Comissões debateram visita de comitiva brasileira à China

Retrospectiva - 1º Semestre de 2004
22/07/2004 14:49

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João Carlos de Souza Meirelles, secretário de Ciência, Tecnologia, Desenvolvimento Econômico e Turismo e deputada Célia Leão <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/hist/viajem a china.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Da Redação

Em junho, as comissões de Assuntos Internacionais, de Economia e Planejamento e de Finanças e Orçamento receberam o secretário de Ciência, Tecnologia, Desenvolvimento Econômico e Turismo, João Carlos de Souza Meirelles, que veio ao Parlamento paulista fazer um balanço da viagem à China. Meirelles integrou a comitiva brasileira, que acompanhou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, assim como o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e mais outros três governadores, além de 400 empresários de diversos setores da economia nacional.

"Precisamos ter competência para explorar a grande via aberta pela missão que foi à China", declarou, ao fazer uma avaliação das atividades próprias do governo do Estado durante a visita. Meirelles destacou ainda a inauguração de um escritório da BM&F em Xangai. Para o secretário, a geração de trabalho e renda em São Paulo depende muito da dinamização do comércio externo. "O que estamos vendo na China é uma verdadeira ebulição econômica. Os chineses são absolutamente fascinados por dinheiro. O país asiático comporta, portanto, qualquer setor de atividade. O que pode significar, para nós, brasileiros, boas possibilidades de gerarmos saldo positivo em nossa balança comercial", avaliou.

A exposição de Meirelles aos parlamentares das três comissões situou alguns pontos importantes das relações comerciais com a China. O principal objetivo da aproximação do Brasil e do Estado de São Paulo com o gigante do Oriente é a geração de emprego e renda no front interno. Entretanto, algumas barreiras precisam ser superadas: o secretário sublinhou as especificidades culturais e as dificuldades relacionadas com as diferenças. As escolas de línguas teriam, assim, um importante papel ao introduzirem em grande escala no país o ensino do mandarim, língua predominante na China.

No campo econômico

Meirelles destacou o recente ingresso da economia chinesa na Organização Mundial de Comércio. Apesar da milenar experiência no comércio internacional, a China ainda não está totalmente adequada às normas e regras da OMC. Dessa forma, o desenvolvimento das relações Brasil-China tem um grande potencial a ser explorado, particularmente no que diz respeito aos novos mercados. O comércio bilateral entre os dois países cresceu de U$ 1,2 bilhão, em 1994, para U$ 6,6 bilhões, em 2003. Meirelles avalia que as exportações brasileiras, centradas hoje em produtos como ferro e aço, celulose, produtos automotores, couro e madeira serrada, podem evoluir muito nos setores de alimento, móveis e construção civil.

Um outro setor com amplas perspectivas é o de álcool combustível. Até 2001, a China era um país exportador de petróleo. Desde 2002, passou a importar o produto e tem restrições para utilizar o milho como base para a produção de álcool, em função da ampla utilização do grão para alimentação e produção de ração animal.

No campo do turismo

O secretário identifica outra grande frente de negócios. A China, que controla a saída de seus cidadãos, acaba de aprovar o Brasil como destino aos turistas chineses. Uma das grandes empresas de aviação brasileira já tem planos de operar com uma linha direta para Xangai.

O secretário, depois de ir à China, visitou ainda o Japão e o Canadá, também com o objetivo de explorar relações comerciais com esses países.

Gargalos e saídas

O deputado Vitor Sapienza (PPS) advertiu que a evolução das exportações no Estado de São Paulo enfrenta pontos de estrangulamento, como o padrão das calhas dos portos, as deficiências das ligações férreas e rodoviárias, além da falta de silos.

O secretário Meirelles concordou com a avaliação de Sapienza e acrescentou que vivemos a iminência de um colapso anunciado. Os gargalos do porto de Santos dependem de ações de emergência, disse o secretário.

Em resposta ao deputado Enio Tatto (PT), que pediu informações sobre eventuais negociações para atrair investimentos chineses nos projetos das parcerias público-privadas, Meirelles disse que a China anunciou uma soma de U$ 5 bilhões para investimentos em infra-estrutura voltada ao setor exportador. O governo do Estado quer atrair os chineses para desenvolver parcerias em projetos como o ramo sul do Rodoanel e do Ferroanel, além da ampliação da malha que liga os aeroportos.

Já a preocupação do deputado Mário Reali (PT) diz respeito aos tipos de ações que podem ser desenvolvidas pelo Estado para elevar o valor agregado dos produtos de exportação. Meirelles disse que os esforços do governo do Estado estão voltados para incorporar cada vez mais valor a esses produtos. Segundo ele, é preciso criar porteiras virtuais, isto é, promover indústrias que aproveitem a grande quantidade de produtos do agronegócio para promover a máxima agregação de valor. O secretário apontou os arranjos produtivos organizados como uma boa estratégia para atingir essa finalidade. Falou também da dinamização dos quatro pólos de tecnologia do Estado. Financiamento adequado e isenção às microempresas são outras frentes a serem perseguidas para os objetivos de exportação.

O deputado Arnaldo Jardim (PPS) questionou o papel estratégico para o Brasil de um acesso ao oceano Pacífico. Meirelles disse que apesar de a saída do Atlântico ser ainda prioridade, deve-se avaliar opções para o país ter acesso ao Pacífico. Essas opções ligariam as economias regionais do sudeste e do norte e centro-oeste aos portos do Chile e do Peru.

Presidem as comissões de Assuntos Internacionais, deputada Célia Leão (PSDB); de Economia e Planejamento, deputado Waldir Agnello (PTB); e de Finanças e Orçamento, deputado Luiz Gonzaga Vieira (PSDB).

alesp