Evento questiona a permanência do exército brasileiro no Haiti


03/02/2011 20:22

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Debate sobre a necessidade da permanência do exército brasileiro no Haiti <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/02-2011/ConfHaitiZED02.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Para debater a questão da necessidade da permanência do exército brasileiro no Haiti e para fazer um relato das discussões que aconteceram na Conferência Mundial Aberta Contra a Guerra e a Exploração, o deputado Adriano Diogo convidou, entre outros, o frei João Xerri e o sindicalista Julio Turro, que deram seus depoimentos sobra esses temas.

Abrindo a reunião, Júlio Turro, diretor da CUT, fez um breve balanço da conferência mundial realizada em Argel, de 27 a 29/11/2010, com a presença de delegados de 52 países, entre eles o do Haiti, Fignolé St-Cyr.

St-Cyr naquela ocasião ocupou a tribuna para, em nome da Central Autônoma dos Trabalhadores do Haiti (Cath), denunciar a opressão que o sistema capitalista internacional vem exercendo sobre seu país e como a ajuda da comunidade internacional, após a tragédia de 12 de janeiro " quando um terremoto de magnitude 7 na escala Richter destruiu o país " ajudou a Cath a "levantar a cabeça e organizar a resistência dos trabalhadores haitianos". "Entretanto, a ocupação militar e a dominação de potências estrangeiras são o principal obstáculo para qualquer reconstrução do país", declarou.

Júlio Turro, que já esteve no Haiti duas vezes, disse que a Minustah " Missão da ONU no Haiti, chefiada pelo Exército brasileiro " acumula um saldo negativo nas ações que deveriam ter sido realizadas nos cinco anos anteriores ao terremoto e, também, neste quase um ano depois da tragédia. "No final de 2010, quando estive no Haiti pela segunda vez, ainda havia uma população de mais de um milhão de habitantes vivendo em tendas. Além disso, os soldados do Nepal foram responsabilizados por terem levado o cólera para o Haiti e disseminado o vírus entre a população local".

Além dessas denúncias que envolvem a Minustah e particularmente o Exército brasileiro como chefe da missão, Turro fez outras, como a de que o atual presidente, René Préval, que adiou as eleições e prorrogou seu mandato por mais seis meses, está no poder graças às tropas da ONU. Turro falou que a presidente Dilma tem a obrigação de rever essa liderança do Brasil na ONU e que o Haiti precisa de médicos, enfermeiros e engenheiros que ajudem na reconstrução do país, não do exército para reprimir o povo.

O frei João Xerri também declarou sua contrariedade com essa permanência do Exército em território haitiano e disse que ela alterou toda a simpatia do país pelo Brasil, em função da repressão que os soldados brasileiros vem exercendo sobre o povo. Ele pergunta se é essa a imagem que o Brasil quer. Além disso, frei João disse não entender os critérios usados para permitir o retorno do ditador Baby Doc que, depois de gastar na Europa todo o dinheiro que tirou do povo haitiano, voltou para o Haiti sob a proteção da Minustah, enquanto que o presidente democraticamente eleito, Jean Baptiste Aristide, continua no exílio na África do Sul.

O deputado Adriano Diogo acrescentou às questões apontadas por Turro e frei João outras tantas, como o mal explicado suicídio do general brasileiro comandante da Minustah. O deputado disse ainda que "o núcleo duro do Exército está usando o Haiti para treinar a prática da repressão contra o povo do Haiti e usá-la aqui, como já começou a fazer nas favelas cariocas". Adriano Diogo quer que a reunião desta quarta-feira, 2/2, sirva para abrir um diálogo com a presidente Dilma no sentido de rever algumas posições do governo anterior na área dos direitos humanos, porque ela própria já sinalizou que essa é uma das suas preocupações, quando visitou as mães da Praça de Maio, na Argentina. Nesse sentido, foi escrita uma carta para Dilma pedindo a volta dos soldados e pedindo que a presidente receba Fignolé St-Cyr em sua visita ao Brasil, agendada para abril.

alesp