Parque Estadual das Fontes do Ipiranga é polo de áreas verdes na metrópole


18/01/2011 19:00

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CienTec<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/01-2011/CienTec1.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Área verde que abrange o Parque Estadual<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/01-2011/ParqueEstadualareaverde33.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

A cidade de São Paulo é a maior metrópole do Brasil e uma das maiores do mundo, nela vivem mais de 10 milhões de habitantes, segundo pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em agosto de 2010. Sua extensão territorial é de 248.209,426 Km2. Ao olhar a selva de pedras em que a cidade se tornou, poucos imaginam como seria essa área antes da década de 1920, quando a industrialização se intensificou, e São Paulo começou a se transformar no polo industrial e econômico dos dias de hoje.

Entretanto, existe verde em meio ao caos. Uma imensa área de mata atlântica está preservada desde a década de 1930 e funciona como verdadeiro filtro de ar na megalópole. Trata-se do Parque Estadual das Fontes do Ipiranga, mais conhecido como Parque do Estado ou Parque do Ipiranga, considerado o maior fragmento urbano de mata atlântica na capital, com aproximadamente 540 hectares de extensão vegetal completamente virgem. Esta grande área engloba quatro instituições: Jardim Botânico, Zoológico, Zôo Safári e o Parque de Ciência e Tecnologia da USP.

Fundado em 1928, o Jardim Botânico de São Paulo é uma das instituições que contribuem para a conservação do parque. Apesar de ser pouco conhecido pelos paulistanos, o local já foi frequentado por ilustres como o príncipe Philips, da Inglaterra, o presidente da China, Hu Jintão, e, recentemente, pelo primeiro ministro inglês Tony Blair, todos atraídos por sua relevância e beleza.

O Zoológico é outra opção para o visitante que quer aproveitar um dia na natureza. Ele é cortado pelo riacho do Ipiranga, importante curso d´água, não apenas por sua relevância histórica - afinal, foi às suas margens que D. Pedro I proclamou a Independência do Brasil -, mas também ecológica, haja vista que, até a década de 1930, abastecia parte da cidade. Esses fatores levaram a uma legislação específica que não permite a degradação ou urbanização da área.

"Em São Paulo, as pessoas não têm o hábito de visitar o Zoológico", comentou a bióloga Carolina Campos, que trabalha na instituição. "É uma questão cultural mesmo. Quando as pessoas vêm, estão mais em busca mais de lazer do que de conhecimento. Mas com placas, brincadeiras e projetos a gente passa alguma informação".

O Zoológico também atua de forma indireta na educação ambiental, por meio de parcerias com a Secretaria Estadual de Educação, que ministra aulas de educação ambiental e realiza visitas monitoradas ao local, onde é possível também se fazer uma trilha de fácil acesso, bem no meio da mata atlântica.

A poucos metros de distância do Zoológico localiza-se o Zôo Safari, antigo Simba Safari, espaço em que os visitantes mantêm contato direto com os animais, soltos na área. Isso torna o local importante no trabalho de conscientização popular no que diz respeito à luta pela preservação. Afinal, se a sociedade não pensa na questão da qualidade do ar, todos se comovem e percebem a diferença de um animal solto, livre, caminhando em seu habitat natural.



Jardim Botânico de São Paulo



O Jardim Botânico de São Paulo é o único do Brasil classificado com "A" pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente, ao cumprir uma série de metas e requisitos, como pesquisa cientifica, catalogalização e mapeamento de várias espécies, evitando assim o possível risco de extinção.

Segundo Luiz Barbosa, diretor do centro de pesquisas do Jardim Botânico, são realizados no local dois princípios para preservação do meio ambiente: a conservação in sito, que consiste na preservação das espécies no ambiente onde elas se encontram, e a ex sito, que se dá fora do habitat natural.

Foi o que ocorreu na construção do Rodoanel, com o resgate de cerca de 7 mil espécies de plantas, dentre elas bromélias e orquídeas, e inclusive uma espécie considerada extinta, a bromélia Adelante. As demais espécies foram replantadas no entorno da rodovia, em seu próprio ambiente natural.

Atualmente o Jardim Botânico oferece aos seus visitantes uma novidade, a trilha das nascentes. "Esta trilha possui uma conotação histórica e de preservação, com acessibilidade para cadeirante. O visitante pode caminhar pela mata atlântica com o conforto de quem anda na cidade, e assim conhecer de perto a vegetação in sito, é desta forma que se aprende a ter consciência de preservação." afirma Barbosa.



Zôo Safári



Quando inaugurado, o atual Zôo Safári era uma extensão do Zoológico, mas, desde 2001, ele é gerido de forma independente.

São 4 quilômetros de trilha realizada em automóveis e com guias. Os visitantes podem acompanhar, assim, a vida animal de perto, além de receberem diversas instruções sobre cada um dos 380 animais de 42 espécies diferentes que ali vivem. "Nosso grande objetivo é educacional e não simplesmente de entreter as pessoas", comenta o diretor do local, Mario Borges. Segundo ele, frequentemente, novos animais são vistos andando na área, sinal de que o trabalho de preservação está sendo muito bem feito. "A oportunidade que temos aqui é única, e muitos animais só podem ser vistos aqui. No Zoológico, os animais estão presos e os homens soltos. Aqui é o contrario", brinca.

Borges acredita que o Zôo Safári de São Paulo é o mais importante da América do Sul e, por isso, os biólogos tentam passar esse valor para a sociedade. "Tentamos mostrar isso para as pessoas e, acima de tudo, ensinar e conscientizar todos. Depois que saem daqui, principalmente as crianças, mudam a maneira de pensar, até a respeito dos animais domésticos. Eles saem daqui com a percepção de que a mata é a verdadeira casa do animal". De acordo com o diretor, "a mata cresceu com o homem e o homem cresceu na mata. Se ela acabar, acaba tudo!"



Parque CienTec



O CienTec é o Departamento de Ciência e Tecnologia da USP. Localizado no interior do Parque Estadual Nações do Ipiranga, neste local é possível aproveitar o meio ambiente e usufruir ainda de suas atividades acadêmicas.

Para isso, o visitante é convidado a realizar passeios educativos, e aprende com as diversas atrações oferecidas. Uma delas, a Nave Mario Schenberg, oferece uma experiência tridimensional do interior de uma nave espacial.

Também em 3D, a Gruta Digital cria um espaço com projeção estereoscópica, ou seja, duas imagens projetadas, que simulam o princípio da visão tridimensional. Com o uso de óculos especiais e som estéreo, o resultado é uma sensação de total imersão no espaço.

Em meio à natureza, o observatório e planetário da instituição representam um espetáculo à parte. Além da observação, são realizados bate-papos sobre temas astronômicos, como a origem do universo, sistema solar, estrelas e constelações, com especialistas da área.

As visitações acontecem de terças a sextas-feiras e funcionam com pré-agendamento. De acordo com Paulo Bernadelli, subdiretor do CienTec, atualmente, 90% das visitas recebidas são formadas por grupos escolares.

Apesar de todos os problemas que existem para a preservação de uma área no coração de uma cidade como São Paulo, Bernadelli acredita que a situação está mudando, principalmente na cabeça da sociedade que vive próxima ao complexo. "Os órgãos de controle aqui são muito radicais, e isso, por bem ou por mal, faz com que as pessoas fiquem mais atentas. Até para derrubar uma árvore infestada de cupins é uma burocracia sem tamanho e leva tempo", comenta. O subdiretor do CienTec ainda revela que, ao retirar uma árvore, é preciso que o responsável pague o custo de mais 10 plantadas.

alesp