A pintura de David Monteiro se apresenta como arte de denúncia sem passar pelos canais obrigatórios do mundo da angústia, da expressão formal e do maneirismo contemporâneo. Ela respira numa vasta dimensão: figuras enormes que ocupam a tela em posições de ação. A figura se impõe bem à sua própria presença.Encontramo-nos frente a uma original personalidade de artista, interprete das diversas exigências de nosso tempo. Sem ignorar os termos onde se desenvolve a delicada obra de inserção das instâncias mais modernas das pesquisas formais, aí nascem suas "figuras" semelhantes a robôs.Podemos dizer que David Monteiro se situa na polêmica, a meio caminho. Ao não abandonar totalmente o figurativismo, sentiu a necessidade da abstração, o que, entretanto, não quer dizer "abstracionismo".Eis que vemos nascer e desenvolver-se uma estilização geométrica, se assim podemos chamá-la: um mundo onde as formas se reduzem a traços legíveis levados a aflorar o pós-expressionismo. O artista encontra, assim, um seu modo individual para solucionar o que chamaríamos de uma sua crise entre realismo e abstracionismo.A sua pintura transmite a ferida provocada por uma certa opressão externa e, apesar de sua timidez natural e seus eventuais conflitos interiores, traça quadros que se rebelam, quadros repletos de acusações. Contra o lugar comum e contra as convenções sociais, o seu mundo interior busca outros territórios: assim os encontramos na respiração de sua pintura que se apossa de uma própria complexa linguagem.Nas obras "Personagem à Procura de Autor" e "Dor de Cidade", doadas ao Acervo Artístico do Palácio 9 de Julho, a conduta artística de David Monteiro mantém integral adesão à sua impostação, não sacrificando, entretanto, no campo polêmico, a própria natureza poética. O ArtistaPintor e restaurador, David Augusto Monteiro Neto nasceu em Ribeirão Preto no ano de 1977. Cursou Arquitetura e Urbanismo na FAU de Ribeirão Preto.Atuou como assistente de direção de arte em comerciais publicitários na produtora de filmes Chroma Filmes Ltda.Além de participar de exposições em galerias de arte e na própria faculdade, onde destaca-se: "Mostra de Arte da Juventude" - SESC Ribeirão Preto (2000 e 2001), está participando ativamente na restauração artística de réplicas das obras do Aleijadinho na Fundação Armando Álvares Penteado.