Museu de Arte do Parlamento de São Paulo

Hajime Higaki canta com as cores a poesia e o lirismo da natureza brasileira
06/11/2008 12:43

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Sítio em Guarulhos<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/11-2008/Sitioguarulhos.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Casa em Demolição <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/11-2008/HajimeHigake Demolicao.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Hagime Higake<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/11-2008/HajimeHigake.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Morro de Santos <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/11-2008/HajimeHigake Morrosantos.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

As paisagens de Hajime Higaki são seqüências de vida que aparecem lentamente do fundo de um cenário sem a marca do tempo, descoberto na sua exuberância e nos seus "abandonos" improvisos. Essa paisagem constitui o espaço poético e o espaço fantástico do artista.

Não por acaso a pesquisa expressiva de Higaki se articulou ao longo de um itinerário conseqüente, da paisagem à figura e vice-versa: daí uma viagem sentimental à descoberta do "personagem" verdadeiro que age no interior dos locais fixados pelo artista e se realiza numa conjugação de alusões gráfico-luminísticas, num clima de suspense e de magias, de surpresas e de melancolias, de encantos e de expectativas.

A paisagem "figurativa" desse artista, sempre coerente com a atmosfera cromática que sustenta o quadro, não conhece academia, tradição ou modelos, em que pese ter tido uma sólida formação em sua terra natal e, posteriormente, no Brasil. Sem afastar a matriz atávica, Higaki viveu de autônoma interpretação, simplesmente apaixonado pela natureza brasileira.

No arco mágico de uma construção sugerida pela natureza, o pintor intervém com a fantasia criativa e seguindo uma matriz cultural que canta a alma rude, por meio da forma e da cor, constrói aquelas suas rimas pictóricas capazes de transmitir ao observador, ao completo, a harmonia e a poesia da natureza.

Na sucessão ininterrupta de imagens e de mutáveis estados de alma, as figuras e as naturezas-mortas adquirem, de variação em variação, uma vitalidade e uma "pureza" dignas de nota, rendendo conseqüentemente mais perceptíveis e verdadeiras as pegadas de uma genuína e sofrida presença humana naquela paisagem.

Pintor por preparação e por temperamento, por vocação e por intuito, Higaki é o poeta da natureza, das coisas bonitas, das coisas verdadeiras. É o poeta que canta com as cores.

As enquadraturas das obras Casa em Demolição (1960), Morro de Santos (1950) e Sítio em Guarulhos (1994), doadas ao Museu de Arte do Parlamento de São Paulo, por sua filha Shizue Higaki Arai, são simples, mas revelam um gosto intuitivo que contribui, juntamente com a cor límpida e bem entoada de seus quadros, para uma profunda realidade poética.



O artista



Hajime Higaki nasceu em Ehime, Imabari, Japão, no ano de 1908, e faleceu em São Paulo aos 90 anos de idade (1999). Estudou com os artistas Iori Saito e Takeji Fukushima na sua cidade natal (1925) e na Academia Kawabata, em Tóquio (1926/1927).

Chegou ao Brasil em 1929, fixando residência numa fazenda de café em Cravinhos, no noroeste paulista. Em 1934 passou a estudar com o professor Paulo Vergueiro Lopes Leão em São Paulo e, no ano seguinte, começou a freqüentar a Escola de Belas Artes de São Paulo. Participou da fundação do Grupo Seibi de Artes Plásticas, juntamente com outros imigrantes japoneses, os pintores Tomoo Handa, Yuji Tamaki, Yoshiya Takaoka, entre outros.

Sua primeira exposição foi no ano de 1928, na sede da Associação Cristã de Moços de Ehime, no Japão. A partir de 1938 participou de inúmeras exposições individuais e coletivas, tanto no Brasil quanto no Exterior, destacando-se, entre elas: Salão Paulista de Belas Artes (1938, 1940, 1949 e 1960); Salão Nacional de Belas Artes, RJ (1948, 1949); 1ª Bienal Internacional de São Paulo, Museu de Arte Moderna (1951); Grupo Guanabara (1950, 1951, 1992 ); Salão Seibi (1952 até 1970); Grupo Seibi (1976, 1998); do 8º ao 28º Salão Bunkyo; A Arte na História da Imigração Japonesa - Masp, São Paulo (1986 e 1988); Japanese Roots, Nova York (1987); Kaitakusha Pioneiros da Arte Nipo-Brasileira, São Paulo (1988); Nikkey Jin Gaga Ten, Tóquio, Japão (1989); Eram Brasileiros os que Ficaram, Pinacoteca do Estado (1994); Centenário da Amizade Brasil-Japão, Museu de Arte de Curitiba (1996); Retrospectiva Comemorativa do 88º Aniversário Natalício, na Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa (1997); Visão dos Nipo-Brasileiros, Museu Lasar Segall (1998).

Recebeu inúmeros prêmios e condecorações e sobre ele escreveram Pietro Maria Bardi, Alberto Beuttenmuller, Teodoro Braga, Maria Cecília França Lourenço, Jos Luyten, Otávio Gomes de Oliveira, Daisy Piccinini e Walter Zanini.

Suas obras encontram-se em coleções particulares e oficiais no Japão, no Brasil e no Museu de Arte do Parlamento de São Paulo.

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