Da assessoria do deputado Emidio de SouzaApesar de ter completado 12 anos de vigência, em julho último, a Lei Federal nº 8.213, conhecida como Lei de Cotas, que estabelece que empresas com 100 ou mais funcionários reservem entre 2% e 5% de suas vagas para portadores de deficiência, não está sendo cumprida no Estado de São Paulo, por desconhecimento ou preconceito por parte dos empregadores, principalmente de empresas públicas.Essa foi a tônica do Ato Solene denominado Trabalho e Inclusão Social de Portadores de Deficiência no Estado de São Paulo, realizado na noite de quinta-feira, 18/9, no Auditório Franco Montoro da Assembléia Legislativa. O Ato foi organizado pelo primeiro-secretário da Casa, deputado Emidio de Souza (PT), com apoio do Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco e do Espaço da Cidadania, da mesma cidade.O delegado regional do Trabalho, Heiguiberto Guiba Della Bella Navarro, que participou do evento, disse que muitas empresas desconhecem a Lei de Cotas, enquanto outras argumentam que não contratam portadores de deficiência porque estes não teriam experiência, e, portanto, não estariam preparados para o mercado de trabalho. "De um lado, é demonstração de desconhecimento da lei; de outro, trata-se de preconceito, porque ninguém pode ser descartado do mercado por portar qualquer tipo de deficiência", afirmou.Heiguiberto Navarro esclareceu que a Delegacia Regional do Trabalho (DRT) está empenhada em garantir o direito de igualdade para portadores de deficiência no mercado de trabalho. Para tanto, acrescentou, a DRT paulista "chamou para conversar 600 empresários", o que resultou na abertura de mais de quatro mil vagas para essas pessoas.Pioneiros na luta Carlos Aparecido Clemente, representante do Sindicato dos Metalúrgicos e pioneiro na luta para incluir portadores de deficiência no mercado de trabalho, lamentou o "pouco caso que as empresas estatais paulistas fazem com o segmento". Ele disse ainda que essas empresas, além de não cumprir a Lei de Cotas, não enviaram nenhum representante ao Ato Solene, apesar de convidadas previamente.Na área da sub-Delegacia de Trabalho de Osasco, que abrange 16 municípios, o trabalho de Carlos Clemente fez com que, somente neste ano, saltassem de 86 para 296 as empresas que contratam portadores de deficiência. "Até o ano passado, o Ministério do Trabalho era omisso, pois se recusava a ir às empresas fiscalizá-las. Agora está aplicando a lei, tanto é que 16 empresas foram multadas", comentou Clemente.Uma das empresas que ultrapassaram a Lei de Cotas e está lucrando com isso é Indústria Corneta, do ramo metalúrgico, de Osasco. Segundo o gerente de Recursos Humanos, Isidoro Pereira Filho, a última iniciativa da empresa foi contratar cinco estagiários da Associação de Pais e Amigos de Excepcionais (APAE), para trabalhar no controle de qualidade. "É gratificante ver em seus semblantes que eles se adaptaram ao ambiente de trabalho e aos colegas, que os vêem não como excepcionais e sim como especiais", disse Isidoro Filho.O deputado Emidio de Souza lembrou, por sua vez, do trabalho pioneiro de Carlos Clemente. "Foi com sua luta que ficamos sabendo que muitas empresas não cumprem a lei nem se preocupam com a saúde do trabalhador", observou o parlamentar. Para ele, "no início do século XXI, é mais do que hora de discutirmos experiências bem-sucedidas de inclusão dessas pessoas no mercado de trabalho. Temos de apoiar as empresas que empregam portadores de deficiência", acrescentou.Também fizeram uso da palavra no Ato Solene o deputado Rafael Silva (PSB), portador de deficiência visual, o diretor executivo da Fundacentro, Antônio Roberto Lambertucci, o diretor de Serviços do Centro Regional da Capital da Secretaria do Emprego e Relações do Trabalho do Estado, Antônio Carlos Salinas, o assessor político-parlamentar da Fiesp, Flávio Loureiro, e o presidente do Conselho Estadual para Assuntos da Pessoa Portadora de Deficiência, José Oliveira Justino.A estudante Giovanna Maira Rosa, 16 anos, do 3º ano do ensino médio da Fundação Instituto Tecnológico de Osasco (FITO), abriu o Ato Solene cantando o Hino Nacional e encerrou o evento com música erudita. Ela é deficiente visual, estuda música e pretende ser cantora profissional.emidio@al.sp.gov.brLegenda da foto: da esquerda para a direita, Isidoro Pereira Filho, José Oliveira Justino, Antônio Roberto Lambertucci, Heiguiberto Giba Navarro, deputado Emidio de Souza, Antônio Carlos Salinas, Flávio Loureiro e Carlos Clemente