As travessias administradas pela empresa Desenvolvimento Rodoviário S.A. (Dersa) poderão entrar em colapso com a retirada de circulação de barcas e balsas que apresentarem qualquer tipo de irregularidade após 13/5. A disposição de agir com o máximo rigor foi anunciada pelo capitão-de-mar-e-guerra Marcos Nunes de Miranda, comandante da Capitania dos Portos, durante reunião com a deputada Maria Lúcia Prandi (PT), na tarde desta segunda-feira, 27/3.

O encontro foi solicitado pela parlamentar, que há anos luta por melhorias nas travessias litorâneas. Também participaram o presidente do Sindicato dos Marinheiros, Alcides de Souza, e o presidente interino do Sindicato dos Condutores da Marinha Mercante do Estado, Reginaldo Alves dos Santos. O comandante Miranda estava acompanhado do subcomandante, capitão-de-fragata Helder Luiz Puia, e do chefe do Departamento de Tráfego Aquaviário, Álvaro Adrião Cassese Cunha.

"Estou tão ou mais preocupado", admitiu o capitão dos Portos, reafirmando que 13/5 é o prazo fatídico para a Dersa sanar as irregularidades em todas as travessias do Estado. "Está impraticável. Vou tirar de tráfego, nem que todas as travessias sejam paralisadas. Minha função é preservar a segurança", declarou.

O comandante Miranda afirmou que duas embarcações foram retiradas de circulação recentemente: a balsa FB-23, que opera na travessia entre Santos e Guarujá, e a barca Cubatão, que colidiu com uma catraia em 16/3, no momento em que manobrava para atracar no terminal de Vicente de Carvalho. Submetida a imediata vistoria, determinada pela Capitania dos Portos, a embarcação apresentou 20 itens irregulares, entre eles falta de fonte de energia elétrica de emergência independente da fonte principal, ausência de sistema de iluminação de emergência e número insuficiente de coletes salva-vidas.

Rigidez

"Depois de várias reuniões, a Dersa não tomou nenhuma medida emblemática. Estou apertando a fiscalização", acrescentou o comandante Miranda. O encontro mais recente ocorreu na última quinta-feira, 23/3, quando a Dersa recebeu o ultimato. "É o prazo para a Dersa sanar todas as deficiências. E não vou parar de fazer inspeções até esse dia", frisou. Na terça-feira, 28/3, a lancha Piaçagüera será submetida a vistoria. A determinação foi dada durante a audiência, após denúncia apresentada pelo presidente do Sindicato dos Marinheiros, Alcides de Souza.

Segundo Souza, a lancha Piaçagüera apresenta vazamento no eixo e falta de vigia na casa de comando. Na mesma embarcação, de acordo com o líder sindical, está quebrado o pistão da rampa de acesso dos passageiros.

Para a deputada Maria Lúcia Prandi, o encontro foi bastante positivo. "É importante saber que a Capitania dos Portos está cumprindo o seu papel. Milhares de pessoas utilizam as travessias diariamente e não podem ser submetidas a riscos", frisou. Durante a audiência, a parlamentar entregou ao capitão Miranda, que tomou posse no cargo há pouco mais de um mês, um dossiê que evidencia a situação crítica das travessias. O documento reúne mais de 20 reportagens sobre problemas registrados nos últimos cinco anos.

No recente acidente com a barca Cubatão, há a suspeita de que um vazamento no sistema hidráulico do leme tenha contribuído para que o choque com a catraia se tornasse inevitável. Dezenas de passageiros estavam a bordo da lancha, mas não houve feridos. A catraia estava vazia.

Na última quinta-feira, a travessia de pedestres entre Santos e Vicente de Carvalho viveu um dia de caos, com três barcas fora de circulação " Adhemar de Barros, Paecará e Cubatão ", por avarias mecânicas. No mesmo dia, pela manhã, duas balsas quebraram e houve formação de grandes vilas de veículos em Guarujá e Santos. Neste município, a fila se estendia por 2 quilômetros.

"Vamos continuar acompanhando e denunciando. Lamentavelmente, o Governo do Estado negligencia a segurança. Faltam investimentos e embarcações mais seguras, rápidas e confortáveis. Desde 2002, acompanho de perto e denuncio os problemas. É importante saber que o capitão dos Portos está disposto a levar o caso até as últimas conseqüências", arremata a deputada Prandi.

mlprandi@al.sp.gov.br