, no Maranhão, tem a mesma origem que o vodu haitiano, nos povos jejes (fon e ewe). O sacerdote máximo se chama vodunon e os vodunsi são os praticantes. Xangô é o nome da divindade iorubá do trovão, divindade tão importante em Pernambuco que batiza a religião afro existente no Recife. Lá, os praticantes são chamados de xangozeiros.

O candomblé é a religião afrobrasileira mais conhecida e celebrada. Espraiou-se da Bahia para os outros Estados, chegando até mesmo ao Rio Grande do Sul, onde já existia outra modalidade, o batuque. Existem vários graus hierárquicos dentro de um candomblé: abiã (simpatizante), yaô (iniciado), egbomi (irmão mais velho com 7 anos de iniciado), titulares de cargos vitalícios como alaxé (guarda dos implementos sagrados), alabê (tocador de atabaques), axogun (sacrificador), yabassé (cozinheira), amorô (responsável por Exu), ekedi (cuida dos orixás manifestados), ogã (contribui materialmente com o terreiro), babalaô (adivinho) e babalorixá (pai de santo) ou yalorixá (mãe de santo).

Macumba é o nome de um tambor de origem bantu utilizado em rituais dessa matriz africana no Rio de Janeiro. Devido a pejoração construída em torno da palavra macumba, seus adeptos mudaram o nome para candomblé de angola. Neste tipo de candomblé, cultuam-se os inkice, divindades semelhantes aos orixás iorubás. Tata-ninkice e mameto-ninkice são os cargos máximos.

Batuque é o nome dado pelos brancos à religião afro no Rio Grande do Sul devido ao barulho dos tambores. É uma religião bem diferente das outras afrobrasileiras, embora tenha a mesma base: a cultura dos orixás. O sacerdócio é muito centralizado, sendo que o babalorixá ou yalorixá desempenham os papéis de pai de santo: sacrificador, responsável pelo Exu e também pelos implementos sagrados, e adivinho. Só existe uma categoria de omorixás: Yao

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