Emanuel von Lauenstein MassaraniCoerente sob um perfil filológico, a obra pictórica de Lygia Coelho é uma garantia de firme inteligência e de honestidade artística. Proveniente de excelente formação, oferece-nos um realismo encorpado, um barroquismo atualizado (isto, sem nenhuma conotação negativa) e uma religiosidade às vezes introvertida, outras explosiva, que é, dependendo das circunstâncias, mística como sua sensualidade. Esses termos, aparentemente controvertidos se conciliam na coerência de sua linguagem.A artista deseja ser ela própria, mesmo nas suas aparentes mas mordazes contradições. Como é notório, a linguagem da pintura é o desenho e a cor, ao pacto que ambos sejam sempre inventados, redescobertos ou renegados e, em certo momento, levados em séria consideração. Sua pesquisa se propõe em fixar, com efusão cromática, a imagem abstrata, ainda em formação no pensamento e na visão. Lygia Coelho manifesta sua introversão mediante figuras vaporosas ou em devaneio, que assinalam um estilo altamente qualificado e ao mesmo tempo contemporâneo.Demonstrando saber o que quer - e sua mão guia o pincel para preencher a alma de expressiva serenidade -, a artista passa de uma cor para outra, onde sua fantasia é capaz de enriquecer a obra de tantos adereços, até mesmo de tornar uma mesma figura uma cena dupla ou plural, independente da superfície que explora ou da posição dessa com referência à cena.Uma pesquisa de luz, conduzida até as mais rarefeitas transparências, serve para assinalar os contornos das figuras, conferindo-lhes força e plasticidade juntamente com delicadeza e harmonia, pois a luz é exatamente a forma onde a harmonia e a força se condensam numa unidade indissolúvel.Rica de cores, sua pintura é ao mesmo tempo sutil e substanciosa, sem deixar de incluir uma fascinante e suave transparência.Nos limites entre barroco e realismo, a obra "Deusa Flora", doada ao Acervo Artístico do Parlamento paulista, encontra os resultados mais autênticos na vivacidade e felicidade da cor, juntamente com um traço marcado e intenso de seu perfeito grafismo. A ArtistaLigia Coelho nasceu em Campinas, em 1954. Formou-se em Arquitetura de Edificações pela FATEC de São Paulo. Foi aluna de pintura do Professor Rodrigues Coelho, em cujo atelier passou, mais tarde, a lecionar.Participou de diversas exposições coletivas e individuais, destacando-se entre elas: XXIII Salão de Arte de São Bernardo, SP; Salão Oficial de Itaipu, Santos, SP; I e II Salão dos Novos, da Academia Paulista de Belas Artes, SP; I Salão Nacional de Artes Plásticas "Pablo Picasso", SP; I Salão de Artes Plásticas "Eduardo Gomes", SP; IV Semana Artística e Cultural de Itatiba, SP; I Salão "Lions" de Artes Plásticas; VII Salão Arquidiocesano de Belas Artes Conjunta de IV Artistas na União Cultural Brasil / Estados Unidos, SP; Salão do Ano do Atelier Rodrigues Coelho (diversos anos), SP; Festival de Inverno de Campos de Jordão, SP; VIII Salão Cultural dos Imigrantes, Bienal de São Paulo; nas galerias Rubayat, Tabacow, Portal, Lannody e Citroën, além dos Espaços Culturais do Esporte Clube Pinheiros e do Jockey Club de São Paulo.Recebeu inúmeras premiações, menções honrosas, medalha de prata e de bronze em diversos Salões Oficiais no Brasil e medalha de prata no "Salon International D'arts Plastiques de Saint Raphael", na França.Suas obras encontram-se em coleções particulares no Brasil, Itália, Japão e China e no Acervo Artístico da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo.