O juízo sobre como é e o que é hoje um objeto de comunicação no campo plástico é um juízo de ordem histórica, uma opção cultural que sugere o interesse individual do artista para colocar uma obra como atualidade produtiva e crítica. Esse processo de decantação trouxe para a indicação pontual, nos últimos anos, um discurso unitário, inteligente enquanto escolha de um campo e, de certo modo, escolha " e, portanto, não obrigação ou constrangimento por incapacidade técnica ou cultural.Fernando Durão centralizou sua pesquisa plástica sobre a eliminação consciente e voluntária de todo e qualquer elemento de efeito pictórico supérfluo pela produção de uma mensagem intencional. A censura de toda e qualquer referência simbólica, ou literária, de imagem expressa como juízo de outras imagens naturalistas e físicas que compõem o mundo da visão de nossos dias é outro enfoque da busca do artista.Tais são os elementos que caracterizam a linguagem de Fernando Durão. O primeiro é de uma forma aberta, individualizada como módulo, que se desenvolve de um momento mínimo a um máximo de reconhecimento. O segundo elemento é constituído pelo plano da tela, espaço desejadamente bidimensional " e, portanto, ilegível como sugestão do que não é explícito (ilusão tridimensional), mas é concebido como superfície disponível para uma alteração. Módulo e campo se determinam por sua vez.As dimensões do módulo, sua posição no campo e seu possível deslocamento através de artifícios gráficos, a invasão coral da superfície, a diferenciação dos tempos de articulação indicada pelas diversas cores, constituem as principais variáveis através das quais a obra se forma.Na obra Sem Título " Cód. 199.55, doada ao Museu de Arte do Parlamento de São Paulo, cada uma destas categorias está relacionada a outras. De qualquer modo, cada quadro de Fernando Durão é autônomo e, ao mesmo tempo, representa uma passagem, uma hipótese de estabilidade, direção da definição crítica do espaço e, portanto, do homem.O artistaFernando Durão nasceu na cidade do Porto, em Portugal, em 1952, transferindo-se com a família para São Paulo em 1970. Desde então participou de movimentos de artistas jovens.Desenhou tecidos para as Indústrias Matarazzo em 1973. A partir de 1974, participou de diversas exposições individuais e coletivas: em São Paulo e Campinas, SP; em Lisboa, Porto, Gaia e Amadora, Portugal; em Stuttgart, Nuremberg, Schwabach e Colônia, Alemanha; na Carolina do Norte, EUA; em Roma, Itália; em Nova Dehli, Índia; em Provence, França; em Taiwan, China; em Cuenca, Equador; e em diversos museus do Japão. Em 1976, foi selecionado para a Bienal Nacional. Realizou sua primeira exposição individual no Museu de Arte de São Paulo (Masp), em 1979. Expôs na Galeria Cândido Portinari, no Palazzo Phamphili Doria (1992), em Roma; e, em Nuremberg, Alemanha (2000). Realizou a mostra "Magia de Duas Fronteiras", na cidade do Porto, então "Capital Européia da Cultura" (2001).É presidente da Associação Profissional de Artistas Plásticos do Estado de São Paulo. Foi curador do Projeto Arte na Ferrovia, diretor de arte do Clube Latino-Americano de Papeleiros, diretor da Galeria do Foto Cine Clube Bandeirante e diretor da Revista Virtual de Artes Visuais. Possui obras em acervos oficiais e particulares, inclusive no Museu de Arte do Parlamento de São Paulo.