As alusões subjetivas sobre acontecimentos contemporâneos dão às obras de Valdo Costa um poder de convicção irrecusável: visões de guerra, sátira social, medos, decadência e morte. O tema permanece presente ao longo da elaboração da obra, cuja trama complexa compõe uma verdadeira e ampla narração onde as etapas se imprimem, uma após outra, sobre a tela. O primeiro extrato é próximo do conceitual, onde o artista, numa sucessão de operações, recobre progressivamente a matéria policrômica através de pinceladas e espatuladas fortes e expressivas. A obra de Valdo Costa não retrata tão-somente as aparências de uma realidade visível, ela se abre também sobre visões de uma alma dilacerada pela rudeza da existência. Filtradas por seu olhar, as imagens que a humanidade ali projeta reaparecem despojadas de sua coerência e quase convulsionadas por sua angústia. Esse processo introspectivo não desmistifica somente os motivos tradicionais da imagem mas revela o desespero do homem ocidental. O quadro de Valdo Costa é dominado por minúsculas figuras negras estilizadas e sobrepostas. São desenhos que fazem surgir, até mesmo nos mínimos recantos da tela, os fantasmas que pululam em seu espírito. Sua mão restitui a imagem com a espontaneidade dos desenhos infantis torcidos ou obsessivos, próprios dos "graffiti", com a força deformadora dos expressionistas, com a inventividade dos surrealistas mais imaginativos, enfim, com a genialidade dos longínquos artistas que ornamentaram as cavernas pré-históricas. A obra "Os Meninos", doada ao Museu de Arte do Parlamento de São Paulo, foi elaborada segundo o processo contínuo de cobertura da massa. O visível e o lisível constituem, na obra de Valdo Costa, uma memória urbano-rupestre do 3º Milênio, enquanto a superfície do quadro, impregnada pelo amálgama cromático de suas camadas, cria um clima de envolvente mistério. O artista Valdo Costa, pseudônimo artístico de Valdo Fernando Costa, nasceu em 1968, em Três Lagoas (MS). Artista plástico, poeta e músico, cursou pós-graduação e especialização em língua portuguesa na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Começou sua vida artística em 1988, quando participou da gravação do Programa "A Cidade Faz o Show", da TV Cultura, pintando telas ao vivo e concedendo entrevistas. Organizou a Associação dos Artistas Plásticos de Ilha Solteira. Participou de um seminário sobre "História da Arte" organizado pelo Sesc de Birigüi e de um curso sobre "História da Arte do Brasil" realizado pela Secretaria de Cultura de Ilha Solteira (2000). Participou de diversas exposições, destacando-se entre elas: "Pintura Impressionista", no Centro Cultural SEIS, de Ilha Solteira, Salão de Artes de Presidente Prudente e Unesp de Ilha Solteira (1988); 16º Salão de Artes Modernas de Aracaju e Galeria Acaiaca, de Curitiba (1989); Casa da Cultura de Ilha Solteira e 1º Encontro de Grupos Musicais de Ilha Solteira (1990); Expoart em Araçatuba (1991); Salão Interestadual de Artes Contemporânea e Casa da Cultura de Ilha Solteira (1992); Centro Cultural da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, juntamente com o artista Edson Teiji Hirae, e Agência do Banco do Brasil em Ilha Solteira (1994); "10 anos de Artes Plásticas", na Casa da Cultura de Ilha Solteira, e Mapa Cultural Paulista (1998). Possui obras em diversas coleções particulares de São Paulo, Mato Grosso e Paraná e no Museu de Arte do Parlamento de São Paulo.