Opinião - Pacto de sangue sim, voto de pobreza não!


12/04/2010 17:16

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A profissão de policial exige do cidadão um comprometimento quase sacerdotal em relação a sua conduta ao ingressar na carreira. Faz um juramento de até morrer, se for preciso, em defesa da sociedade. Um verdadeiro pacto de sangue e que inúmeras vezes é amparado com a morte do policial.

Qual profissão necessita, hoje, ter cemitério próprio? Só a de policial! Aliás, o "Mausoléu de Heróis" está cada vez mais cheio.

Lembro-me do orgulho que senti no dia em que fiz meu juramento. Hoje, já na reserva, ainda tenho a certeza que sou capaz de cumprir a qualquer instante em que um cidadão estiver em perigo. Mas teriam meus colegas de profissão feito mais um voto que eu não fiz: O de pobreza?

Sinceramente não me lembro de nenhuma circunstância na qual me exigiram tal voto e, que eu saiba, a nenhum policial civil ou militar jamais foi exigido tal sacrifício. Nem todos os padres fazem voto de pobreza. Padres seculares, isto é, padres que assistem em paróquias, nas dioceses, e que têm por superior o seu bispo local, não têm obrigação de fazer esse voto. O sentido de voto de pobreza, seguindo as cartas de Paulo, é a liberdade do desapego aos bens materiais, valorizando os bens espirituais.

Na Idade Média, principalmente pelo testemunho de São Francisco de Assis, o testemunho da pobreza passou a ser encarado com exercícios de mendicância. A prática de voto de pobreza, na vida religiosa, os que fizeram o voto prometem não ter bem associados ao nome.

O governo de São Paulo quer que todo policial faça seu testemunho profético relacionado com esse voto a semelhança do pobrezinho de Assis. Salário de fome, humilhação, desconsideração e mendicância: nem São Francisco suportaria o que o governo faz com seus policiais.



*Olimpio Gomes é deputado estadual pelo PDT

alesp