Às 9h da manhã, depois de uma intensa caçada de 20 horas, Climério de Almeida foi preso após uma busca que envolveu mais de 200 oficiais, soldados de várias corporações militares e voluntários que trabalharam na captura. Localizado num bananal em Tinguá, ao norte do Rio, estava esfomeado e sonolento. O cerco ao local, iniciado às 4h da madrugada, foi feito por 25 oficiais e 50 praças sob o comando do coronel aviador Délio Jardim de Mattos (ministro da Aeronáutica do governo João Figueiredo), que o prendeu. Pela primeira vez, um helicóptero foi empregado em perseguição a um criminoso no Brasil. A polícia utilizou também 16 cães para rastrear o fugitivo, metralhadoras e até pára-quedas luminosos. Em um automóvel, o prisioneiro foi transportado diretamente para o Rio de Janeiro e recolhido, em rigorosa incomunicabilidade, na Base Aérea do Galeão, tendo sido reforçado o patrulhamento na unidade militar.Em Tinguá, também foram presos como cúmplices, por terem dado guarida e auxiliado na fuga de um criminoso, Ademar Daniel Pereira, Honorina de Jesus e o tal Oscar. Todos foram levados para o Galeão e colocados incomunicáveis pelas autoridades.Pressões pela renúnciaO tesoureiro da Companhia Siderúrgica Nacional, Márcio Alves, segundo a oposição, foi a Minas Gerais, como enviado de Getulio Vargas, para articular a instauração do estado de sítio no país e pedir o devido apoio do governador Juscelino Kubitschek. Opositores do governo formularam outras denúncias, entre elas, a de que o governo ameaçou intervir no sindicato que não ficasse a seu lado e de que estavam censurados os telefones dos jornais oposicionistas, de vários deputados da UDN e do coronel João Adil de Oliveira, responsável pelo IPM.O deputado federal e ex-presidente da República Arthur Bernardes, em entrevista, afirmou: "Embora a renuncia só dependa de sua vontade, o sr. Getulio Vargas deve reconhecer que já não governa. Perdeu a autoridade e, sem o pleno domínio do poder que representa, o caminho é abandonar o governo. O simples fato de as Forças Armadas tomarem a seu cargo diligencias e prisões que, normalmente, são da alçada da Polícia e, portanto, da responsabilidade do governo, caracteriza a tibieza do presidente, que encarna o Executivo, e o país não deve ficar desgovernado. O sr. Getulio Vargas deve renunciar. Não tem mais força moral para ficar no governo".O senador do Partido Libertador da Bahia, Aloísio de Carvalho Filho, na tribuna do Senado Federal, proferiu um longo discurso em que analisou a atuação do ministro da Justiça e da polícia nos acontecimentos decorrentes do crime da rua Tonelero, protestou contra a prisão do tenente-coronel Faria de Albuquerque em seu Estado e em comício "demonstrou a conveniência política da renúncia do sr. Getulio Vargas, única solução realmente democrática para a crise que se abatia sobre o país". O jornal norte americano The New York Times publicou um artigo analisando a situação no Brasil, no qual afirmava-se o seguinte: "Se a única resposta às críticas do sr. Lacerda são as balas do assassino, as coisas chegaram a uma situação lamentável sob o governo de Vargas". E encerrou dizendo: "É lamentável para todos os seus amigos contemplar sua instabilidade atual, mas não há nada que um governo firme e ilustrado não possa curar em curto espaço de tempo".Em depoimento às autoridades na Base Aérea do Galeão, João Valente confessou a responsabilidade direta do chefe da guarda pessoal, Gregório Fortunato, no atentado da rua Tonelero, e que, após ter tido conhecimento pelo general Caiado de Castro que o motorista Nelson Raimundo havia denunciado Climério, mandou que ele apanhasse Cr$ 50 mil e desse fuga a José Antonio Soares, outro envolvido no crime. O diretor da Polícia Técnica, Silvio Terra, recebeu às 13:30 hs, na sede de sua divisão, das mãos do delegado Jorge Pastor do 2º Distrito Policial, o inquérito sobre o atentado contra o jornalista Carlos Lacerda. Estavam presentes o promotor João Baptista Cordeiro Guerra e o coronel-aviador Jair de Barros Vasconcellos. Terra declarou, ao término da reunião, que a fase inicial de sua atuação no inquérito se reduziria à nova inquirição dos indiciados até então detidos e recolhidos à Base do Galeão.O ministro da Fazenda, Osvaldo Aranha, através da instrução nº 99, modificou a política cambial. O deputado mineiro Tristão da Cunha afirmou que: "Essa instrução do sr. Osvaldo Aranha não pode produzir nada, enquanto não se acabar com a licença prévia que está asfixiando o país". Em Nova York, a queda do café, então o nosso maior produto de exportação, era de 200 pontos ao dia, em conseqüência das medidas tomadas no Brasil.