Hortolândia: de pirão de farinha de mandioca a pólo tecnológico

Antigos moradores dizem que letra "H" no nome teria sido um erro de escrita
15/09/2008 16:58

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Igraja Nossa Senhora Aparecida, Jardim Rosolen<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/09-2008/HORTOLANDIAIgraja Nossa Senhora Aparecida, Jardim Rosolen.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Vista como terra de oportunidades, Hortolândia é uma cidade do Estado de São Paulo que reúne grandes empresas multinacionais. Consolidada como pólo químico-farmacológico, o município está em vias de se afirmar como um pólo tecnológico, concentrando empresas de grande porte do setor.

Hortolândia está localizada a 115 quilômetros de São Paulo e a 24 quilômetros de Campinas. Pertence ao grupo de cidades (19 ao todo) que integram a Região Metropolitana de Campinas. Sua evolução econômica foi influenciada pela proximidade das rodovias Anhanguëra e Bandeirantes, bem como do Aeroporto Internacional de Viracopos.

Estão instaladas na cidade 231 indústrias, 704 empresas, 2.538 estabelecimentos comerciais, duas universidades e 5.337 prestadores de serviços. Lá estão a sede da multinacional IBM, instalada desde 1972 no condomínio industrial Tech Town, que abriga outros empreendimentos de grande porte; a Down Corning do Brasil, líder na fabricação de silicone; a Belgo Mineira; a Magnetti Marelli; a GKN, a BS Continental; e o grupo EMS-Sigma Pharma, referência na produção de medicamentos genéricos.



Crescimento relâmpago



Hortolândia já foi uma área pertencente ao município de Campinas. Em 1955, ainda mantinha seu nome original, Jacuba, e acabou sendo desmembrado junto com Sumaré, tornando-se parte desta cidade e alterando seu nome para Hortolândia.

O crescimento relâmpago do então distrito de Sumaré fez com que deixasse de ser mero figurante no cenário regional e passasse a ocupar um lugar de destaque. Em 19 de maio de 1991, 19.081 mil eleitores votaram "sim" no plebiscito que decidiu pela sua emancipação político-administrativa.

Dados não oficiais indicam que o município já ultrapassa a marca dos 200 mil habitantes, o que demonstra um crescimento extraordinariamente rápido, levando-se em conta que na década de 70 eram apenas 4.635 habitantes.



Antiga Jacuba



No século XVIII e começo do século XIX, a região incluía as sesmarias de Joaquim José Teixeira Nogueira, um dono de engenho de cana-de-açúcar. Durante o período da abolição, 1888, o neto de Nogueira, Francisco Teixeira Nogueira Junior, repartiu uma área da terra entre seus antigos escravos. A doação verbal não foi levada a registro e a área passou a pertencer a um médico americano conhecido com doutor Jonas.

O local era ponto de parada para tropeiros, colonos e escravos que costumavam descansar onde hoje é o bairro Taquara Branca, à beira de um riacho. Ali, os viajantes preparavam um pirão feito de farinha de mandioca, cachaça, açúcar e mel, o Jacuba, que acabou batizando o vilarejo.

Com a inauguração da estação ferroviária de Campinas, em 1872, os trens passavam pelo povoado sem parada. Somente 45 anos depois, instalou-se um ponto na região, a Estação Jacuba. O prédio do velho posto do Telégrafo acabou sendo adaptado para estação. Em 1991, a estação foi desativada, e em 1996 servia apenas como alternativa de comunicação quando havia algum problema em Boa Vista.

A característica urbana começou em agosto de 1947, quando a prefeitura de Campinas autorizou o primeiro loteamento, o Parque Ortolândia, empreendimento de João Ortolan. Foi ele, também, o proprietário da Cerâmica Ortolan, hoje Cerâmica Sumaré, a primeira fábrica instalada em Jacuba. Outro empreendimento importante para a consolidação urbana da região foi o Colégio Adventista.

Até então, o vilarejo integrava a área do distrito de Sumaré, pertencente a Campinas. Foi em 1953, por meio da Lei Estadual 2.456, que Sumaré recebeu status de município e Jacuba adquiriu o título de Distrito de Paz.

A mudança do nome do distrito ocorreu no ano seguinte, 1958, em virtude do nome Jacuba já batizar um distrito da região de Arealva. Um projeto de lei, do então deputado Leôncio Ferraz Júnior, batizou a antiga Jacuba como Hortolândia, uma homenagem a João Ortolan. A letra "H" teria sido um erro de escrita, segundo contam antigos moradores.



Desenvolvimento cultural



A cidade possui atualmente duas instituições de ensino superior: Faculdades Hoyler e o Instituto Adventista São Paulo (Iasp), que é o terceiro campus do Unasp (Centro Universitário Adventista de São Paulo). O Iasp possui todos os níveis de educação, desde a educação infantil até cursos de pós-graduação. Há um projeto em andamento para que a cidade receba uma unidade da Los Angeles University, que anunciou seu interesse por Hortolândia.

A música instrumental e popular estão entre as principais manifestações culturais do município. A cidade mantém três pontos de cultura, que desenvolvem projetos de música instrumental, violão popular, teatro, vídeo e musicalização infantil. Gêneros como o hip-hop, catira, roda de viola, artesanato e samba de roda marcam a produção cultural local. A cidade tem uma grande representatividade na cultura afrodescendente, tendo como principais nomes as Mães Dango e Eleonora.

alesp